Capítulo 9: O Peso do Ódio

Alessandra descia as escadas da mansão, o som dos saltos ecoando pelos corredores. Após semanas trancada em seu quarto, finalmente havia decidido se cuidar novamente. Seus cabelos, antes desarrumados, agora estavam soltos e brilhantes. Usava um vestido azul simples, mas elegante, que destacava sua postura firme. Marta, que observava da cozinha, sorriu de canto, satisfeita em vê-la recuperando algum traço da mulher confiante que fora antes.

Lorenzo entrou pela porta principal no mesmo instante. Seu paletó preto impecável e o olhar impassível contrastavam com a vitalidade que Alessandra começava a exibir. Ele parou ao vê-la no pé da escada, mas a expressão em seu rosto não era de aprovação.

Lorenzo: (arqueando uma sobrancelha, o tom seco) – "Vejo que decidiu finalmente parar de se lamentar. Mas não se engane, Alessandra. Isso não muda nada."

Alessandra: (encarando-o com firmeza) – "Não estou tentando mudar nada, Lorenzo. Apenas decidi que não vou me afundar nesse buraco que você cavou para mim."

Ele deu um sorriso frio e se aproximou, as mãos nos bolsos.

Lorenzo: (com um tom cortante) – "Você acha que isso é força? Vestir um vestido bonito e fingir que está bem? Não passa de fachada, Alessandra. E você sabe disso."

Alessandra: (cruzando os braços, indignada) – "Pode me chamar do que quiser, Lorenzo, mas não vou mais deixar que sua crueldade me quebre. Se está esperando que eu me torne uma sombra, vai esperar para sempre."

Por um breve momento, algo pareceu vacilar nos olhos de Lorenzo, mas ele rapidamente recuperou o tom de desdém.

Lorenzo: (aproximando-se mais, com a voz fria) – "Não se engane. Você não está aqui para ter uma vida. Está aqui porque é útil para mim. Não importa o quanto você se arrume, o quanto tente fingir que tem controle. No fim, eu sou quem dita as regras."

Alessandra: (sentindo o sangue ferver, mas mantendo o tom controlado) – "O que foi, Lorenzo? Sua necessidade de controle vem de onde? Do medo? Ou do ódio que sente por si mesmo?"

As palavras dela o atingiram como um soco. Lorenzo recuou ligeiramente, mas logo estreitou os olhos, seu rosto endurecendo novamente.

Lorenzo: (com a voz baixa, mas ameaçadora) – "Você não sabe nada sobre mim. Não tente. Isso só vai piorar as coisas para você."

Alessandra: (desafiadora) – "Você está certo. Eu não sei nada sobre você. Porque você esconde isso até de si mesmo."

Ele ficou em silêncio, a mandíbula tensa. Por um momento, parecia que ele responderia, mas, em vez disso, deu meia-volta e saiu pela porta, deixando-a sozinha no grande hall.

Marta, que havia assistido de longe, aproximou-se com cautela.

Marta: (baixinho, colocando uma mão no ombro de Alessandra) – "Você tem coragem, minha querida. Mas Lorenzo... Ele não sabe lidar com quem o confronta. Muito menos com alguém como você."

Alessandra: (suspirando e olhando para a porta por onde Lorenzo saíra) – "Ele pode me odiar o quanto quiser, Marta. Eu não vou recuar."

Marta apertou o ombro dela com um sorriso leve, enquanto Alessandra, mesmo sentindo o peso das palavras de Lorenzo, prometia a si mesma que não deixaria ele quebrá-la novamente.

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