20. SOFRIMENTO NA INFÂNCIA ( CAPÍTULO SENSÍVEL )

AVISO

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Este capítulo contém cenas de abuso e violência contra menores de idade. Essa abrodagem pode ser uma leitura difícil para algumas pessoas, se for o seu caso, pule o capítulo.

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Tales

Me peguei lembrando da minha infância e de tudo que eu passei, e meu ódio só aumentava. Jamais ia deixar que o Miguel ou a Melissa passasem pelo que eu passei.

Meu pai, o seu Linconl era dono do morro e será pra sempre meu pai. Mas ele não era meu pai sanguíneo.

Ele foi quem me salvou da garras do meu maldito genitor. Aquele desgraçado, ele batia e maltratava eu e meu irmão, meu pai salvou a nós dois. Meu irmão foi quem mais sofreu, pois sempre se pôs a frente do meu pai para me proteger, meu irmão não era filho dele, então ele maltratava-o ainda mais. Ele chegava a abusar sexualmente do meu irmão na minha frente inúmeras vezes e depois de se satisfazer, com meu irmão, ele vinha pra mim. Muitas vezes ele fazia isso comigo com meu irmão desmaiado no chão do quarto, as vezes até sangrando.

Minha mãe não tinha boca pra nada, a real que não sei se ela sabia de tudo que nós passávamos, mas muita coisa ela fingia que não via, ela se dizia uma mulher da igreja e só sabia falar em Deus pelas ruas. Mas em casa apanhava do marido e deixava os filhos serem abusados. Sofri o inferno, muitas vezes rezei para que eu moresse, para que Deus levasse eu e meu irmão, porque aquilo não era vida e eu não aguentava mais. Eu só tinha 6 anos e já sabia oque era o inferno.

Até que um dia meu irmão e eu resolvemos fugir, e meu pai descobriu e foi atrás de nós, enquanto ele nos espancava na rua o Linconl apareceu. Ele viu a cena, e mandou que alguns homens segurassem meu pai em seguida ele me colocou no carro e pegou meu irmão quase morto do chão e levou pro carro ao meu lado.

Vi quando ele mandou que levassem meu pai para um tal quartinho, mas antes que saíssem com ele minha mãe apareceu e tentou bater neles para defender aquele maldito. Após a segurarem, ela olhou pra mim no carro e disse que me odiava que tudo isso era culpa minha e do meu irmão, que nós eramos o capeta em forma de gente e que desgraçamos a sua vida. Que eu e meu irmão tínhamos que morrer. Antes que ela dissesse mais uma palavra vi Linconl dar um soco forte em seu rosto e aqueles homens saírem arrastando minha mãe e meu pai.

Linconl nos levou para o hospital e depois de inúmeros exames nós ficamos em um quarto eu e meu irmão que acordou depois de alguns dias. Linconl vinha nos ver todos os dias. No primeiro dia eu levantei da cama, e abri a porta de fininho, pois não sabia bem onde eu estava ou oque iam fazer comigo e com meu irmão, e foi quando escutei uma moça falando ao Linconl que o caso era grave, que nós tinhamos inumeras fisuras anais, e que tudo indicava que eramos estuprados constantemente. Vi ódio nos olhos dele e vi ele sair dali. Mas depois de um bom tempo ele voltou e entrou no quarto, ele parecia bem tranquilo e falou que dali iriamos para casa dele que ele ficaria muito feliz em cuidar da gente. No início tivemos medo, meu irmão pensou até em fugir de novo, com medo que ele fosse outro demônio em nossas vidas, mas por algum motivo eu confiava nele, então resolvi ficar e convenci meu irmão a isso, eu rezava para não estar enganado, não aguentariamos mais sofrer, e no fim por sorte eu estava certo, ele foi o anjo que Deus colocou em nossas vidas. Ele foi nosso herói.

Hoje eu sei que ele torturou meu pai, e sei que aquele maldito mereceu o que teve, mas por anos a dor das palavras da minha mãe me assombraram. Hoje não mais. Hoje eu sei que ela não merecia esse título. Hoje eu sei que ser mãe é muito mais que apenas dar a luz, é amar, é cuidar, é zelar, é dar conforto nos momentos difíceis, é tudo que a Rebeca tem feito por duas crianças desconhecidas que eu coloquei na vida dela.

A história do Miguel me comoveu muito, porque eu sofri um inferno quando criança, e não desejo a criança alguma desse mundo passar pelo que eu e meu irmão passamos. E hoje aquele médico terá oque merece, assim como o maldito do meu pai teve. E se um dia eu puder fazer o mesmo por outras crianças ou até mulheres, pode ter certeza que eu farei.

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