Constatação

Aurélio não olha para trás e a sai puxando pela mão, passando por entre as pessoas que estão distraídas com o palanque de políticos. Ele a direciona para um cômodo de limpeza e trancando a porta, a encara, pressionando o seu corpo contra a parede e sussurrando perto do seu rosto.

__ Eu te esperei a tarde toda\, fiquei plantado naquele estábulo na esperança que fosse aparecer\, será que já não tem palavra e cumpre o que diz!?__ Ela o olha assustada e\, ao mesmo tempo\, apaixonada.

__ Precisamos conversar\, por que está com ele? __ As perguntas a fazem tremer e as dúvidas ficarem mais acentuadas\, pois os seus olhos estão vidrados de ódio\, saudades e dúvidas.

__ Eu gosto dele e não tenho que lhe dar justificativas\, não somos nada um do outro e nem mesmo amigos. __ Ela mente e o empurra para se afastar do seu corpo\, que o desarma com as poucas palavras e o seu coração fica apertado.

Encarando uma ao outro, ele não acredita nas suas palavras e volta para junto do seu corpo, colocando o seu rosto rente ao dela, como uma fera ferida e atordoada de ciúmes.

__ Você quer dizer que cheguei tarde e que é verdade que está apaixonada por ele\, ou melhor\, vocês sempre estiveram juntos e eu nunca soube! __ Aurélio sofre olhando nos olhos da sua amada e a deixa sem graça novamente\, percebendo o seu constrangimento e a verdade em seus olhos.

__ Não lhe devo explicações\, você foi embora e fez a sua vida com a sua namorada\, não é mesmo? Eu também refiz a minha e estou muito feliz assim. Somos adultos e vivemos as nossas escolhas\, agora não venha me cobrar uma amizade que não existe mais e um sentimento que acabou com o tempo.__ Lívia fala saindo de perto dele\, quando de repente\, sente a sua mão lhe segurar pelo braço e a puxar para o seu peito forte e viril\, lhe tonteando com os eu perfume amadeirado e um hálito refrescante\, de quem bebeu uma bebida forte e está prestes a atacá-la com um beijo ardente.

A saudade os condenam, pois a vontade de ficarem juntos é maior que as dúvidas e o medo de serem pegos no flagra. Os lábios se tocam com voracidade e pressa para matarem o desejo que os consomem. Por alguns instantes, eles se entregam ao desejo e impulsionados pela saudade, cometem uma loucura inocente, beijando-se como dois apaixonados e sentindo que as palavras não condizem com o que sentem realmente.

Lívia agarra nos seus cabelos e ele nos dela, a sua mão a aperta em seu corpo, sentindo ondas de paixão e desejos. Ele ergue rapidamente o seu vestido, tocando as suas coxas grossas, entrelaçando a sua perna, a sua coxa, para um atrito quente entre a sua pele e a sua intimidade úmida e pulsante. As suas nádegas contraem ao seu toque, apertando o seu órgão na sua virilha, fazendo a sentir o seu desejo crescendo e pulsando no contato com o seu corpo.

Ela solta um gemido nos seus lábios e a sua boca desliza por seu pescoço, fazendo-a quebrá-lo para o lado, dando lhe permissão para continuar com as carícias e o fogo que os consomem.

__ Você viu a Lívia por aqui? Ela saiu com você até o banheiro\, onde ela está? __ Pedro pergunta para Viviane que está no corredor\, onde ficou de vigia\, quando viu a irmã ser arrastada para o quartinho.

__ Ela foi pegar uma bebida para nós duas\, foi naquela direção. __ Viviane gagueja apontando para a direção do bar\, mas antes de ir a sua procura\, Pedro diz baixinho\, quase inaudível:

__ Espero que tenha sido uma boa menina e feito o que te mandei\, caso contrário\, dê adeus ao seu trabalho. __ Viviane acena com a cabeça e faz uma cara de repulsa.

No quartinho, Lívia e Aurélio escutam a voz dos dois e olhando um nos olhos do outro, ficam em silêncio e curiosos com o assunto do outro lado da porta.

__ Precisamos conversar\, eu te espero amanhã na mangueira\, por favor não deixe de ir. __ Aurélio fala lhe beijando novamente e a fazendo tremer por dentro\, com o seu ímpeto de homem viril\, tendo a certeza de que tem muitos assuntos a serem tratados entre eles.

__ Eu não posso ir\, o que aconteceu aqui não acontecerá novamente\, sinto muito\, mas\, acabou e o tempo não volta. Adeus! __ Lívia sai apressadamente\, encontrando com a sua irmã e lhe agradecendo por ter lhe protegido.

Caminhando lado a lado com a sua irmã, ela pergunta:

__ Ele está te ameaçando?

__ Não se preocupe\, eu sei me defender\, mas te aconselho a ficar longe dele\, amanhã eu vou à fazenda e conversamos. __ Viviane sai apressadamente e deixa Lívia sem respostas\, o que lhe deixa incomodada e muito preocupada.

Por algum tempo, Aurélio fica parado dentro do quartinho, sentindo o gosto dos seus lábios e o cheiro da sua pele, na sua mão que leva na boca e respira profundamente, chegando a conclusão de que ela ainda gosta dele, o obrigando a descobrir a verdeira história por trás do relacionamento dela e do Pedro.