Capítulo 19

Keith Sullivan~

— Bom minha filha, não tem porque eu mentir e se quiser falar com o Senhor Enrinco. Aproveita, que ele ainda não foi para a delegacia. Está no escritório dele, mais bata na porta antes, pois ele não gosta de ser interrompido. E por favor minha filha, ele está de bom humor hoje, então não o provoca.

— Provocar? Ele é que me provoca o tempo todo Samanta. E tenho certeza que ele não me deixou dormi até essa hora atoa! E eu vou até ele agora..

Falo andando em direção ao seu escritório e claro com a garganta seca.

E eu bato na porta de seu escritório e basta ouvir a sua voz, que sinto meu coração bater um pouco mais acelerado e eu me recomponho.

E eu entro e claro quando o seu olhar se levanta até a mim, fica sem jeito e cruzo minhas pernas. E só agora eu percebo que estou é de saia..  e dessa vez eu prometo que não foi de forma proposital.

E seus olhos é como uma enigma para mim, e eu vejo a sua iris mudar.. se transformando em um verde mais intenso do que o normal e eu fico até perplexa e admirada.. nunca tinha visto algo assim ou devo está vendo coisas.

— Você vai mesmo ficar aí quase babando? Se quer falar alguma coisa, seja rápida! Porque trabalho é que não falta para mim e você sabe que não gosto de distrações!

— Desculpaa-aa.. eu..

E sabe quando suas palavras parecem sumir e acaba te traindo? Agora sim.. eu quero fugir.. fugir desse seu olhar que parece correr em minha alma.

E ele continua me olhando querendo uma resposta do porque de eu ter interrompido ele.. como se eu fosse algo sem importância, como ele mesmo falou.

— É que eu não queria ter acordado essa hora Enrinco.. eu perdi a hora e sei que dessa vez você não vai me perdoar.. e eu sei que eu perdi o horário de ir para o orfanato e eu estou me sentindo muito mal, pois não queria faltar e não quero que pense que eu estou fingindo, porque não estou.

Falo bem desesperada e claro com receio de ser chamada atenção novamente.

E ele me olha por longos segundos, como se estivesse analisando tudo o que eu falei e depois ele fala.

— Não se preocupe com isso senhorita Sullivan! Dessa vez eu que autorizei a Samanta te deixar dormi até tarde.. afinal, lhe agradeço por ontem ter cuidado de mim e sei que deve, na verdade sei que ficou cansada e não era sua função fazer aquilo e hoje não é o seu dia de ir para o orfanato. Esqueceu que era só duas vezes por semana? Você já cumpriu sua carga horária lá.

E confesso que eu fico surpresa com essa mudança dele repentina comigo, mais não quero também que ele pense o pior de mim.

— Eu não cuidei de você, por intesse Enrinco.. eu realmente não queria acordar essa hora e preferia sim hoje ter ido no orfanato novamente.

— Você está concluindo isso, não falei que foi interesse da sua parte Senhorita Sullivan.

Como sempre.. usando de seus raciocínios lógicos. Argh, porque todos homens da lei são assim?

— Não me intérprete mal e nem tem que me agradecer, na verdade só retribui o que você também fez comigo naquela noite do meu pesadelo...

Falo não querendo me lembrar.

— Eu fiz com você o que faria com qualquer pessoa senhorita Sullivan!

Porque esse homem sempre tem quer ser arrogante?

— É claro, quem sou eu na fila do pão né Enrinco? Ainda mais se tratando da sua fila. Ain perdão.. esqueci.. Senhor Enrinco, ou delegado, vossa alteza.. enfim.

— Porque você tem quer ter essa língua tão afiada hein menina?

Ele fala soltando uma risada de canto, e confesso que meus olhos até se arregalam.

— Meu Deus, você sorriu mesmo!! Isso não é uma miragem. E nossa, ainda bem! Pensei que você era banguela, de tão sério que sempre fica.

Falo rindo e ele simplesmente fecha o seu rosto na hora e volta ter essa postura de Pitbull raivoso. Sim, eu dei esse apelido para ele, que claro ele nunca vai saber, mais eu morro de rir sempre quando o chamo assim, internamente óbvio.

— Pelo visto quem está afim de ficar sem sorriso hoje é você!

— Você por acaso vai arrancar os meus dentes? Eu sempre soube que você era um delegado cruel.

E ele se levanta e ops.. acho que ele vai me matar agora e me enterrar nesse seu quintal.

E ele vem até a mim e eu quero fugir pela porta.

— Eu disse que hoje você pode descansar! Mais só vai depender de você e principalmente dessa língua que sempre te condena!

E ele fica cada vez mais perto de mim, e claro perco o raciocínio..

— Então.. eu posso sair Enrico?

Falo com os olhos um pouco brilhando e ele levanta uma de suas sobrancelhas.

— Sair? Para onde você quer ir? E com quem?

E ele segura meus braços um pouco forte e eu tento me soltar dele e ele me solta.

— Desculpa... Na verdade, eu não disse que te daria o dia para você sair e fazer o que quiser e sim para descansar, porque sei que ontem, tanto eu como você, foi um dia cansativo. Mais pelo visto, você já está querendo abusar! Então se quer alguma coisa para fazer, então vamos lá. Porque coisas são o que não falta para fazer aqui!

E ele deu a louca novamente, e eu respiro fundo fingindo ter a paciência que eu não tenho.

— Não Enrinco, eu estou cansada.. mais se você quiser me levar no orfanato, eu iria sem reclamar.

— Você? A filhinha do papai querendo voltar em um lugar que nunca deu importância?

Ele fala rindo ironicamente.

— Sim, Enrinco! Tem razão. Eu passei muito tempo da minha vida, sem da a verdadeira importância para muitas coisas. E claro, que não posso mais mudar o tempo perdido que eu gastei. Mais ontem, confesso que algo aqui dentro de mim mudou, ao olhar para uma realidade que eu nunca tive contato. Vendo tantas crianças órfãs, que precisam de amor, cuidado e principalmente aquelas mais fragilizadas. Talvez, o que eu estou falando não muda nada o que eu sou para você, mais quero dizer que essa Keith do passado que você adora jogar na minha cara, não sou mais. E se você queria que eu chorasse para ir embora de lá, agora eu que te agradeço se me deixar por lá. Bom, não irei tomar mais o seu precioso tempo, bom trabalho delegado!

Falo, saindo pela sua porta e sentindo o seu olhar totalmente diferente para o que eu acabei de falar, e pela primeira vez orgulhosa estou orgulhosa de mim! Uau, falei tão bem, mais dessa vez veio daqui, do coração. Não foi nada ensaiado e nem montado e realmente eu queria mesmo voltar lá naquele orfanato e ver a florzinha. Será que ela está bem? Não sei porque, mais tem algo nessa menina que me faz querer cuidar dela. Ela é tão debilitada e não tem ninguém, e isso é o que mais me dói.

— Eai, menina? Agora acredita em mim?

A Samanta vem até a mim.

— É Samanta, você estava certa! Mais eu sigo desconfiando ainda do Enrinco.

— Oh Minha filha, não deveria! Ele é um homem de palavras e não volta atrás quando dá uma.

A Samanta defende ele tão bem, que nossa.. parece até um filho para ela.

E ela claro, me puxa para tomar um café da manhã e confesso que até me surpreendo por ele ser bem reforçado.

— Ain Samanta, desse jeito vou engordar. E olha, que estou sem ir para a minha academia a meses, também acho que nunca mais vou voltar a pisar meus pés lá. De tão cara que é a mensalidade dela.

Falo sonhando com ela, pois só em sonhos devo voltar a pisar lá.

— Oh menina, mais temos uma academia aqui no condomínio, mais é claro que só os patrões podem usar, os empregados não e inclusive o senhor Enrinco sempre está indo lá.

E logo a minha mente que me trai, traz a imagem dele malhando, com aqueles braços de fora dele todo sarado.. aquela barriguinha de shaipe.. ain Sangue de Jesus tem poder... NÃO KEITH! PARA. TENTA VER ELE COMO UM VELHO, TODO BANGUELA E QUASE CAINDO AOS PEDAÇOS, SÓ ASSIM PARA EU TIRAR TODO ESSE DESEJO ARDENTE POR ELE!

E a Samanta chama meu nome mais uma vez, e eu acordo... Saindo desses pensamentos impuros meus.

— Você parece no mundo da lua.

— Pior do que isso Samanta.. mais bom, deixa eu comer. É muito melhor afogar minhas lágrimas do que eu não posso ter, aqui.

E depois que eu acabo de tomar um bom café, confesso que sinto até meu estômago cheio.. foi um brunch. Que é café mais almoço! E como eu não gosto de ficar sem fazer nada, eu peço para a Samanta deixar eu ajudar ela na lavanderia, assim é bom que eu lavo umas peças de roupas minhas.

— Ain meu Deus, será que o Enrinco achou aquela blusa que eu queimei sem querer? Se ele achar, literalmente sou uma mulher morta para ele.

O que era em pensamentos, acabo falando alto.

— Ah, então foi você que fez o estrago em uma das minhas blusas preferidas? Eu já estava vindo aqui para simplesmente tirar satisfação com a Samanta!

E minhas pernas tremem ao ver que eu não estou ouvindo essa voz do nada.. é o Enrico, e ele está furioso ao me olhar com a sua blusa um pouco queimada.

E eu fico sem saber o que fazer.. então só me resta se fazer de maluca, para ver se ele sente pena de mim, e me dá um desconto.

E quando eu ia me abaixar aos seus pés, ele me segura.

— Não! Nem tenta achar que vai me manipular com essa sua maluquice! O que eu faço com você hein? Primeiro aquela comida horrível que mais parecia lavagem, agora isso? O que você tem na cabeça criança? Por acaso só tem idade!? Pois a sua mentalidade é de uma criança!

E ele fala cuspindo as palavras de forma grosseira para cima de mim e eu me controlo.

— Enrico.. eu não queria de verdade e nem fiz de propósito! Acredita em mim.. eu estou falando a verdade dessa vez. Olha, eu fiz de tudo para essa blusa voltar ao normal.. e olha, até que ela não está tão ruim assim.. e já pensou, era pode até virar moda.

Falo tentando tornar as coisas menos ruim, mais ele fica ainda pior do que está.

— Chega! Você sabe? Sabe quem me deu essa blusa? A mulher mais importante que eu tenho na minha vida! Minha mãe e tudo que sobrou dela. E você faz isso? Ah, mais eu esqueci laços de família nunca foi o seu forte! Na verdade, pessoas da sua geração são assim, fúteis e totalmente sem valores. Você tem sorte é de não ter um filho! Pois imagina, uma mente de criança, educando outra criança?

E dessa vez ele pega pesado demais e me ataca na maior ferida aberta, que quase ninguém sabe.

E lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Você vai de arrepender por ter falado essas coisas.. você pensa que sabe sobre mim! Mais só pensa, porque na verdade você não sabe de nada Enrinco! E você não é justo! Pois que tipo de homem justo você é? Se na primeira oportunidade você me ataca? E nem se quer procura entender a minha versão! Eu só sirvo para você condenar e julgar, eu pensei que o meu pai fazia esse papel muito bem, mais eu estou vendo que você se tornou bem pior do que ele!

Falo com lágrimas nos meus olhos e eu viro as costas para ele, e ele me segura pelos braços forte e me obriga a olha-lo.

— Não vira as costas para mim!

— Se você quer que eu sinto medo de você Enrinco, muito bem! Você conseguiu? Agora, respeito, isso você jamais irá conseguir! Pois é algo que você precisa me força e é exatamente isso que você está fazendo agora!

E ele solta os meus braços com os olhos querendo pegar fogo e eu saio correndo, e passo pela Samanta.

— Menina, o que aconteceu? Porque está chorando?

— Nada Samanta.. nada..

Falo com a voz chorosa e só quero sair daqui e ouço o Enrinco de longe.

— Não vai Samanta! Deixa ela!! Pois é uma mimada que não gosta de ouvir as verdades nua e crua!

— Oh senhor Enrinco.. mil desculpas.. mais acho que o senhor está pegando muito pesado com a bixinha..

— Ela precisa aprender a me respeitar! E também saber que quem manda e desmanda nessa casa!

E eu confesso que não quero mais ouvir a voz desse homem insuportável! E ele terá, terá essa Keith fria e distante com ele! Eu não irei dá mais confiança e nem tentarei extrair nenhuma qualidade dele, se é que ele possa ter.

E eu chego no meu quarto e pego o meu querido diário onde abro ele em 7 chaves.

E coloco o nome dele junto ao do Cristopher e risco com uma caneta negra!

— Vocês dois são uns idiotas! E por isso merecem o meu desprezo e ser apagado da minha vida!

Falo riscando outra vez o nome dele e guardo a minha agenda.

(...)

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