10. QUERIA QUE EU USASSE BURCA

Tales

Era só o que me faltava.

Até ontem essa mina tava toda no luto, agora do nada resolveu virá uma puta, só pode ser doida mesmo.

Fui pra boca porque já tava de saco cheio dessa garota. Lá eu passei o dia, desci só pra almoçar no restaurante e já logo voltei. Não vi ela o dia todo e nem queria enfrentar ela de novo tava totalmente de saco cheio, toda vez que a vejo são brigas em cima de brigas.

Cheguei em casa era onze horas e me deparei com a mandada na porta de casa conversando com um dos vapores. É hoje que eu mato um.

Rebeca

Depois que o Tales saiu eu resolvi que não ia esquentar com isso, tomei meu café da manhã depois fui na casa da Bianca, fiquei lá horas conversando com ela, e ela me contando o tanto que a vadia deu para o Vicente. Não adianta, ela fala fala do Vicente mas no fim do dia, termina na cama dele, é sempre assim.

Quando deu seis horas da tarde eu voltei pra casa, tomei um banho demorado, deitei na cama e fiquei lendo e logo me deu fome, desci e pedi pra um dos vapores se podia ir pra mim buscar um lanche na barraca do seu Inácio perto da quadra, quando simplesmente do nada escuto um tiro. Os dois vapores sacaram as armas na hora e oque eu conversava me empurrou contra o muro para me proteger. Quando eu olho vejo que é o babaca do Tales.

Rebeca: Tá maluco idiota, quase me mata de susto.

Tales: Deu sorte que atirei pra cima, mas o próximo vai ser na sua testa, agora entra, anda.

Rebeca: Ficou maluco?

Franzi o senho, estava sem entender nada.

Tales: Rebeca, entra antes que eu mate um hoje.

Entrei sem entender a atitude dele.

Assim que estava dentro de casa e que ele fechou a porta o barraco começou.

Tales: Anda, tô esperando.

Rebeca: Esperando o que doido?

Tales: Que você me explique o que fazia vestida assim na beira da rua conversando com um dos vapores. Rebeca, por muito pouco aquele tiro não foi na cara dele, ou talvez até na sua garota.

Rebeca: Você é maluco só pode.

Tales: Vai falar ou não?

Rebeca: Não que seja da sua conta, mas eu tava conversando com ele, pedindo que fosse me buscar um lanche na barraca do seu Inácio porque me deu fome, só isso.

Tales: E não tinha outra roupa pra sair na rua?

Rebeca: Você queria que eu usasse burca?

Tales: Sinceramente..

Ele foi chegando mais perto, e começou a abaixar o tom de voz, o deixando com uma voz muito sexy.

Que porra de voz sexy Rebeca, se concentra.

Tales: Enquanto você morar aqui, acho que é uma ótima ideia.

Ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração.

Ele olhava atentamente para minha boca e eu não conseguia me mexer, fiquei ali travada sem saber o que fazer. Enquanto retribuía seu olhar, olhando fixamente para aqueles lábios carnudos.

Rebeca: O-oque está fazendo senhor Tales?

Depois de muito lutar minha voz saiu. Bem mais mansa do que eu gostaria, mas ao menos consegui falar.

Tales: Você tem me deixado maluco sabia?

Rebeca: Co-como assim?

Que porra Rebeca para de gaguejar caralho.

Tales: Só de imaginar um daqueles babacas te olhando me irrita de uma maneira que você não tem ideia.

Rebeca: E porque?

Nós ainda estávamos próximos e nossas vozes estavam carregadas.

Meu peito subia e descia, numa respiração pesada, e ele não parecia estar diferente de mim.

Tales: Eu vou me deitar.

Falou dando uma última encarada em minha boca em seguida olhou em meus olhos e saiu da sala, subindo para o seu quarto.

Ainda depois dele se afastar minha respiração demorou a se estabilizar.

Eu preciso cair em mim, eu sei o que tá acontecendo e tô tentando me enganar e fingir que não é nada. Isso não pode acontecer, o Marlon faleceu mas o Tales não deixa de ser meu sogro, isso não deixa de ser errado, acho até que chega a ser mais errado ainda.

Vou achar um emprego e sair daqui, preciso ser independente e sair de perto desse homem.

Subi pro meu quarto, até desisti do lanche, nem sei mais o que é fome depois de tudo isso.

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