O Despertar do Antigo

A sombra diante de Aya e Kaoru se contorcia, sua forma fluída parecia desafiando as leis da natureza, uma mistura de escuridão e energia pura. O vento ao redor da clareira começou a girar violentamente, fazendo as folhas secas e os galhos quebrados se elevar no ar. O ar ficou denso, quase impossível de respirar, e uma sensação de gelo percorreu a espinha de ambos os guardiões.

Aya olhou fixamente para a figura que se formava diante dela, sua mente correndo para tentar identificar a origem daquilo. A energia que emanava da sombra não era apenas do Vazio, mas algo muito mais profundo, algo muito mais antigo. Ela sentiu uma pressão crescente sobre seu peito, como se o próprio espaço ao redor estivesse sendo distorcido.

— Quem… você é? 

Aya perguntou, sua voz tentando não trair a inquietação que sentia. Ela apertou os punhos, sentindo a energia do Vazio pulsando dentro de si, pronta para ser liberada, mas ela sabia que precisaria ser cuidadosa. Essa energia era mais imprevisível do que nunca.

A sombra sorriu de forma sinistra, e de repente, ela se materializou completamente, tomando a forma de uma figura encapuzada, com os contornos indistintos e os olhos iluminados por uma luz roxa que parecia absorver toda a luz ao redor. A presença dela era esmagadora, e uma sensação de frio cortante envolveu todos ao seu redor.

— Eu sou Nyx, a Sombra Eterna. 

Disse a figura com uma voz que parecia ecoar de todos os cantos da floresta. 

— O que vocês conhecem como o Vazio é apenas uma faceta de algo muito maior. Eu fui a origem da escuridão, e o Vazio é apenas uma extensão do que um dia foi minha essência. E agora… o momento chegou.

Aya e Kaoru trocaram olhares, o nome “Nyx” carregava um peso que nenhum dos dois compreendia completamente. A figura diante deles não era simplesmente uma manifestação do Vazio, mas algo com uma profundidade histórica muito além de qualquer inimigo que já haviam enfrentado.

— O que você quer? 

Kaoru perguntou, a voz tensa, sentindo uma ameaça palpável na presença de Nyx. Ele sabia que não estavam diante de uma luta comum. Aquilo era algo que transcendia a mera batalha física.

Nyx levantou uma das mãos, os dedos esqueléticos estendendo-se lentamente na direção da rocha negra que pulsava com a energia do Vazio. A rocha começou a brilhar mais intensamente à medida que a energia de Nyx fluía para ela.

— Eu quero o que me pertence. O Vazio, as trevas e o controle sobre todas as coisas que foram apagadas pela luz. O equilíbrio que vocês acham que restauraram foi uma ilusão, uma falha temporária. Eu sou a escuridão primordial e, agora, o que resta de minha essência se reúne novamente para devolver o mundo ao seu estado natural. Um estado sem mentiras, sem luz, sem máscaras. O Vazio será eterno.

O coração de Aya acelerou. Ela sentia que aquelas palavras não eram apenas uma ameaça, mas a própria essência do caos, do desequilíbrio. Nyx não estava interessada em dominar apenas os seres vivos ou as energias do Vazio. Ela queria reverter o ciclo do universo, devolver ao mundo a escuridão primordial de onde tudo havia surgido.

— Você está errada, Nyx 

Aya disse, tentando reunir sua força interior para resistir à pressão esmagadora daquela presença. 

— O Vazio não é o que você pensa. Ele não é apenas escuridão. Ele também é controle, equilíbrio. Nós aprendemos a domá-lo, e ele pode coexistir com a luz. Não é necessário destruir tudo para criar um novo começo.

Nyx deu uma risada baixa e o som parecia um eco de mil vozes sussurrando em uníssono.

— Coexistir? Você ainda não entende, Aya. O Vazio não pode coexistir. Ele engole tudo, consome tudo. A luz é a mentira que vocês criaram para justificar sua fraqueza. A verdadeira natureza é a escuridão. E agora, o Vazio será liberado para engolir este mundo, e tudo o que vocês conhecem será apagado.

O ar ficou ainda mais pesado, como se a gravidade estivesse sendo puxada para o centro da clareira. Aya sentiu seu corpo sendo pressionado, como se estivesse sendo esmagada por um peso invisível. Ela lutou para respirar, seus pés quase não tocando o solo. A energia que Nyx liberava era como uma tempestade que devastava tudo em seu caminho.

Kaoru, ao seu lado, estava igualmente afetado pela pressão da energia, mas sua determinação não vacilou.

— Aya! 

Kaoru gritou, estendendo a mão para ela. 

— Você consegue! Concentre-se!

Aya sentiu a mão de Kaoru, e algo dentro dela se acendeu. Ela sabia que não poderia ceder. Ela havia enfrentado o Vazio antes e o havia superado, não por destruir, mas por aprender a controlá-lo. Era isso o que Nyx não entendia: o Vazio não era algo para ser dominado pela força bruta, mas algo que exigia equilíbrio.

Com um grito interior, Aya fechou os olhos, mergulhando em sua própria essência. Ela invocou a energia do Vazio dentro de si, sentindo-o não como uma ameaça, mas como uma ferramenta que ela poderia usar. O Vazio não era apenas destruição, era também regeneração. Era sombra, mas também luz. Ela poderia usar esse poder para confrontar Nyx sem perder o controle.

Nyx observou, seus olhos brilhando com uma intensidade ameaçadora.

— Você realmente acha que pode me deter? 

Ela zombou. 

— Você é apenas uma marionete, uma tentativa de controlar o que nunca será controlado.

Aya respirou fundo, sentindo a energia do Vazio dentro de si se acender. Ela não era uma marionete, ela era a guardiã. E, naquele momento, ela compreendeu o que deveria fazer. Ela não estava sozinha. A força dela vinha não apenas de suas habilidades, mas também das pessoas ao seu redor, da confiança e da determinação compartilhada com Kaoru e os outros guardiões.

— Eu não sou sua marionete, Nyx. 

Aya disse, a voz firme. 

— Eu sou o equilíbrio. E você nunca terá o controle total.

Com um movimento rápido, Aya estendeu as mãos na direção da rocha negra e da figura de Nyx. Ela sentiu a energia do Vazio em suas palmas, manipulando-a com precisão. A escuridão se espalhou, mas ao invés de consumir, ela se transformou, criando uma barreira de luz e sombra, uma combinação perfeita que enfrentava diretamente a energia de Nyx.

Nyx gritou, a energia dela começando a se dissipar pela resistência da barreira que Aya criava. As sombras se retorciam, tentando avançar, mas Aya estava mais forte do que nunca. Ela não estava sozinha naquela luta. O Vazio não era apenas uma força destrutiva, mas algo que ela poderia usar para defender, para proteger.

A sombra de Nyx começou a vacilar, sua forma se desfazendo diante da força do equilíbrio que Aya invocava. Era uma batalha de energias, de vontades, e Aya sabia que não poderia permitir que Nyx vencesse.

— Eu sou a guardiã do equilíbrio! 

Aya gritou, sua voz ecoando por toda a clareira. 

— E o Vazio não será seu para controlar!

Com um último esforço, Aya concentrou toda a energia do Vazio em suas mãos, lançando-a contra Nyx. A energia se expandiu como uma onda de escuridão e luz, engolindo a figura de Nyx, dissipando-a no ar. A floresta pareceu prender a respiração, o vento parando por um momento.

Quando a energia se acalmou, a clareira estava silenciosa, e a rocha negra havia perdido sua intensidade. Nyx, a sombra eterna, havia desaparecido, pelo menos por enquanto.

Aya caiu de joelhos, exausta. Ela havia vencido, mas sabia que aquilo era apenas uma batalha em um conflito muito maior. O Vazio ainda estava em movimento, e ela teria que estar pronta para o que viria a seguir.

Kaoru se ajoelhou ao lado dela, a preocupação evidente em seus olhos, mas também o orgulho.

— Você fez isso, Aya. Você impediu o pior.

Aya respirou fundo, olhando para a clareira. Sabia que a guerra estava longe de terminar.

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