CAPÍTULO- 05 O Professor e a Aluna!

Na manhã seguinte, Laura acordou disposta, porém pensativa.

— Como farei para ir até a biblioteca? Hoje é sábado, dia de faxina. Como explicarei para minha mãe que preciso sair? Minhas irmãs podem tudo, enquanto eu tenho que deixar a casa limpa antes das quatro da tarde. Como farei isso sozinha? Minhas irmãs não me ajudam, e mamãe só lava a roupa; o resto fica por minha conta até o almoço. Ela soltou um suspiro e olhou para o teto. Já sabia que reclamar não adiantaria. Sua mãe sempre dizia que ela era a mais velha e, por isso, precisava dar o exemplo. Mas por que o exemplo sempre significava mais trabalho e menos liberdade?

— Já sei! Vou pedir ajuda da Nanda! — murmurou para si mesma. Laura se levantou da cama, determinada a encontrar uma solução. Após se arrumar, desceu para a cozinha, onde encontrou sua mãe preparando o café da manhã.

— Bom dia, mãe! — disse Laura, tentando soar casual.

— Hoje vou à biblioteca estudar um pouco. A mãe a olhou, um pouco surpresa.

— Biblioteca? No sábado? E quem vai cuidar da faxina? Laura hesitou, mas decidiu ser honesta.

— Eu vou fazer a faxina antes de ir, mas preciso de um tempo para estudar. Posso fazer tudo antes do almoço, se Nanda me ajudar um pouco. A mãe a olhou, percebendo a determinação da filha.

 — Tudo bem. Mas você sabe que precisa fazer sua parte. Se conseguir terminar antes do almoço, pode ir. Laura assentiu, aliviada.

— Obrigada, mãe! Vou me apressar! Depois do café, Laura foi até o quarto de suas irmãs e as encontrou conversando e rindo.

— Ei, Nanda! — chamou Laura.

— Você pode me ajudar com a faxina hoje? Preciso ir à biblioteca mais tarde. Nanda olhou para a irmã, um pouco relutante.

— Mas eu tinha planos para hoje... — respondeu, fazendo uma careta. Laura fez um olhar suplicante.

— Por favor! Se você me ajudar agora, prometo que te arrumo aqueles ingressos que você tanto quer. Após um momento de hesitação, Nanda concordou.

 — Tá bom, tá bom! Vamos acabar com isso logo. As duas começaram a faxinar a casa, dividindo as tarefas. Laura se sentia mais leve com a ajuda da irmã e, em pouco tempo, conseguiram deixar tudo limpo. O relógio marcava 12h30 quando finalmente terminaram.

— Ufa! — exclamou Laura, enxugando o suor da testa. — Consegui!

 — Agora, vá fazer almoço antes de você correr para a biblioteca! — disse Nanda, sorrindo. Laura fez careta, mas sabia que tinha que fazer se não sua mãe não deixaria ir. Após o almoço, Laura se despediu da família e saiu de casa, animada. O caminho até a biblioteca parecia mais longo do que nunca. Enquanto caminhava, seu coração batia acelerado, não apenas pela expectativa de estudar, mas pela possibilidade de ver Gabriel. Ao chegar, Laura respirou fundo, sentindo o aroma familiar dos livros e o silêncio acolhedor do lugar. Ela se dirigiu a uma mesa perto da janela e começou a organizar seus materiais. A ansiedade aumentava conforme se aproximava das 16h. Quando o relógio finalmente marcou a hora, Laura olhou em direção à entrada da biblioteca, esperando ansiosamente por Gabriel.

Laura estava sentada à mesa, os livros abertos à sua frente, mas sua mente estava mais focada na expectativa de ver Gabriel do que nos conteúdos que deveria estudar. O ambiente da biblioteca, normalmente tranquilo, parecia vibrar com a sua ansiedade. Finalmente, a porta se abriu e Gabriel entrou. Ele olhou ao redor, e seu olhar encontrou o de Laura. Um sorriso iluminou seu rosto, e Laura sentiu um frio na barriga. Ele se aproximou, carregando uma pasta cheia de anotações.

— Oi, Laura! — disse ele, com um tom amigável. — Desculpe pelo atraso. Estava terminando algumas coisas em casa.

— Oi, Professor Gabriel! — respondeu Laura, tentando esconder a empolgação na voz.

 — Sem problemas, eu também estava me organizando. Gabriel se sentou à mesa e começou a arrumar seus materiais. — Então, sobre o que você gostaria de estudar hoje? — perguntou ele, olhando para os livros abertos na mesa. Laura hesitou por um momento, mas logo se lembrou das dúvidas que tinha sobre a última aula.

— Eu estava pensando sobre sua explicação matemática. A parte de funções do segundo grau me deixou um pouco confusa. Você poderia me ajudar a entender melhor?

Gabriel acenou com a cabeça, interessado. — Claro! Funções do segundo grau são essenciais. Vamos começar com a fórmula geral e como identificar o vértice da parábola. Ele se inclinou sobre os livros, explicando com entusiasmo. Laura o ouvia atentamente, admirando a forma como ele articulava as ideias. A maneira como Gabriel falava tornava a matéria mais acessível e interessante.

— Então, basicamente, a função do segundo grau tem a forma ax² + bx + c. Dependendo do valor de "a", a parábola pode estar voltada para cima ou para baixo — explicou Gabriel, fazendo anotações em seu caderno. Laura fez anotações rápidas, absorvendo cada palavra. À medida que a explicação avançava, ela começou a fazer perguntas, e Gabriel respondia com paciência, sempre incentivando-a a pensar criticamente sobre o assunto.

— E como encontro o vértice da parábola? — perguntou Laura, interessada. Gabriel sorriu, impressionado com a pergunta.

— Ótima questão! O vértice pode ser encontrado pela fórmula (-b/2a, f(-b/2a)). Ele nos dá o ponto máximo ou mínimo da função. O tempo passou rapidamente enquanto eles discutiam, e logo estavam rindo e trocando ideias sobre outros temas.

A atmosfera leve e descontraída fez com que Laura se sentisse cada vez mais à vontade.

— Você sabe, eu não esperava que estudar pudesse ser tão divertido — disse Laura, sorrindo. Gabriel sorriu de volta, seu olhar brilhando.

— Eu também não! É ótimo poder compartilhar conhecimento e aprender juntos. À medida que a tarde avançava, eles se perderam na conversa, discutindo não apenas matemática, mas também suas vidas, interesses e sonhos. Laura descobriu que Gabriel tinha uma paixão por contos e poesias. Ele, por sua vez, ficou fascinado ao saber que Laura também gostava de escrever contos. Quando o relógio marcou 18h, Laura percebeu que o tempo havia voado.

— Uau, já são 18h! — exclamou.

— Eu nem percebi! Gabriel olhou para o relógio e fez uma expressão de surpresa.

— Verdade! Foi um prazer estudar com você. Podemos fazer isso mais vezes. Laura sentiu seu coração acelerar ao ouvir isso. — Com certeza! Eu adoraria. Eles começaram a arrumar seus materiais, mas antes de saírem da biblioteca, Gabriel hesitou e olhou nos olhos de Laura.

— Posso te fazer uma pergunta? — disse ele, um pouco nervoso. — Claro! — respondeu Laura, curiosa. — O que você acha de irmos a um café um dia desses? Poderíamos continuar a conversa fora da biblioteca. Laura sentiu um calor subir pelo rosto, surpresa e animada ao mesmo tempo.

— Eu adoraria! — disse ela, sorrindo amplamente. Gabriel sorriu de volta, e os dois saíram da biblioteca juntos, conversando sobre os planos para o futuro, ambos sentindo que algo especial estava começando a florescer entre eles.

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