Ganhando a confiança de Agnus

Embora Emily tenha dormido em um aposento separado de seu marido, agora Rei Angus, ela sabia que não poderia fugir para sempre da responsabilidade de junto com o Angus gerar um Herdeiro, digno de assumir o trono.

O som das pesadas botas de Angus ecoava pelos corredores silenciosos do palácio. Era tarde da noite, mas o cansaço que normalmente pesava sobre seus ombros estava ausente. Em seu lugar, havia uma determinação inabalável. Uma semana havia se passado desde a coroação, uma semana desde que ele e Emily haviam sido unidos pelos laços sagrados do matrimônio, mas o casamento ainda não tinha sido consumado. Angus, o novo rei, era conhecido por sua impaciência em questões de estratégia, e essa situação específica havia exaurido toda a sua pouca tolerância.

Chegando à porta dos aposentos de Emily, ele hesitou por um momento, mas rapidamente afastou qualquer incerteza. Isso terminaria naquela noite. Ele estava decidido a cumprir seu dever, independentemente do que isso pudesse significar para ele ou para ela. Sem bater, ele empurrou a porta e entrou.

Emily estava sentada na beira da cama, como se já o esperasse. Seu vestido de noite era simples, mas de uma elegância discreta, deixando clara sua realeza. Quando ela levantou o olhar para ele, havia uma suavidade em seus olhos que Angus não esperava encontrar. Ele havia se preparado para uma resistência, para um embate de vontades. Mas o que viu quando olhou para Emily o desarmou por completo.

Ela sorriu levemente, um gesto que poderia ter sido reconfortante, mas que, para Angus, acendeu uma chama de desconfiança. Havia algo em sua receptividade que não parecia certo. Por dias ele a observou, notando cada pequeno gesto, cada palavra não dita, e embora não pudesse definir exatamente o que, ele sentia que algo estava fora do lugar. Contudo, seus pensamentos foram rapidamente tomados por outra coisa, algo que vinha crescendo dentro dele desde o momento em que trocaram votos. O desejo de consumar o casamento, de completar a união que lhe haviam prometido, queimava em sua mente.

— Majestade, "Angus," Eu sabia que viria.

Ela disse, sua voz era baixa, quase um sussurro, mas carregada de uma calma que não combinava com a tensão que ele sentia.

Ele permaneceu em silêncio, aproximando-se dela com passos medidos, enquanto tentava discernir o que estava por trás daquela serenidade. Seria submissão, resignação, ou um jogo que ela pretendia jogar? Mas quanto mais pensava nisso, mais sua determinação crescia, apagando as dúvidas que tentavam se instalar.

— Emily, Já passou tempo demais. Isso termina hoje.

Ele finalmente respondeu, sua voz firme, mas com um tom mais sombrio.

Ela assentiu lentamente, e o sorriso em seus lábios não vacilou.

— Se é isso o que deseja, meu rei, então que assim seja.

Angus sentiu um nó se formar em seu estômago. Algo na maneira como ela se dirigia a ele parecia errado, mas ele empurrou a sensação para longe. O que importava, no fim das contas, era que o casamento fosse finalmente consumado. Ele precisava deixar sua marca, cumprir o papel que lhe fora destinado.

Enquanto ele se aproximava, Emily se levantou da cama, parando bem diante dele, seus olhos encontrando os dele sem desviar.

Angus não conseguiu deixar de notar como ela parecia...

* Calma. Demais. O que ela estava planejando? *

A dúvida piscava em sua mente, mas ele a ignorou. O desejo de finalmente tomar o que era seu suplantava qualquer suspeita.

— Se está planejando algo, Emily...

Ele começou, mas ela o interrompeu, seus dedos pousando suavemente sobre os lábios dele.

— Angus, Eu sou sua esposa. Esta é a nossa noite. O que mais haveria para planejar?

Ela murmurou, com uma intimidade que ele não esperava.

Por um instante, ele considerou suas palavras, buscando algum indício de traição em sua expressão, mas não encontrou nada além de uma aceitação serena. Ele sabia que deveria ser cauteloso, que talvez estivesse caindo em uma armadilha. Mas o desejo era um adversário forte, um que Angus não estava disposto a lutar naquela noite.

— Então, que assim seja.

Ele finalmente respondeu, sua voz rouca de uma mistura de determinação e anseio.

Emily recuou um passo, permitindo que ele se aproximasse ainda mais. E naquele momento, todas as suas dúvidas, todo o seu ceticismo, foram varridos para longe. Não importava mais o que ela pudesse estar tramando, se é que havia algo. Tudo o que importava era que, finalmente, ele completaria o que havia sido iniciado uma semana atrás.

E naquela noite, sob as sombras pesadas do palácio, Angus selou o destino que ambos haviam escolhido, ignorando as incertezas que persistiam no fundo de sua mente, certo de que a consumação de seu casamento era tudo o que realmente importava.

Na manhã seguinte, Emily acorda e vê que Angus dormiu ao seu lado, as lembranças da noite anterior não paravam de passar na sua mente. Seu coração a cada lembrança ficava mais acelerado.

Enquanto isso, nos aposentos de Angus, Piter chega para lhe ajudar a se preparar para os deveres reais do dia. Mas não encontra Angus em seu quarto.

— Você viu o Rei?

Perguntou Piter a um dos guardas que ficava à porta dos aposentos reais.

— Ele passou a noite com a rainha nos aposentos dela.

O coração de Piter partiu no meio ao ouvir aquelas palavras. E em seus pensamentos ele diz.

* Já devia estar preparado para isso, afinal eles estão casados.*

Antes que Piter pudesse falar mais alguma coisa, Evelyn chega chamando ele aos aposentos da Rainha Emily.

Enquanto os dois vão em direção a localização de suas majestades, Evelyn aproveita para alfinetar Piter.

— Emily, passou uma noite de amor ardente com o Rei.

Ela fala vendo a tristeza nos seus, não se orgulha de ferir o coração de Piter, afinal ela quer que ele perceba que Emily não servirá para ele, pois já pertencia ao Rei.

— Tudo isso é culpa sua.

Piter responde, lembrando que ela foi causadora desse casamento ter acontecido.

Evelyn por sua vez se faz desentendida e continua o seu caminho chegando ao quarto de Emily.

Os guardas abrem a porta para Evelyn e Piter, afinal se sabe que estes são os criados pessoais do rei e da rainha.

A visão para Piter foi devastadora, Emily deitada nos braços de Angus, os dois acordados. Não parecia que o casamento fosse apenas uma aliança política. Pareciam um casal apaixonado. Isso quebrou o coração de Piter em pedaços, e Evelyn vendo essa cena sabia que o seu plano estava a dar certo.

Alguns dias antes.

O sol se punha sobre o reino de Morsaden, tingindo o céu com tons de vermelho e laranja enquanto os últimos raios de luz atravessavam as janelas do palácio. O clima ainda era de celebração, a recente coroação de Angus e o casamento real eram motivos de festa para toda a nação. No entanto, nas profundezas do palácio, longe das músicas e danças, uma sombra pairava sobre Emily.

Evelyn, uma das empregadas de confiança de Emily, estava sentada diante da nova rainha, sua expressão grave e os olhos carregados de uma tristeza que ela lutava para disfarçar. Emily, ainda se adaptando ao papel de rainha e esposa, sentia uma preocupação crescente enquanto observava a jovem que havia pedido uma audiência urgente.

— Evelyn, o que houve?

Emily perguntou, a voz suave mas carregada de autoridade.

Evelyn mordeu o lábio inferior, hesitando por um momento antes de falar.

— Sua Majestade, há algo que preciso the contar... algo que aconteceu na noite da cerimônia.

Emily sentiu o coração apertar. Evelyn era uma pessoa de poucas palavras, sempre dedicada ao seu trabalho. Algo a perturbava profundamente, e Emily sabia que precisava ouvir.

— Continue.

Emily incentivou, inclinando-se levemente para frente.

Evelyn respirou fundo, reunindo coragem.

— Foi Piter, Sua Majestade... Ele bebeu muito durante a celebração. Estava fora de si quando voltou para o quarto dos empregados.

Emily franziu a testa, surpresa. Piter sempre foi um homem de honra, alguém em quem ela confiava com a própria vida. Mas as palavras seguintes de Evelyn a chocaram.

— Ele forçou-me, Sua Majestade, Eu tentei resistir, mas ele estava fora de controle. Não havia nada que eu pudesse fazer para impedi-lo.

Evelyn confessou, a voz tremula.

Por um momento, o mundo de Emily pareceu parar. O nome de Piter, o homem por quem ela havia sacrificado tanto, estava agora manchado por uma acusação grave. O que Evelyn havia contado parecia impossível de acreditar, mas o olhar assombrado da empregada lhe dizia que era a mais pura verdade.

Emily sentiu uma onda de frustração e decepção crescendo dentro de si. Piter, o homem que ela havia arriscado sua vida para libertar, havia traído não só sua confiança, mas também os princípios que acreditava que ele defendia. Sua decisão de se casar com Angus, feita em parte para salvar Piter, agora parecia ter sido em vão.

Com a mente em turbilhão, Emily dispensou Evelyn, prometendo-lhe que a situação seria tratada, mas suas palavras soaram vazias até para si mesma. Enquanto a empregada saía da sala, Emily ficou sozinha com os seus pensamentos.

*Tudo que ela havia feito, todos os sacrifícios... e por quê? Por um homem que, quando teve a oportunidade, usou sua posição de poder para ferir uma inocente?*

Nos dias que se seguiram, Emily se afastou de Piter, mergulhando em suas próprias reflexões. A decepção que sentia se transformou lentamente em determinação. Ela sabia que precisava fazer algo a respeito, mas mais do que isso, precisava tomar uma decisão sobre sua própria vida. Angus, seu marido, era um homem que ela mal conhecia, mas talvez fosse hora de realmente assumir seu papel como rainha e esposa.

Se preparar psicologicamente para isso não foi fácil. Emily sabia que Angus não era um homem paciente, e que mais cedo ou mais tarde ele iria reivindicar seus direitos como marido. E assim, enquanto os dias passavam, Emily se preparava. Durante uma semana, ela revisitou cada decisão que a havia levado até ali, cada escolha que fizera em nome de Piter. Agora, essas escolhas pareciam tão vazias quanto a cama em que ela dormia todas as noites.

Ela sabia que o dia chegaria em breve, o dia em que Angus não suportaria mais esperar. Quando finalmente chegou o momento, Emily estava pronta. Ou, pelo menos, tão pronta quanto poderia estar. Ela sabia que havia tomado sua decisão: ο casamento seria consumado, e ela daria uma chance ao homem que agora era seu marido. Não por amor, nem por dever, mas porque entendia que precisava seguir em frente.

Quando a porta do quarto se abriu naquela noite, Emily não se surpreendeu. Ela viu Angus entrar, a determinação nos olhos dele refletida na sua própria expressão. O que aconteceria a partir dali era inevitável, mas Emily agora estava em paz com isso.

Ela tinha feito sua escolha. E estava pronta para lidar com as consequências.

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