A Luz na Escuridão

Aya sentava-se na borda de uma das muralhas da Fortaleza, observando o horizonte distante. A névoa densa ao redor da construção tornava impossível ver além, mas ela não conseguia desviar os olhos. Havia algo reconfortante em olhar para aquele vazio, mesmo que um eco constante de sua conexão com o Vazio sussurrasse no fundo de sua mente.

Kaoru a observava à distância, os braços cruzados. Ele sabia que Aya estava processando tudo o que havia acontecido — o confronto com Raijin, o selo que quase custou sua vida, e as palavras perturbadoras que agora ecoavam dentro dela.

***— Não adianta ficar remoendo\, Aya. O passado não pode ser mudado ***

Disse ele, finalmente se aproximando.

Aya virou o rosto para ele, sua expressão séria.

— E o futuro? Isso pode ser mudado? Ou já está escrito?

Kaoru suspirou, sentando-se ao lado dela.

— O futuro é feito de escolhas. Cada decisão que você toma molda o que está por vir.

Aya abaixou os olhos, observando suas mãos.

— Então por que sinto que já estou presa ao que o Vazio quer?

Kaoru balançou a cabeça.

— Porque ele é bom nisso. O Vazio não ataca diretamente. Ele planta dúvidas, alimenta medos, faz com que você mesmo se destrua. É assim que ele vence.

Aya franziu o cenho, apertando os punhos.

— Então, o que eu faço?

Kaoru colocou uma mão no ombro dela.

— Você luta. Não com raiva ou desespero, mas com equilíbrio. Você já mostrou que consegue harmonizar a luz e as sombras. Agora, precisa confiar em si mesma.

Antes que Aya pudesse responder, um som alto ecoou pela Fortaleza. Era um sino, grave e insistente. Kaoru levantou-se de um salto, os olhos fixos na direção do som.

— O que é isso?

Aya perguntou, já em pé e alerta.

— Um ataque

Respondeu Kaoru, com a voz tensa.

Eles correram juntos até o salão principal, onde os guardiões da Fortaleza estavam reunidos. No centro, um mapa brilhava com energia mágica, mostrando a área ao redor da construção. Pequenas figuras escuras moviam-se em direção à Fortaleza, cercando-a.

— São seguidores do Vazio

Informou um dos guardiões.

— Estão usando as fendas na névoa para nos cercar.

Kaoru analisou o mapa, a expressão sombria.

— Eles estão vindo com tudo. Isso não é uma tentativa de teste. Eles querem invadir.

Aya observava o mapa, o coração acelerado.

— O que podemos fazer?

Kaoru olhou para ela.

— Vamos para a linha de frente. Você está pronta para lutar novamente?

Ela hesitou por um instante, mas então assentiu.

— Estou pronta.

A muralha externa da Fortaleza era o primeiro ponto de defesa, e Aya e Kaoru posicionaram-se ali com outros guardiões. A névoa ao redor começava a se dissipar, revelando os inimigos que se aproximavam. Eram figuras sombrias, cobertas por mantos negros, com olhos brilhando em vermelho intenso.

Aya sentiu um arrepio ao perceber que as sombras ao redor deles pareciam vivas, movendo-se como se tivessem vontade própria.

— Lembre-se, Aya, mantenha o equilíbrio. Não deixe que as sombras tomem total controle

Disse Kaoru, preparando suas armas.

Aya respirou fundo, focando sua energia. A lança negra apareceu em sua mão, agora com um leve brilho prateado, representando a luz que ela havia aprendido a incorporar.

O ataque começou. Os seguidores dispararam projéteis de sombra, enquanto Aya e os guardiões reagiam com defesas e contra-ataques. A batalha era caótica, mas Aya sentia-se mais confiante do que antes. Cada movimento que fazia era preciso, cada golpe atingia seu alvo com força.

No entanto, algo estava errado. No meio da luta, Aya percebeu que os seguidores não estavam atacando com toda a força. Pareciam estar apenas distraindo-os.

— Kaoru!

Ela gritou, bloqueando um ataque.

— Eles não estão tentando nos derrotar. Estão nos segurando aqui!

Kaoru parou por um momento, os olhos arregalados ao entender o que ela queria dizer.

— Eles estão tentando entrar no salão principal!Sem esperar pela resposta, Aya correu em direção à Fortaleza. Kaoru gritou algo, mas ela não ouviu. Seu foco estava no coração da construção, onde o selo do Vazio permanecia.

Quando chegou ao salão principal, o ar estava pesado, carregado de uma energia sufocante. Aya viu um pequeno grupo de seguidores diante das portas seladas, entoando cânticos em uma língua que fazia sua pele arrepiar.

— Não!

Ela gritou, avançando com a lança em mãos.

Os seguidores viraram-se, mas Aya foi mais rápida. Com um golpe poderoso, ela dispersou a energia negra que eles estavam concentrando.

— Vocês não vão tocar nisso!

Declarou ela, posicionando-se entre eles e o selo.

Os seguidores atacaram, mas Aya manteve-se firme. Ela usava tanto a luz quanto as sombras, movendo-se com uma precisão que os surpreendeu. Cada golpe seu parecia ressoar com uma força que vinha de algo além dela mesma.

No entanto, ao derrotar o último seguidor, algo inesperado aconteceu. A energia que eles haviam reunido não desapareceu. Em vez disso, começou a se condensar em uma forma sólida.

Uma figura emergiu, alta e imponente, feita de pura sombra. Seus olhos brilhavam em um vermelho intenso, e sua presença fazia o ar ao redor vibrar.

Aya sentiu seu corpo congelar por um instante.

— O que… é isso?

A figura respondeu com uma voz grave e distorcida.

— Eu sou apenas um fragmento. Um eco do que está por vir. Mas para você, pequena Herdeira, eu serei suficiente

.Aya ergueu a lança, tentando esconder o medo que sentia.

— Eu não vou deixar você passar.

A figura riu, um som profundo e ameaçador.

— Veremos.A batalha começou.

Aya atacava com tudo o que tinha, mas a figura parecia inatingível. Cada golpe que ela desferia passava através das sombras, como se não houvesse nada ali para atingir.

— Lembre-se do equilíbrio, Aya!

Ecoou a voz de Kaoru em sua mente.

Aya fechou os olhos por um momento, tentando concentrar-se. Ela sentiu a energia ao seu redor, tanto a luz quanto as sombras. Lembrou-se de que as sombras só existiam por causa da luz, e vice-versa.

Quando abriu os olhos, a lança em sua mão brilhou com uma intensidade que nunca havia mostrado antes. Ela atacou novamente, e desta vez, o golpe acertou em cheio. A figura gritou, recuando.

— Isso não é o fim, Herdeira. O Vazio sempre encontrará um caminho.

Com um último rugido, a figura se desfez, deixando apenas silêncio no salão. Aya caiu de joelhos, ofegante, mas aliviada.

Kaoru entrou correndo, seguido por outros guardiões. Ele correu até Aya, ajudando-a a se levantar.

— Você conseguiu de novo.

Aya olhou para ele, exausta, mas determinada.

— Isso nunca vai acabar, não é?

Kaoru sorriu, embora seu olhar fosse sério.

— Não, mas enquanto você lutar, o Vazio nunca vencerá.

Aya assentiu, apertando a lança em sua mão. Ela sabia que a batalha estava longe de terminar, mas agora estava mais certa do que nunca de que tinha a força para enfrentá-la.

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