Capítulo 15

Keith Sullivan~

— Tinha que ter sido você menina! Depois que você chegou, isso daqui virou um furacão e se alguma coisa acontecer com a irmã Glória.. você sabe, que pagará muito caro..

— Mais foi você que me pediu para limpar aquele lugar! Então você também está errada.

Falo enfrentando essa freira malvada. Tudo só podia ter feito de um plano dela para me ver mal.

— Já chega vocês duas!! Discutir agora não irá resolver nada.

A madre fala alto e estressada, o que me faz parar.

E logo a porta é aberta.

— Doutor Clark.. como está a irmã Glória? Está bem?

E quando eu olho para trás, eu vejo um doutor e nossa.. não sabia que era um homem novo.. na minha cabeça só imaginava um homem velho e com bengalas.. porque só estou pensando assim ultimamente? Como foi no caso do meu querido chefe.

E eu fico sem jeito quando ele me olha de uma forma intensa, porém desvio o meu olhar do dele.

— Madre, não tem que se preucupar a princípio.. a irmã Glória já se encontra bem e medicada. É claro que ele sofreu uma lesão e precisa de repouso e tomar os remédios que eu passei para ela na hora certa. Então aconselho, ela não fazer mais esforço e sempre ter uma ajuda nesses primeiros dias para se levantar, comer e até se banhar. Ela irá precisar para que tenha uma recuperação boa, se não isso pode agravar a lesão.

E sua voz grossa e até marcante oriunda penetra todo o ambiente, mais por um lado eu fico aliviada e feliz em saber que não aconteceu nada de pior e eu pego as mãos da madre, como uma última súplica.

— Eu sei que depois do que aconteceu madre, eu nunca mais venha pisar nesse orfanato.. mais pelo menos deixa eu ver a irmã Glória e pedir desculpas para ela.

— Mais de jeito nenhum! Você acha mesmo que a irmã glória irá querer falar com você, depois do que você acabou de aprontar menina?

E quando eu ia essa freira,  responder, a madre me interrompe.

— Chega! Se for para culpar alguém no que acabou de acontecer.. a culpa seria das duas! Pois você também errou irmã Flávia em pedir para a menina limpar aquele piso logo no primeiro dia dela. Ela é inexperiente e os pisos daqui a senhora sabe que eles escorrega. Foi também falta de atenção e informações da sua parte! Mais acredito que por hoje, seus serviços estão feito menina. Depois que passar para ver a madre, vai para a casa e amanhã venha que será um outro dia.

E eu agradeço a madre mesmo que desesperada.

— Obrigada pelo voto de confiança madre.. eu não quero mais atrapalhar a senhora e ninguém.. então acho melhor eu ir logo para ver a irmã glória.. só não sei onde é o quarto dela.

Falo me levantando as pressas e pegando minha pequena bolsa.

— Eu posso leva-lá até a irmãGlória, pois também já estou de saída.

— Oh não se incomoda doutor Clark..

— Não é incomodo nenhum madre.. e foi um prazer pode reve-las.

— O prazer é sempre o nosso doutor Clark. E o senhor sabe que sempre é bem-vindo aqui em todas as horas, não só quando todos estão doentes.

E ele rir largo e depois me olha sério e eu recuo um pouco.

— Vamos então?

— Ah.. sim.. com licença.

Falo passando por ele e saio escritório da madre e caminho ainda sem jeito, pois sei que ele está atrás de mim e eu paro.

— É.. eu acho melhor o senhor ir na minha frente.. pois eu nem sei onde é o quarto.

Falo tímida e ele rir.

— Por favor.. não me chame de senhor.. sei que sou velho, mais não tanto assim.

— Ah.. desculpa.. não queria ofender o senh.. quer dizer.. você.

Falo rindo.

— É a sua primeira vez aqui mesmo?

—  Sim.. eu estou começando hoje como voluntária. Mais porque o espanto?

— Porque se eu tivesse te visto por aqui em todos esse anos que frequento esse orfanato, jamais me esqueceria de um rosto tão marcante e angelical que nem o seu. Mais você não me é estranha.. parece que eu já havi em algum lugar..

E ele me olha ainda confuso e eu mudo de assunto.

— Você deve está se enganando.. afinal, não existe apenas uma mulher loira, dos olhos azuis igual eu. E você não será o único a me dizer esses tipos de cantadas baratas.

—Cantadas baratas? Eu simplesmente sou sincero e não resisto a uma mulher bonita..

— Sabia que é pecado dizer a uma freira que ela é bonita?

E ele congela nessa hora e seu rosto fica vermelho.

— Pera.. você é..

E eu solto uma risada alta e debochada e ele me olha irritado.

— Não acredito que cai nessa! Droga..

— Tinha que ver a sua cara.

E eu termino de rir.

— É.. pelo visto você adora tirar as pessoas do sério menina.

— Será que agora pode me levar até o quarto da irmã Glória?

E ele me conduz até o quarto e quando eu entro, vejo a irmãzinha na cama toda encolhida e claro.. me dá uma pena.

— Oh irmã Glória.. por favor.. me perdoa. Eu jamais iria ser capaz de ter provocado aquilo.. é que a florzinha chorou de fome e eu tive que parar tudo e correr para cuidar dela.. e depois acredita que ela se cagou toda? Aí eu tive que trocar a sua frauda e colocar outra nela mesmo nem sabendo.. e quando fui ver a senhora chegou do nada e caiu feio de bunda no chão e claro a culpa foi toda minha.. eu não quero mais ter que colocar a culpa em ninguém.

— Minha filha.. para de se atormentar.. eu não pedi para você limpar nada, pois o berçário estava todo limpo e a culpa foi da irmã Flávia que deu essa ordem para você sem me consultar.

— Eu sei irmã Glória.. mais se eu tivesse também tirado aquela água com sabão no piso, evitaria esse acidente. E tenho certeza que depois de hoje, minha imagem que já não estava muito boa, irá ficar péssima.

— A madre não pode te mandar embora! E se você for ela irá arrumar um problema comigo.

— Oh irmã.. tudo que eu menos quero é arrumar uma outra confusão. Esse lugar na verdade é a minha última oportunidade de querer fazer dá certo.. sabe, o delegado Enrinco, a senhora conhece ele?

— É claro que eu conheço! Um homem lindo e charmoso daquele, jamais dá para esquecer minha filha. Que ninguém me ouve falando isso, amém..

E eu acabo dando uma risada.

— Então Madre.. ele me acha um caso perdido e se ver que aqui eu não estou dando certo.. minha situação irá piorar ainda mais. Ele é muito rígido e não gosta muitos de jovens, principalmente de mim, pois me acha uma deliquente.

— Oh minha filha... Mais eu sei que você vai conseguir fazer ele mudar de idéia a respeito de sí mesma. E se ele te colocou aqui, é porque tem a esperança que você pode se tornar uma pessoa melhor. E tenho certeza que você irá alegrar muito esse lugar ainda..

— Madre.. confesso que meses atrás, eu jamais imaginaria que frequentaria esse tipo de ambiente.. até agora está sendo novo para mim e até estranho eu diria.. pois é uma realidade que jamais tive conhecimento e quero muito poder ajudar.. sei que sou doidinha.

E ela me faz uma careta.

— Na grande maioria das vezes..

E ela solta uma risada e depois solta um ruído de dor.

— Madre.. a senhora está bem?

— Não se preocupe minha filha.. mais sabe o que é mais legal? Que eu sempre tive mais afinidade com gente doida.. como sou do ramo, me identifico logo.

E dessa vez sou eu que solto uma risada alta.

— Ain Madre.. nunca pensei que iria dizer isso. Mais como a senhora é divertida. Acho que se fosse para me tornar freira, com certeza seria assim que nem a senhora.

— Ah minha filha.. mais mesmo eu tendo ficado toda ferrada em cima dessa cama, pensa em um lado bom.. pelo menos você conseguiu se aproximar da florzinha. Eu falei que essa bebê, iria te cativar e tenho certeza que vai ainda mais.

— É Madre.. ela parece tão frágil.. tão debilitadinha.. e por mim eu não queria me desgrudar dela e nem deixá-la assim tão sozinha! E quem é que vai cuidar dela, já que a senhora não pode fazer nenhum esforço?

— Oh minha filha, você irá cuidar dela quando estiver aqui.. mais quando for embora, não se preocupe que   tem outra irmã que a cuida dela muito bem.

— Que não seja a irmã Flávia.. por favor Madre. Não sei se é errado ou até mesmo pecado em dizer isso, mais não gostei muito dela e não confio nela para cuidar da florzinha.

— Oh minha filha, é que a irmã Flávia tem um gênio um pouco difícil, mais não chega a ser uma má pessoa.. e com o tempo você vai se acostumar com ela.

Ela fala pegando as minhas mãos sorrindo e eu converso mais um pouco com ela e depois saio, quando uma outra irmã chega com a comida dela.

E quando eu saio eu vejo ainda o doutor e até tomo um susto.

— Você ainda está aqui?

— Sim, acabou que tive que atender uma outra criança que ficou doente. Você está de saída?

— HM, sim..

— Perfeito! Se quiser uma carona, eu posso te dá.

E é claro que eu penso duas vezes.. pois o Enrinco não atende as drogas da minha ligação e tenho a plena certeza que ele deve me bloqueou do seu contato. Mais por um outro lado.. confesso, que já imagino a cena dele surtando porque voltei sem o comunicar com ele e com aquela mente dele onde pensa o pior de mim.. vai achar que eu desacatei as ordens dele.. e pi pó pó.. e não quero briga em um dia tão cansativo como esse..

— Doutor, eu estou esperando outra pessoa vim me buscar.. mais obrigada.

— Ah, entendi.. é o seu namorado né?

E quase engulo seco.

— Não.. olha para mim.. se tem algo que estou fugindo é da palavra "Namoro."

— Eu até estranharia se você não tivesse um namorado, mais agora fico feliz.. assim a concorrência é pouca.

Tá.. calma Keith.. homens igual a ele não é o primeiro que te aparece, sendo que diferente da Keith antiga, a essa hora já estaria era no carro dele, fazendo sei lá o que.. loucuras só pode.. mais não, agora você é uma mulher direita! Pacata e de família. Não se misture com porco menina!! Mais nossa.. esse homem está mais é para cordeiro.

— Eu acho melhor não.. eu ainda vou ficar um pouco aqui, até mais doutor e obrigada por ter ajudado a Madre Glória.

Falo querendo fugir dele e assim eu faço, me virando e caminhando para um corredor que eu nem sei para onde vai.

— oh meu Deus.. eu pensei que nessa nova fase da minha vida, não me aparecia tantas tentações assim.. será que na verdade isso é uma forma para ver se eu não vou cair meu Deus? Já não basta eu ter acordado hoje na cama do meu querido chefe.. e embora ele disse que não aconteceu nada, porque sou uma fedelha, fedo a leite para ele e tantas outras coisas.. e tá, já sei que o Enrinco só me vê como uma aborrecente.

E esse grande corredor, dá a cozinha e vejo um monte de freira almoçando, inclusive a madre e nossa que vergonha, pois todas me olham.

— Menina, eu pensei que você já foi embora!

— Não Madre.. eu estava conversando com a irmã glória e senti esse cheirinho maravilhoso e decidi vim ver o que era.

Falo rindo brincando.

— Oh minha filha, senta aqui conosco e vem almoçar! Deve está faminta.

— Nossa, acertou Madre!! Estou cheia de fome.

Falo rindo e depois coro.. pois todas me olham sem acreditar nessa minha fala aberta e descaradamente perto da madre Superiora.

— Se ela não se importar em comer canja de galinha madre.. porque aqui somos todos simples sabe e não tem fartura como ela deve está acostumada.

E aquela freira mandada do.. só para começar a me infernizar, porém respiro fundo, porém não vou entrar no jogo dela.

— Nossa.. então cê vocês estavam querendo me conquistar, conquistou mais ainda! Porque eu amo canja de galinha? Como sabiam?

E ela faz uma cara de espanto e a madre rir.

— Oh minha filha, então vai lá e senta para comer conosco.

— Na nossa mesa Madre?

— Sim irmã Flávia, tem algum problema?

E essa irmãzinha me olha indignada, e claro.. com o seu olhar me olhando de cima abaixo, como se eu fosse toda impura e ela claro.. a pureza em pessoas.. a virgem Maria e intocável. Eu nunca me dei bem com pessoas assim.. que adora rotular os outros com bases no seus próprios preconceitos e achismo, e achar que só porque o "outro" não é igual a ela, não merece está onde amba está.

E eu coloco a minha canja de galinha e solto um grito quando me queimo e eu acabo derrubando o prato no chão e não!! Não.. não acredito que eu fiz isso.. agora sim, sou uma mulher morta.

(...)

— Me desculpa mais uma vez irmã Madre.. não foi minha intenção. É que eu não sabia, que o prato iria ficar tão quente com a canja.

Falo terminando de tirar toda a canja com o pano de chão, no qual fiz questão de limpar, depois de tudo que eu causei. É o mínimo né!! E só algumas irmãs em volta de mim, junto com a madre Superiora. Algumas me olham querendo me devorar viva, outras com pena mesmo.

— A culpa não é sua minha filha. Realmente, a canja está pelando, pois alguém se esqueceu de desligar. Qualquer um poderia se queimar feio, agora imagina se fosse uma criança?

A madre fala olhando para as freiras em repreensão.

— Mais mesmo assim Madre!! Isso não justifica ela ter desperdiçado tanta comida, com tanta criança passando fome, crianças que lamberia o chão para apenas poder comer o que você acabou de derrubar! Você não deve saber nem o que é passar fome né menina? E por isso age dessa forma. Se você soubesse o quanto aqui no orfanato mal temos verbas para nada! E o pouco que a gente tem é muito. Mais se você não dá valor, aqui damos. Essa comida aí, mataria a fome de alguém!

E a irmã Flávia fala gritando e despindo em mim toda a sua raiva e eu controlo essas lágrimas nos meus olhos e toda a raiva que tenta vim em mim.

— Mais eu não tenho culpa! Não foi minha intenção.. eu jamais seria tão baixa á esse ponto. E se o problema é esse.. eu não como. Vou deixar para outras pessoas, então serei justa. Não se preocupe, que vou ligar agora mesmo para o Enrico me buscar.

Falo me levantando indignada.

— Isso, liga mesmo!! Assim eu conto para ele tudo que você aprontou nesse seu primeiro dia aqui. Um desastre ambulante por onde passa!

— Chega irmã Flávia!! Pode faltar muita comida sim, em toda a parte do mundo, não só aqui. Mais graças a Deus, que ainda temos o que comer e jamais iria deixar uma pessoa sem comer!! Todas as crianças já comeram, então sobrou muita comida ainda. Então, você menina, trate de sentar aí e comer.

A madre fala me olhando, e para ser sincera. Até perdi a fome, principalmente com o que acabou de acontecer.

(...)

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