16. VOCÊ SERÁ UMA ÓTIMA MÃE

Rebeca: Será que agora o senhor pode me falar o que está acontecendo?

Tales

Comecei contando pelo momento que vi Miguel sendo maltratado, o momento em que me mostrou o local que moravam, em baixo de papelões ao lado de uma lata de lixo, e Rebeca não parava de chorar. Confesso que eu mesmo não conseguia ser frio ao contar a história, pois era muito difícil.

Ao terminar de contar tudo, Rebeca me abraçou, e ficou ali em meus braços por um longo tempo, acabei retribuindo o abraço e ali permanecemos até que ela saiu de meus braços.

Rebeca: O senhor pretende adotar eles?

Tales: Já marquei uma reunião com meu advogado e vou providenciar para que sejam geradas certidões para os dois, ambos em meu nome e no seu.

Rebeca: Meu?

Tales: Não confio em ninguém para delegar essa missão. Criança é coisa séria, e tu sabe que tô sujeito a tudo na vida que eu levo. Se um dia me acontecer algo quero ter certeza que vocês três ficaram bem, e juntos.

- Sabe, eu nunca fui de me apegar, mas quando vi a situação dessas crianças eu não podia ficar indiferente.

Rebeca: Ainda mais com a sua história de vida né.

Tales: Parece que o Marlon falou de mais afinal.

Rebeca: Eu só quis dizer, que o senhor sabe o que é sofrer e mesmo com tudo que passou e com a vida que leva, ainda assim o senhor é uma boa pessoa e cuida muito bem desse morro e será um ótimo pai para essas crianças.

Tales: E você será uma ótima mãe.

Rebeca: Mãe, eu?

Tales: É oque eles precisam.

Rebeca: Tales, eu não sei se posso. Ainda mais depois da nossa situação mal resolvida.

Tales: Rebeca, você é quem sabe, mas iria adorar que eles pudessem contar com uma figura materna. Afinal, eu nunca levei jeito com crianças.

- O Miguel é fácil, que já é maior, mas a Mel é um bebê, e eu não sei nem trocar uma fralda. Todas as vezes que tentei trocar as fraldas do Marlon, eu fazia errado e vazava tudo.

Rebeca

Não pude conter a risada.

Mas logo começamos a nos olhar nos olhos e meu sorriso foi desaparecendo.

Então resolvi falar da minha mudança para mudar de assunto e quebrar aquele clima.

Rebeca: Acho que em menos de uma semana já posso me mudar.

Thales: Não sei mais se isso é o correto, com as crianças aqui.

Rebeca: Se quiser elas podem ir comigo e você fica com elas sempre que quiser. Mas o motivo da minha mudança não mudou senhor Tales, ainda precisamos nos afastar.

Tales: E se eu não quiser mais isso Rebeca?

Falou pegando na minha mão e me puxando para perto dele.

Tales: Seu beijo não me sai da cabeça.

Rebeca: É melhor pararmos por aqui, antes que esse assunto se estenda, lembre-se que agora temos crianças em casa.

Levantei e sai dali.

Rebeca: Boa noite senhor Tales.

Falei já subindo as escadas.

Chegando lá em cima eu me pus a chorar e a conversar baixinho com meu amor, queria explicar para o Marlon o significado daquele beijo mas sabia que não tinha explicação. Estava me sentindo pécima, mas ao mesmo tempo eu amei o beijo. Eu tentei evitar de pensar nisso o dia todo. Mas agora aqui, deitada nessa cama, com a Mel nos meus braços, só consigo pensar na vida que eu e Marlon teríamos, no filho que eu esperava e que não pode nascer, e também em todos esses sentimentos confusos.

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