Capítulo 2: A Máscara do Sobrevivente

Quando Levi se ergueu por completo, sentiu uma onda estranha percorrer seu corpo. Um arrepio gelado subiu por sua espinha, e então aconteceu. Algo negro e viscoso começou a se espalhar por seu rosto, cobrindo sua pele como se fosse uma segunda camada de carne. Em questão de segundos, uma máscara negra e sinistra havia se formado, deixando apenas seus olhos visíveis—agora um roxo intenso e vibrante, com pupilas fendidas como as de um predador.

Ele passou os dedos sobre o material, sentindo uma textura fria e suave, como se estivesse tocando uma sombra sólida.

— Entendo… — murmurou, observando seu reflexo distorcido em uma vidraça rachada. O rosto que via ali já não parecia humano. — O antídoto, na verdade, é um vírus. Tá se protegendo, hein?

Antes que pudesse processar melhor a mudança, uma pequena rachadura surgiu na superfície da máscara, fina como uma cicatriz recém-formada. Levi franziu o cenho e moveu os dedos sobre a fissura. No mesmo instante, ela se fechou, regenerando-se sozinha.

Ele sorriu de canto, um brilho de interesse dançando em seus olhos.

— Ah… Você realmente é diferente.

A máscara parecia responder de forma sutil, como se estivesse viva. Ela não apenas cobria seu rosto, mas também parecia entender suas intenções, moldando-se a ele.

Mas Levi não tinha tempo para pensar naquilo agora.

Virando-se, ele observou a cidade destruída ao redor. As ruas estavam cobertas de destroços e carros abandonados, enquanto os edifícios, outrora imponentes, agora eram esqueletos de concreto e metal. E então ele os viu.

Zumbis.

Criaturas pútridas e deformadas vagavam sem rumo pelas ruínas, seus gemidos guturais ecoando no silêncio opressor. Alguns tinham membros faltando, outros se arrastavam pelo chão como predadores famintos.

Levi cruzou os braços, avaliando a cena.

— No jogo, isso era divertido… — murmurou, seus olhos roxos brilhando sob a máscara. — Mas vendo ao vivo… É bem mais nojento.

Ele sabia que não poderia simplesmente sair andando sem um plano. O menor ruído poderia atrair uma horda inteira. Foi então que algo capturou sua atenção.

No prédio ao lado, um pet shop parcialmente destruído. Mas não era o local que interessava Levi—e sim o que estava dentro.

Um som fraco. Uma respiração instável.

Ele estreitou os olhos. Alguém estava lá dentro.

— Humanos… — sussurrou para si mesmo. Sua primeira reação foi se virar. — Não é problema meu.

Mas, ao dar o primeiro passo, sentiu um peso estranho no peito. Algo que não deveria mais estar ali.

Ele parou.

Virou a mão para cima, encarando-a como se procurasse por respostas.

— Que engraçado… — murmurou. — Eu já perdi metade da minha humanidade, não foi?

A máscara pareceu se ajustar levemente ao seu rosto, como se reafirmasse sua mudança.

Levi fechou os olhos por um segundo e suspirou.

— Vou dar uma olhada…

Com um movimento sutil, sua lâmina meia-lua surgiu em sua mão, brilhando sob a luz distorcida daquele mundo decadente. Ele desceu pelas ruínas como uma sombra, seus passos precisos e silenciosos. Não importava onde estivesse—ele sabia como se mover.

Mas antes que pudesse alcançar o prédio, um pequeno ruído ecoou no ar.

O som de um pedaço de concreto deslizando sobre o asfalto.

Levi parou.

Os zumbis, que antes vagavam sem rumo, congelaram por um instante… e então se viraram em sincronia.

Seus olhos mortos o encontraram.

E então, eles correram.

— Ah, ótimo… — Levi murmurou, girando a lâmina em sua mão.

As criaturas avançaram em um frenesi animalesco, seus corpos retorcidos tropeçando sobre os escombros. Mas Levi não hesitou. Ele se moveu.

O primeiro zumbi saltou para atacá-lo. Levi se abaixou no último instante, desviando com fluidez antes de cravar a lâmina na base do crânio da criatura.

Girando sobre os calcanhares, cortou a cabeça do segundo zumbi com um único golpe limpo. Os outros se lançaram contra ele, mas Levi deslizou entre os corpos, esquivando-se como um fantasma. Cada movimento era preciso, cada golpe fatal.

Quando o último zumbi caiu, Levi se ergueu lentamente.

Atrás dele, uma chuva de sangue escuro pingava sobre os destroços. O cheiro de carne podre queimava suas narinas, mas ele sequer piscou.

Ele girou a lâmina nos dedos e a observou. Estava impecavelmente limpa.

— Interessante… — murmurou. — Parece que esses caras são sensíveis ao som. Esquecer isso pode ser fatal…

Guardando a arma, ele seguiu para o pet shop.

Dentro do local, o cheiro de ração e poeira tomava conta do ar. Levi avançou em silêncio, escutando cada detalhe ao seu redor.

Então, ouviu.

Um som abafado, repetitivo.

Ele virou a esquina de uma estante destruída e viu a cena.

Um jovem, por volta dos 17 anos, sentado no chão sujo. Seus olhos estavam vermelhos e fundos, e ele comia ração de cachorro diretamente do pacote, lágrimas escorrendo por seu rosto.

— Nunca imaginei que ia comer ração de cachorro… — o jovem murmurou entre soluços. — Mas a fome é tanta que não penso em mais nada…

Levi não disse nada. Apenas observou.

— Minha perna tá quebrada… — continuou o jovem, ainda sem perceber Levi ali. — Por que fui explorar por suprimentos? Eu sou um capitão de ataque, mas olha pra mim… Que patético…

Ele apertou os punhos, o pacote de ração caindo no chão.

— Aquele covarde me traiu só pra ficar com os suprimentos. Tenho uma irmãzinha… deixei ela com minha amiga. Agora, com 17 anos, vou morrer solteiro. Que mundo desgraçado…

Nesse momento, Levi finalmente se moveu.

Ele se encostou na entrada do pet shop, a silhueta recortada contra a luz avermelhada do lado de fora. Sua voz saiu fria e sem emoção:

— Que história triste a sua. Mas não sou sentimental, muito menos psicólogo…

O jovem congelou.

Virou-se rapidamente, os olhos arregalados ao ver Levi parado ali. Suas mãos tremiam quando agarrou uma adaga e a apontou para ele.

— Quem é você? Humano…? — tentou soar corajoso, mas sua voz tremeu. — Eu nem te ouvi chegando. Esses olhos… Que medo! Você é um monstro mutante? Não me coma! Tô avisando, eu não tenho gosto bom. Não sou fácil de devorar!

Levi piscou lentamente, analisando o garoto. Então, desapareceu.

O jovem arregalou os olhos, girando a cabeça em todas as direções.

— O quê…?

Antes que pudesse processar, Levi reapareceu.

Agora, estava sentado em uma janela quebrada, uma perna cruzada sobre a outra, observando-o com um olhar divertido.

— Que intrigante… — murmurou Levi. — Mesmo com a perna quebrada, você ainda faz piada com a morte…

O jovem engoliu em seco. Mantinha a adaga apontada, mas agora havia algo diferente em seu rosto.

Confusão.

E, talvez, um resquício de fascínio.

Continua...

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Comments

꧁𝔘.ℜ.𝔇꧂

꧁𝔘.ℜ.𝔇꧂

ele me lembra um pouco o jin woo

2025-01-04

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