Levi observava as crianças correndo e brincando, suas risadas ecoando pelo pátio improvisado. Apesar do som alegre, ele sentia apenas um vazio avassalador.
"Crianças sem futuro, brincando e rindo como se tudo estivesse bem..." pensou Levi, seus olhos roxos com pupilas fendidas fixos nas pequenas figuras. "Mal sabem que esta noite, zumbis vão invadir este lugar. Eu não sinto nada. Que vazio tão grande."
As crianças notaram seu olhar intenso e começaram a se afastar, assustadas.
Elen, vendo a cena, aproximou-se de Levi.
— Levi, perdoe-as. São apenas crianças!
Levi, sem desviar o olhar, respondeu calmamente:
— Sem problemas. Ter medo do perigo é normal.
Ele fez uma pausa, observando os pequenos rostos curiosos que o espiavam de longe.
— Mas eu prometi que cuidaria dos meus. E quando dou minha palavra, nunca volto atrás.
Dentro de sua mente, Levi chamou:
— Sistema, pode me ouvir?
Uma janela flutuante surgiu em sua frente, com um sorriso largo e dentes afiados.
— Posso. Em que posso ajudar?
— Transforme meus abates de zumbis em brinquedos, carrinhos, pelúcias de coelhos e ursos, bolas, barras de chocolate e comida para mim.
O sistema hesitou.
— Como sabe que seus abates de zumbis são a moeda?
Levi franziu o cenho, sua voz carregada de frieza.
— A deusa entregou o jogo.
A janela flutuante deu uma risada nervosa.
— Nada mal, melhor caçador de zumbis. Fazendo a troca agora mesmo...
Levi estreitou os olhos para o sistema.
— Se esconder algo de novo de mim, vai pagar caro.
O sistema recuou, surpreso com a intensidade de Levi.
— Era só uma pegadinha! Aqui está.
Brinquedos, barras de chocolate e comida começaram a surgir em pilhas diante dele. Levi pegou um anel e entregou a Elen.
— Aqui tem comida para elas. Hoje à noite, este lugar será um campo de batalha. Esconda-as no subsolo do orfanato.
Elen ficou séria, percebendo que ele tinha notado o perigo iminente.
— Você percebeu? Certo. Vou cuidar disso.
Enquanto as crianças se aproximavam, curiosas e encantadas com os brinquedos, algumas delas começaram a mudar sua percepção de Levi. O homem mascarado que antes parecia assustador era, na verdade, alguém que as protegia.
Uma garotinha puxou a manga de Elen.
— Irmã Elen, o homem dos brinquedos está bravo conosco? Eu só me afastei porque fiquei com medo dos olhos dele.
Elen sorriu, abrindo o anel para tirar barras de chocolate.
— Ele está ocupado. Mas quer chocolate?
As crianças gritaram de alegria, levantando as mãos animadas.
Enquanto isso, Levi virou-se e caminhou para longe, ignorando as crianças e ainda irritado com a "pegadinha" do sistema. Elen, percebendo sua irritação mesmo com a máscara, decidiu não segui-lo.
"Hoje à noite será sangrenta," pensou Levi, apertando os punhos enquanto sua mente já traçava estratégias para o que estava por vir.
Continua...
>>>
Levi entrou na pousada com passos firmes, o sol já mergulhando no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados. Subindo as escadas, ele parou em frente ao quarto onde Mika estava com as meninas. Bateu à porta com dois toques firmes.
— Tock, rock.
Mika abriu a porta rapidamente, surpresa ao vê-lo, e o puxou para dentro.
— Levi!
Ele olhou para o quarto espaçoso e confortável, vendo Mirela e Melzinha brincando na cama grande.
— Gostaram? — perguntou ele, cruzando os braços.
Mirela, com um sorriso tímido, respondeu:
— Gostei, tio.
Melzinha completou:
— Tio, é maior que o quarto onde a gente tava. Mas... vão nos mandar embora se não pagar o aluguel?
Levi se aproximou, fazendo um cafuné em Melzinha, e respondeu:
— Esse quarto agora é de vocês.
Os olhos da menina brilharam, mas ela rapidamente mudou de assunto.
— Tô com fome, tio.
Levi, sem hesitar, pegou Mirela e Melzinha no colo, uma em cada perna.
— O tio precisa conversar com vocês — disse ele, sério.
As meninas ficaram inquietas, imaginando o que ele iria falar. Mas antes que elas se preocupassem demais, Levi tirou pizzas de calabresa e queijo, junto com refrigerantes, e colocou tudo no chão.
— Vamos comer primeiro — disse ele, com um leve sorriso.
As meninas, sentando-se animadas, agradeceram:
— Obrigado pela comida, tio!
Logo começaram a comer com entusiasmo. Levi olhou para Mika, que observava a cena em silêncio.
— Mika, pode comer também. Quero conversar com vocês depois.
Mika assentiu e se juntou às meninas no banquete improvisado.
Enquanto isso, Levi jogou-se na cama, olhando para o teto. Sua mente estava cheia de pensamentos conflitantes.
"Por que meu coração não sente nada? Por que é tão bom vê-las felizes, mesmo eu sendo assim, vazio? Talvez eu sempre tenha sido assim... vazio. Mas com o poder que tenho, vou proteger o que é meu, mesmo que digam que é egoísmo. Ninguém chorou por mim. Ninguém entenderá o porquê de eu ter mudado."
Uma voz familiar ecoou em sua mente.
— Você não está errado, Levi. Às vezes, perdemos algo para ganhar outra coisa melhor.
Era Higure, sempre observando.
Levi virou a cabeça, vendo as três felizes, rindo e saboreando a pizza.
— Vale a pena perder minha humanidade? — sussurrou para si mesmo, sem esperar resposta.
Higure, no entanto, respondeu calmamente:
— Se for para proteger aqueles que importam, sempre vale a pena.
Levi fechou os olhos, seus pensamentos mergulhando em um misto de aceitação e incerteza. No fundo, sabia que já havia escolhido seu caminho.
Continua...
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Atualizado até capítulo 28
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