O Olho da Tempestade

A Fortaleza estava em alvoroço. Notícias de uma nova ameaça começaram a se espalhar, e com isso, o ritmo de trabalho na estrutura mudou completamente. As estratégias de defesa estavam sendo revistas, as patrulhas intensificadas e os guardiões, liderados por Aya e Kaoru, estavam se preparando para a possível chegada do inimigo. A sensação de urgência estava no ar, mas, ao mesmo tempo, uma calma tensa tomava conta dos líderes. Ninguém sabia o que estava por vir, mas todos estavam determinados a enfrentar o desconhecido.

Aya e Kaoru estavam no centro de tudo isso, discutindo com os outros guardiões sobre os próximos passos. Enquanto Tsukihara e outros guerreiros estavam preparando planos de ataque e defesa, Aya sentia uma presença crescente no horizonte. Não era uma presença que ela reconhecia, mas algo na energia do ambiente a fazia sentir que algo sombrio estava se aproximando.

— Aya, você parece preocupada. 

Kaoru observou, notando o olhar distante da jovem guardiã.

Ela olhou para ele, tentando disfarçar a apreensão, mas sabia que ele conhecia bem os seus sentimentos. Desde que havia aceitado o controle sobre o Vazio, Aya sentia uma conexão mais profunda com as energias ao seu redor. Era uma sensibilidade que a ajudava a detectar as mudanças sutis no mundo, mas também a fazia sentir as ameaças de forma mais intensa. E agora, aquela sensação era impossível de ignorar.

— Algo está prestes a acontecer, Kaoru. Eu sinto que… não é apenas uma ameaça física. Há algo mais profundo, algo relacionado ao Vazio, mas diferente de tudo o que já enfrentamos.

Aya respondeu, a voz tensa.

Kaoru ficou em silêncio, absorvendo as palavras dela. Ele também sentia que algo estava se aproximando, algo que estava além de sua compreensão. Era uma sensação que parecia se arrastar pela espinha, como se a escuridão estivesse se espalhando novamente, mas de uma forma diferente.

— Precisamos encontrar mais informações. 

Kaoru disse finalmente. 

— Se o que você sente for verdade, precisamos nos preparar melhor. Não podemos subestimar o que está vindo.

Aya concordou e ambos saíram em direção ao centro de comando da Fortaleza, onde Tsukihara e outros líderes estavam reunidos para discutir as ações a serem tomadas. Quando chegaram, o clima estava pesado. Mapas, livros antigos e pergaminhos estavam espalhados pelas mesas, e os guardiões estavam absorvidos em discussões urgentes.

— Aya, Kaoru, bom que chegaram. 

Tsukihara os cumprimentou com um olhar sério.

— Temos que agir rápido. A energia que estamos detectando nas fronteiras está em um nível que nunca vimos antes. Não é o Vazio comum que conhecemos. Algo muito mais profundo está se mexendo.

Aya se aproximou da mesa, seus olhos fixos no mapa diante dela. Ela sentiu o peso de cada palavra, mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela parecia conectado ao que Tsukihara dizia. O Vazio estava de fato se espalhando, mas não era como antes. Era como se algo tivesse se despertado nas profundezas, uma força que poderia ser mais poderosa do que qualquer inimigo que já haviam enfrentado.

— O que estamos enfrentando? 

Aya perguntou, sua voz determinada. Ela não estava mais disposta a esperar passivamente.

— Não sabemos exatamente. 

Tsukihara respondeu, sua expressão grave. 

— Mas estamos detectando um padrão estranho nas flutuações de energia. Parece que a fonte está sendo manipulada por alguém. Essa energia não é natural, Aya. Não é algo que Raijin poderia controlar. Algo muito mais antigo e muito mais perigoso está por trás disso.

Kaoru olhou para Aya, seus olhos carregados de preocupação. Ele sabia que, no fundo, isso não se tratava apenas de lutar contra uma ameaça externa. Era algo mais profundo, algo que tocava o próprio tecido da realidade. Algo que poderia afetar todos os guardiões, todos os mundos que existiam.

— E o que devemos fazer? 

Kaoru perguntou, sua voz séria.

Tsukihara parecia ponderar por um momento, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras.

— A única coisa que podemos fazer é investigar a fonte dessa energia. Precisamos encontrar o ponto central e entender quem ou o que está manipulando isso. Se deixarmos essa energia se espalhar mais, ela vai corromper tudo ao seu redor. Não podemos permitir isso.

Aya sentiu um arrepio em sua espinha. A sensação que ela tinha agora era ainda mais forte. Ela não sabia o que estava por trás dessa nova ameaça, mas tinha certeza de uma coisa: não seria uma batalha fácil. Era como se o próprio mundo estivesse sendo desafiado por algo que não entendiam.

— Vamos em frente, então. 

Aya disse, a decisão clara em seus olhos. 

— Precisamos agir rápido. Não podemos esperar que a energia se espalhe mais. Eu irei com Kaoru, juntos encontraremos a origem dessa força.

Os outros guardiões concordaram com o plano, e logo eles começaram a se preparar para a jornada. Aya sabia que esta não seria uma missão simples. Mas agora, mais do que nunca, ela sentia que tinha um propósito claro. Ela precisava entender o que estava acontecendo com o Vazio, e, mais importante ainda, ela precisava proteger aqueles que dependiam dela.

A jornada os levou para o coração da floresta de Kiro, um local que, há muito tempo, era considerado sagrado, mas que agora se tornara uma terra corrompida. A energia que emanava da floresta era densa, quase palpável. Aya sentia o Vazio dentro dela se agitar, como se estivesse sendo atraído por algo nas profundezas da floresta.

— Esse lugar… 

Kaoru sussurrou, seu olhar preocupado. 

— Não é como eu me lembrava. Algo está corroendo tudo aqui.

Aya apertou a mão de Kaoru, tentando se concentrar. Ela sabia que algo estava esperando por eles. Mas o quê? Quem estava manipulando a energia de maneira tão vil? O Vazio, o que restava dele, estava sendo puxado para este lugar, mas quem ou o quê estava orquestrando tudo isso?

Conforme avançavam, a vegetação ao redor se tornava cada vez mais distorcida. Árvores antigas estavam morrendo, seus troncos se retorcendo de uma maneira antinatural. O céu, antes claro, agora estava nublado e carregado de uma energia negativa. Aya sentia que estavam se aproximando do ponto de origem dessa corrupção, e seu coração batia mais rápido com cada passo.

De repente, eles chegaram a uma clareira. No centro da clareira havia uma grande rocha negra, que emitia uma luz fraca e pulsante. A energia que emanava dali era tão intensa que Aya quase podia tocá-la. Era como se o próprio Vazio estivesse ali, comprimido e esperando para ser liberado.

— O que é isso? 

Kaoru perguntou, com a voz tensa.

Aya se aproximou da rocha com cautela, sentindo a energia envolver sua pele. Era familiar, mas, ao mesmo tempo, algo completamente diferente. Ela estendeu a mão para tocar a rocha, mas antes que pudesse fazer isso, uma sombra escura se formou diante dela, tomando uma forma humana.

— Você veio mais rápido do que eu esperava, Aya.

A voz ecoou na clareira, fria e profunda, como se viesse de algum lugar distante.

Aya se afastou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Ela sabia que estava diante de algo muito mais antigo do que qualquer inimigo que já havia enfrentado.

— Quem é você? 

Aya perguntou, sua voz firme, apesar do medo que começava a crescer dentro de si.

A sombra sorriu, seus olhos brilhando com uma luz maléfica.

— Eu sou o que restou. O que sempre esteve à espreita, esperando para renascer. E agora, o Vazio será livre novamente.

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