17. MÉDICO

Rebeca

De manhã acordei com alguém se mexendo na cama e quando abri os olhos, a Mel estava sentada ao meu lado brincando com os pés. Ela era linda, bem loirinha, assim como eu. Se eu saisse na rua com ela e falasse que era minha filha, absolutamente ninguém diria o contrário.

Logo escutei um barulho de batidas na minha porta, mandei que entrasse e logo vi o pequeno Miguel aparecer por entre o fresto.

Miguel: Bom dia Tia, vim ver minha irmã, se ela está bem.

Rebeca: Está sim pequeno, e você como está? Dormiu bem?

Miguel: A minha cama é muito confortável, parecia que eu estava dormindo em cima de uma nuvem igual daquelas do céu.

- Meu irmão mora lá tia, lá no céu.

Falou apontando pela janela.

Rebeca: Você tem um irmão?

Miguel: Sim, ele que cuidava de mim, mas aí ele morreu e foi morar lá no céu.

Rebeca: Mesmo no céu ele continua te protegendo pequeno.

Ele assentiu e ficou quieto próximo a janela olhando para o céu.

Rebeca: E aí, vamos tomar café?

Miguel: A gente vai comer de novo?

Rebeca: Claro, assim que o senhor escovar seus dentes.

Miguel: Eu nunca comi tanto tia. Aqui a gente sempre come assim?

Meus olhos se encheram de lágrimas mas disfarcei.

Rebeca: Claro que sim, agora vamos que vou pegar uma escova pra você escovar os dentes.

Fui até o banheiro e ensinei ele a escovar os dentes e aproveitei para escovar os da Mel, com uma escova para bebês que havia na sacola de ontem. O Tales pensou em absolutamente tudo. E ainda vem querer me dizer que não leva jeito com crianças.

Antes de descermos peguei meu celular. E nele havia uma mensagem do Tales.

Tales: Estou com B.O. na boca, vou tentar ir pra casa na hora do almoço ver as crianças. Por favor, leve eles ao médico, já conversei com o pessoal do hospital e avisei para que façam exames de rotina nas crianças para saber se estão bem de saúde.

Respondi que foi bom que vi a mensagem dele agora que íamos então antes de tomar café para que estivessem em jejum.

Quem vê o Tales assim preocupado nem pensa que é um dos maiores traficantes do Rio.

Rebeca: Querido, antes de comermos nós vamos ao médico tá bom?

Miguel: Médico é quando a gente tá doente, eu não tô doente tia. A Mel tá doente?

Rebeca: Não é isso querido, é que como você e sua irmã não iam ao médico aí tem que ir pra saber se está tudo bem mesmo.

Ele me olhou receoso, mas logo aceitou.

Fomos até o hospital do morro e um dos vapores havia nos acompanhado e chegando lá as enfermeiras levaram o Miguel e Mel para realizarem coleta de sangue, e passado poucos minutos me pediram ajudar para que pudessem realizar a coleta na Mel porque ela acabou se agitando. Até aí estava tudo bem, mas derrepente escutei gritos do Miguel, e sai da sala correndo pelo corredor com a Mel ainda em meus braços. E Miguel correu até mim me abraçando forte na região da cintura.

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