O Pacto Maldito de Ruby
O sol da manhã, como um pintor apaixonado, inundava a mansão com cores vibrantes. Ruby, de 18 anos, com seus traços infantis e olhos azuis como o céu, caminhava pela casa, maravilhada. Era a primeira vez que ela pisava ali. A herança inesperada de seu tio, um renomado artista, lhe presenteara com um paraíso.
As paredes, revestidas em tons pastel, pareciam sussurrar histórias. Flores de todas as cores e aromas enchiam os jardins, e a brisa carregava o perfume do jasmim até a varanda. Ruby, como uma criança em um parque de diversões, explorava cada cômodo, cada canto.
Até que chegou ao quarto no final do corredor, onde a luz parecia se recusar a entrar. A atmosfera era densa, quase opressiva. Lá, encostado em uma parede, estava um espelho antigo e imponente. Seu aro trabalhado em ouro e o vidro turvo emanavam uma aura de mistério.
Com cautela, Ruby se aproximou. Era como se o espelho a chamasse, a convidasse a adentrar seu mundo. Seus dedos roçaram a superfície fria, e um arrepio percorreu sua espinha. De repente, um movimento sutil no reflexo a fez parar.
Era como se um vulto se formasse dentro do espelho. Uma figura quase transparente, que lentamente tomava forma. Ruby arregalou os olhos. A silhueta, vaga e tênue, se assemelhava a ela mesma. Seus traços, porém, estavam distorcidos, como se fossem um reflexo sombrio e distorcido da sua própria imagem.
O medo gelou o sangue de Ruby. Quem era aquela figura? O que ela queria? O espelho parecia pulsá-la com energia, e a imagem, que antes era ténue, começava a ganhar cores, a se definir com nitidez. Ruby, tomada pelo pânico, se afastou, mas o espelho, como um imã, a atraia de volta, e a figura, com um sorriso quase maligno, se aproximava…
O medo se transformou em pavor. Ruby, presa entre a fascinação e o terror, sentiu um aperto no peito. A figura, agora quase real, abriu a boca e uma voz rouca, como o farfalhar de folhas secas, ecoou pelo quarto:
"Eu sou você, Ruby. Uma cópia, uma sombra. E eu vou entrar em você. Não adianta fugir."
A voz, gélida e sinistra, pareceu se infiltrar em seus ossos. A imagem no espelho, com um sorriso cruel, se estendeu, os dedos finos e translúcidos se esticando em direção ao vidro. Ruby, tomada pelo pânico, se afastou com um grito, cambaleando para trás.
A figura, como se zombasse de seu terror, deu uma gargalhada que ecoou pelo quarto vazio. Ruby, sem pensar, correu para fora do quarto, escada abaixo, a imagem do espelho gravada em sua mente.
Nos dias seguintes, Ruby tentou ignorar o ocorrido. A beleza da mansão, o cheiro das flores, a luz do sol que inundava os cômodos, tudo lutava para abafar a lembrança do espelho e da figura que o habitava.
Ela se dedicou a organizar a casa, a cuidar do jardim, a pintar. Mas o medo e a sensação de que algo a observava persistem. A noite, quando a escuridão cobria a mansão, Ruby se encolhia em sua cama, ouvindo os ecos da risada sinistra que ecoavam em seus ouvidos.
A cada olhar no espelho, a sensação de pavor a tomava. Ela tentava se convencer de que era apenas um pesadelo, uma brincadeira da sua mente, mas a figura, a promessa de que entraria em sua vida, persistia em sua memória.
E Ruby, com um coração apertado, sabia que a luta para manter sua própria identidade e se proteger daquela sombra que a copiava, estava apenas começando...
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Atualizado até capítulo 26
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