Ecos da Escuridão

O salão estava mergulhado em silêncio. As portas do Vazio haviam sido seladas novamente, mas o ar ainda parecia pesado, carregado com a energia que escapara. Aya permanecia ajoelhada, sentindo o corpo tremular entre exaustão e alívio. O selo estava feito, mas algo dentro dela havia mudado.

Kaoru a ajudou a se levantar, sua expressão preocupada.

— Aya, você está bem?

Ela assentiu, mas seus olhos refletiam algo mais profundo, uma inquietação que ela não conseguia explicar.

— Consegui selar as portas, mas… o Vazio falou comigo. Ainda sinto a presença dele.

Kaoru franziu o cenho.

— Isso é esperado. Você tocou diretamente no núcleo da energia dele. O Vazio sempre tentará se conectar com aqueles que compartilham da sombra. Mas é sua força que determina se ele pode entrar ou não.

Aya olhou para Kaoru, a expressão carregada de dúvida.

— E se eu não for forte o suficiente?

Kaoru colocou uma mão firme em seu ombro.

— A força não é algo que você simplesmente tem. É algo que você constrói. E você acabou de provar que é capaz.

Antes que pudessem continuar, um ruído de passos ecoou pelo salão. Aya e Kaoru viraram-se rapidamente, em guarda. Uma figura emergiu das sombras, o som de botas ecoando contra as pedras.

— Finalmente, a tão falada Herdeira 

Disse uma voz fria, mas carregada de uma calma calculada.

Aya sentiu um arrepio ao olhar para o homem que se aproximava. Ele usava uma longa capa preta que parecia se fundir com as sombras ao seu redor. Seu rosto estava parcialmente coberto por uma máscara de metal, mas os olhos brilhavam com um vermelho intenso.

— Quem é você? 

Perguntou Kaoru, colocando-se entre Aya e o estranho.

O homem deu um leve sorriso, mas não respondeu de imediato. Ele olhou diretamente para Aya, ignorando Kaoru.

— Você acha que seu pequeno truque vai me deter? O Vazio está apenas começando a se mover, e você, herdeira, é a chave para libertá-lo completamente.

Aya apertou os punhos, ignorando o cansaço que pesava em seus ossos.

— Eu nunca ajudaria o Vazio.

O homem riu baixinho, como se sua resposta fosse ingênua.

— A escolha nem sempre será sua. A sombra dentro de você cresce a cada dia. Não, é algo que você pode simplesmente ignorar ou controlar. Eventualmente, ela tomará o que é dela por direito.

— Quem é você? 

Insistiu Aya, agora mais firme.

O homem inclinou levemente a cabeça.

— Pode me chamar de Raijin. Sou apenas um mensageiro.

Antes que Aya ou Kaoru pudessem reagir, Raijin ergueu uma mão, e as sombras ao redor deles começaram a se agitar. Tentáculos negros emergiram do chão, cercando-os. Kaoru puxou Aya para trás, sacando uma adaga feita de energia sombria.

— Aya, corra! 

Gritou ele, atacando as sombras.

Mas Aya não se moveu. Ela segurou a lança negra que se formava em sua mão, o coração batendo forte, mas com uma determinação renovada.

— Eu não vou fugir.

Kaoru olhou para ela, surpreso, mas não teve tempo para discutir. As sombras avançaram, e ele se lançou contra elas. Aya se preparou, a energia negra pulsando ao seu redor.

Raijin observava a cena com interesse.

— Então você já está começando a usar a sombra como arma. Interessante…Aya não esperou que ele terminasse. Ela avançou, a lança brilhando com energia escura, e atacou. Raijin desviou com facilidade, movendo-se como se previsse cada golpe.

— Tão impetuosa.

Ele comentou, sua voz calma enquanto se esquivava. 

— Mas sua técnica é crua. Você ainda não entende o verdadeiro potencial do que carrega.

Aya grunhiu, frustrada. Cada golpe que ela desferia parecia ineficaz. Raijin mal parecia se esforçar para evitar seus ataques.

Kaoru, lutando contra os tentáculos de sombra, gritou para ela.

— Aya, não lute da maneira que ele quer! Use o equilíbrio!

Aya fechou os olhos por um momento, tentando se lembrar do que Kaoru havia ensinado. A sombra não era algo para ser forçado — era algo a ser harmonizado. Ela respirou fundo, concentrando-se.

Quando abriu os olhos, a lança em sua mão mudou. A escuridão foi tingida por um brilho suave, como se uma luz emergisse do centro. Raijin parou, observando com interesse renovado.

— Ah, finalmente, a luz e as sombras juntas. Fascinante…

Aya avançou novamente, mas desta vez seus movimentos eram mais controlados, fluindo como uma dança. Raijin tentou desviar, mas a lança cortou o ar, passando perto o suficiente para rasgar sua capa. Ele recuou, uma expressão de surpresa cruzando seu rosto.

— Parece que subestimei você.

Admitiu Raijin, o tom mais sério.

Antes que a luta pudesse continuar, o som de explosões ecoou de fora da Fortaleza. Raijin ergueu a cabeça, como se ouvindo algo distante.

— Bem, parece que meu tempo acabou por enquanto.

Ele deu um passo para trás, e as sombras ao redor começaram a envolvê-lo. Aya avançou para impedi-lo, mas ele desapareceu antes que ela pudesse alcançar.

As sombras no salão se dissiparam, deixando Aya e Kaoru sozinhos.

— Quem era ele?

Aya perguntou, ofegante.

Kaoru balançou a cabeça, sua expressão sombria.

— Não sei, mas se ele está aqui, significa que o Vazio tem aliados mais poderosos do que imaginávamos.

Aya olhou para o selo nas portas, ainda intacto, mas sentiu uma sensação de desconforto.

— Ele disse que eu sou a chave para libertar o Vazio. E se… ele estiver certo?

Kaoru colocou uma mão firme em seu ombro.

— Ele está tentando plantar dúvidas em você. Não se deixe levar por suas palavras. O que você fez hoje mostrou que tem força para resistir.

Aya queria acreditar nele, mas as palavras de Raijin ainda ecoavam em sua mente. Ela sabia que a batalha estava longe de terminar e que o verdadeiro desafio ainda estava por vir.

Lá fora, o céu estava começando a escurecer, mas Aya sentia que a verdadeira noite ainda não havia chegado.

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