Levi caminhava sob a chuva pesada, atento aos movimentos dos zumbis à distância. Eles estavam mais ousados, mas o medo de seus olhos os mantinha afastados. A voz de Higure ecoou em sua mente.
— Por que deixou aqueles humanos escolhidos vivos?
Levi respondeu com indiferença, seus passos silenciosos na água acumulada:
— Humanos ou zumbis, não me importo. Vou usar todos para vencer no fim. Enquanto forem peças úteis, farei bom proveito.
Ele parou por um momento, os olhos atentos varrendo a paisagem nebulosa.
— Tem algo errado. Parece que os zumbis estão mais espertos na chuva.
Higure respondeu com cautela:
— Isso é o que chamam de hordas zumbis. Muitos zumbis se unem para atacar as bases.
Levi soltou um sorriso frio.
— Que irônico. As bases são os portos seguros, mas também os lugares mais perigosos.
De repente, o som de motores cortou o silêncio da chuva. Levi virou o rosto em direção ao barulho.
— Humanos novamente... — Ele estreitou os olhos ao observar o comboio se aproximando. — Mas parece canibais. Mesmo na beira do precipício, os humanos não resistem a fazer alguém sofrer.
Seus olhos brilharam com uma intenção assassina, um reflexo cruel que atravessava a escuridão da tempestade. No entanto, o silêncio foi quebrado pelo ronco de seu estômago. Levi suspirou profundamente.
— Ainda sinto fome... Pelo menos uma coisa boa.
A máscara que cobria seu rosto começou a se desfazer, revelando traços frios e marcados. Ele avistou uma pequena loja de conveniência abandonada e, sem hesitar, entrou.
Levi trancou a porta quebrada atrás de si e examinou o lugar. Não sentiu sinais de vida.
— Um pouco de paz, pelo menos.
Ele retirou do anel três marmitas cheias de carne, frango, feijão, arroz e farofa. Sentando-se próximo ao balcão, ele abriu uma das marmitas, o aroma familiar lhe trazendo uma breve sensação de conforto.
— Me sinto melhor comendo — murmurou, enquanto devorava a comida com fome voraz.
Mas, no meio de uma mordida, algo fez seus sentidos dispararem. Levi congelou, os olhos arregalados ao perceber uma presença ao seu lado.
Uma garota pequena, de olhos amarelos brilhantes e cabelos vermelhos, o encarava fixamente. Seus olhos estavam cravados nas marmitas, como se aquilo fosse a única coisa no mundo que importava.
Levi tentou se mover, mas seu corpo não respondia.
— Que droga... — murmurou, sentindo o peso paralisante sobre seus membros.
Higure rapidamente cobriu o rosto de Levi com a máscara novamente e tentou agir, mas a gosma que formava seu corpo também estava imóvel.
— Merda! — Higure exclamou. — Um monstro dos monstros...
Levi encarou a garota, a mente lutando para entender o que estava acontecendo.
— Como fui ingênuo... — ele pensou, os olhos ainda fixos nela. — Ser forte entorpeceu meus sentidos.
A garota inclinou a cabeça ligeiramente, um gesto quase inocente, mas o ar ao redor parecia pesado, sufocante.
— A arrogância tem um preço alto — Levi sussurrou, seu olhar frio agora misturado com um lampejo de medo.
A pressão que a garota exercia no ambiente era esmagadora, e a máscara de Levi começou a rachar. Com um estalo final, ela se desfez sob o olhar predador da garota, revelando novamente o rosto de Levi. Os olhos amarelos dela, com pupilas fendidas como as de um felino, pareciam atravessá-lo.
— Higure, e agora? — Levi perguntou, mantendo a calma na voz, mas com os sentidos em alerta.
Higure respondeu em pânico:
— Essa coisa é muito mais forte que nós. Corre!
Levi, porém, permaneceu imóvel. Ele observava a garota com cuidado, percebendo que seus olhos não estavam apenas cheios de fome, mas também de curiosidade.
— Se você deixar o "irmão" aqui se mexer, eu dou mais comida pra você. — A voz de Levi era firme, controlada.
A garota piscou lentamente e, com isso, a pressão ao redor diminuiu. Levi sentiu o ar voltar aos seus pulmões.
— Agora, Levi, se livra dela! — insistiu Higure. — Ela é um monstro, muito além do nosso alcance!
Levi não respondeu imediatamente. Ele tirou mais marmitas do anel e as colocou na frente da garota, que imediatamente começou a devorá-las com voracidade.
— Tenho outra ideia — Levi murmurou. — Ela vai ser minha "carta coringa".
Higure exclamou, perplexo:
— Tá pensando direito? Você não consegue controlar isso!
Levi ignorou o comentário e, enquanto a garota terminava as marmitas, guardou suas lâminas meia-luas de volta ao anel. Ele se abaixou para ficar no nível dos olhos dela e disse calmamente:
— Você é inteligente, não é? Agora vai me pagar pela comida. Seja minha aliada.
A garota, ainda mastigando os restos da última marmita, ergueu os olhos para ele, sem expressar emoção. O silêncio parecia interminável. Levi manteve sua postura firme, os olhos fixos nos dela, como se a desafiasse.
A garota suavizou levemente a expressão. Levi interpretou isso como uma aceitação.
— Trato feito — disse ele, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.
Levi se levantou e olhou ao redor da loja até encontrar um banheiro nos fundos. Abrindo a porta, ele viu que o chuveiro ainda funcionava, uma raridade naquele mundo.
Voltando até a garota, ele a pegou no colo sem cerimônia e a levou até a banheira.
— Vamos, você precisa de um banho.
A garota permaneceu alerta, mas não resistiu. Levi tirou um sabonete do anel e começou a esfregar espuma em seus cabelos bagunçados.
Enquanto lavava o cabelo vermelho brilhante dela, Levi pensou consigo mesmo:
— Parece uma gatinha tomando banho...
Apesar da situação surreal, Levi continuou com seu plano, decidido a transformar aquela criatura perigosa em uma aliada valiosa, custasse o que custasse.
°°°
A chuva intensificava, tamborilando no teto da loja de conveniência como um lembrete constante do caos lá fora. Levi , enquanto secava os cabelos da garota com uma toalha, teve um pensamento que o desconcertou:
" por que não sinto vergonha? Estou vendo uma garota despida, mas não sinto constrangimento. Em vez disso, me sinto estranhamente tranquilo...
Ele afastou esses pensamentos, concentrando-se em cuidar da garota.
_ seu nome será Aurora... _disse ele , com um tom firme e ao mesmo tempo gentil.
olhando para o anel em seu dedo , Levi de uma ordem ao sistema:
_ sistema, transforme meus abates de zumbis em roupas para ela e comida.
o anel brilhou com intensidade enquanto o sistema respondia :
_ comando recebido. Analisando as proporções de Aurora... Análise completa.
Levi retirou do anel um pijama com estampas de coelhinhos fofos e roupas íntimas. Ele colocou as peças á frente da garota e disse :
_ Aurora, vista isso.
Ela virou o rosto, aparentemente relutante.
_ por favor, use . é a única coisa que vou pedir a você.
depois de alguns segundos. Aurora ergueu os braços como se cedesse. Levi ajudou-a vestir as roupas. Quando ela finalmente estava vestida, ele tirou do anel um colchão, travesseiros e cobertores, estendendo no chão com precisão.
_ aurora, pode se deitar aqui. ele se sentou ao lado dela , tirou um pacote de biscoito e uma garrafa térmica de café e entregou a ela.
_ vamos esperar a chuva passar.
Antes que pudesse saborear um gole do café, Levi sentiu seu corpo perder todas as forças e caiu sobre o colchão.
_ Higure... O que está acontecendo?- perguntou mentalmente, confuso.
Higure... Desfazendo a máscara, respondeu:
_ você ainda e humano, Levi . E humanos precisam descansar. Você esgotou suas forças.
Levi suspirou profundamente.
_ cometi mais um erro...-- murmurou. Virando-se para. Aurora, que mastigava os biscoitos sem pressa, ele disse:
_ o irmão vai descansar um pouco. Cuida de mim , por favor.
Aurora não respondeu, apenas observou-o com seus olhos amarelos. Assim que ele desmaiou, ela se aproximou, inclinou-se e cheirou levemente o pescoço dele antes de se alinhar sobre ele , como se estivesse protegendo.
Algum tempo depois...
A chuva continuava a cair, mas algo mudou no ambiente. Várias sombras surgiram rapidamente, correndo na direção da loja. Cercaram o local , seus movimentos eram coordenados e letais.
[ Eram lordes zumbis...
_ Nível de Perigo: vermelho ! ]
Aurora abriu os olhos. Uma pressão esmagadora cobriu a área, sufocante e avassaladora.
Zat , um dos líderes dos lordes zumbis olhou e rosnou:
_ Droga... Recuem !
Ele tentou ordenar a retirada, mas ao virar-se percebeu que seus aliados não responderam. Eles estavam todos no chão, destroçados, seus corpos desmembrados e esparramados pela área.
Aurora segurava o último lorde zumbi pelo pescoço. Com um movimento casual, jogou- o no chão como se fosse um brinquedo quebrado.
[ Aurora... Rainha zumbi.
Nível de perigo: Desconhecido! ... ]
Zat , ficou apavorado...
Ele tentou usar sua velocidade para fugir, mas antes que pudesse alcançar o topo de um prédio, sua cabeça foi arrancada com um golpe preciso. Seu corpo desabou enquanto sua cabeça rolava pelo chão molhado.
Os corpos dos lordes zumbis começaram a se desitregar rapidamente, como se sua presença naquela área não fosse mais permitida .
Aurora balançou a mão para limpar o sangue negro que a cobria . Então sem emoção, caminhou de volta para onde Levi estava, deitou-se sobre ele novamente, e fechou os olhos, como se nada tivesse acontecido.
Continua...
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Atualizado até capítulo 28
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