Capítulo 14

Keith Sullivan~

E eu caminho nos degraus até a entrada do orfanato e limpando meus olhos.

— Menina do céu! Que bom que você chegou! A madre te espera na sala dela para te passar as sua novas funções.

Uma irmãzinha vem até a mim e pega pelas minhas mãos.

E assim que eu chego na sala da madre, ela sorri ao me ver, mais quando seu olhar desce para os meus pés, especialmente para o meu "pequeno" salto, seus olhos se arregalam e sua boca se abre.

— Oras minha filha.. que café você tomou hoje para vim com um salto em um orfanato cheio de crianças? Por acaso você acha que não vai correr atrás deles?

— Pois é.. mais ela acha que aqui é uma festa de gala.

E eu olho incrédula para essa freira que parece até irmã de satanás.. sei que ela não foi muito com a minha cara, mais problema é dela, porque essa minha carinha aqui é muito linda para eu mudar, agora á dela faz até uma criança Chorar.

E eu vou até a madre e pego suas mãos, e quando ia beija, ela me interrompe.

— Não precisa.. senta-se! Que hoje o dia vai ser corrido e por favor.. não deixa nada cair.

Ela fala me olhando lembrando do episódio de ontem e eu balanço a minha cabeça.

— Oh madre, pode deixar que eu serei uma formiguinha, tão invisível que ninguém irá se preocupar.

Falo rindo alto e ela sorri sem graça.

— Uma formiguinha? Oras você está mais para aquela abelha que não para quieta.

E eu olho para a freira e me imaginando se seria pecado eu mandar ela lá para os quintos dos..

Não, não é nem melhor eu concluir essa fala.

— Senhorita Keith.. a verdade é que..

E eu interrompo ela.

— Oh Madre.. eu só queria dizer que vou fazer valer super a oportunidade que a senhora me deu. Você vai ver como serei uma ótima amiga para aqueles pirralhinhos.. quer dizer.. para aquelas crianças lindas de Jesus.. eu vou cuidar deles muito bem..

Falo sorrindo mais por dentro quase chorando..

— Então, sobre isso minha filha.. pensando bem não tem ninguém faltando aqui para cuidar das crianças.

E eu a olho sem entender.

— Mais ontem a senhora falou que eu seria ótima..

— É que eu não queria fazer desfeita com o delegado Enrinco.. aliás ele é um homem tão bom, gentil e tão solidário com todos nós aqui do orfanato, que jamais poderia negar algo diante dele.

— Mais eu não posso decepcionar o Enrinco Madre! Ele vai achar que eu aprontei algo com a senhora.. olha, se não tem ninguém para cuidar da criancinhas, então me coloca para catar os piolhos dela, sei lá.. ou então para fazer a comida, mesmo eu sendo uma péssima cozinheira.. já sei.. eu posso ser cantar.. orar juntos com eles.. mesmo eu não sendo nem devota.. olha, posso até cantar! Já sei.. montar um hino de coral.

Falo desesperadamente e só agora vejo que ela me olha assustada e a freira grita comigo, dizendo para eu parar.

— Olha menina.. isso são jeito de falar com a madre! Eu não sei da onde um homem igual o delegado Enrinco, que é tão sério.. tirou uma menina tão..

— Irmã Flávia.. não interessa os motivos do delegado Enrinco e você menina, por favor.. me deixa terminar, você parece uma papagaio.

A madre fala sorrindo de canto e eu me ajeito, pedindo desculpas para ela.

— Ao dizer que as crianças não precisaria de ajuda, não quis dizer que você vai ficar sem fazer alguma coisa. A gente tem um berçário aqui onde cuidamos de bebê e de recém-nascidos.. sim, bebês que foram rejeitados e até mesmo largado pelos próprios pais. E quero que você cuide de uma bebê especial que acabou de chagar aqui no orfanato e ela está com a gente. As irmãs não estão conseguindo dá conta dela, por quantas de outros bebês que chagaram também e como essa é uma bebê que tem uma deficiência, precisa ter um cuidado redobrado.

E quando ela me fala isso, eu fico muito sentida.

— Mais madre.. a senhora irá colocar ela para tomar conta dessa bebê recém-nascida? Tem que ser alguém mais preparada.. a bebê é um ser ainda frágil e sucinto a pegar a qualquer tipo de resfriado e problemas.

E dessa vez eu olho para a freira e respondo ela.

— E a senhora acha por acaso que eu irei fazer mal a essa bebêzinha? Como pode achar isso?

— Eu não quis dizer isso.. é que você é muito novinha, nem se quer deve ter alguma experiência.

— Mais idade não quer dizer nada! Eu posso muito bem aprender a cuidar dela e pode ter certeza que serei a melhor cuidadora.

— Irmã Flávia! Deixa a menina. E tudo se aprende e ela irá aprender e darei esse voto de confiança.

— Eu só espero que ela não deixa uma criança cair, do jeito que é estabanada.. é até um perigo.

Eu vou deixar é você cair do terraço.. argh que mulherzinha chata..

— Ela irá passar por um treinamento, a irmã glória, que vai amar, já que está muito velhinha e tantos anos cuidado dessas bençãos do senhor, que agora irá poder descansar mais pouco. E ela irá te ajudar Keith, a como pegar um bebê, dá banho, amamentar eles, esterelizar sempre a mamadeira, a chupeta, os primeiros socorros necessário. E claro, as vestimentas corretas, sem cabelo solto! Brincos e colares nos quais os bebês podem se machucar ou colocar na boca e claro.. sem salto alto! E uma roupa mais confortável e não se esqueça que a sua influência conta muito.. não pode querer ser educadora, se lá fora faz tudo de errado e tudo que não convém..

Claro.. por acaso um bebê recém-nascido tem cabeça e pensamentos para ser influenciados né..

Falo em pensamentos e eu a olho.

— Mais como eu falei.. não irá ser necessário você cuidar de vários bebês, eu quero que você cuide só dessa bebê especial, que irá precisar muito do seus cuidados. Não que você não irá cuidar dos outros, mais essa bebê primeiro tem que ser a sua prioridade e se alguma coisa acontecer com ela, a responsabilidade será toda sua. Ela tem apenas 3 meses de vida e ainda é muito pequenina e como foi difícil achar um leite para ela, pois ela estava com muita alergia e deu muito trabalho. Se não fosse o doutor participar que temos aqui, perderíamos a nossa bebêzinha e você terá acesso a receita médica dela e dos remédios que ela está tomando.

E quando ela fala isso, como me dá uma peninha dessa bebê, mesmo nem tendo a conhecido ainda.

— Madre, a senhora não irá se arrepender. Eu vou cuidar desses bebezinho com muito amor e paciência e vou mostrar para todos, principalmente de quem duvidou de mim, que eu sou sim capaz de cuidar de alguém.

— Assim eu espero minha filha, e que Deus te abençoe nessa sua nova missão e por favor, se comporte, pois estou te dando esse voto de confiança. Aqui é lugar para trabalhar, pois trabalho é que não falta, então não teremos moleza, ainda mais com você que é jovem e cheia de vida, então já sabe que irá botar as mãozinhas para ajudar.

— Com toda certeza Madre! É isso mesmo que eu quero e ah.. se a senhora quiser que eu cate as piolhadas das criançadas, também estarei aqui!

— Menina... Como você é.. espontânea.

E a Madre fala rindo, balanço a cabeça. Mais ah.. acho que pelo menos, ela gostou de mim.

— Irmã Flávia.. tem como levar a senhorita Keith até o berçário?

— Sim senhora Madre, vamos menina.. que eu tenho muita coisa para fazer ainda.

E eu reviro os olhos internamente e me levanto, me despedindo da madre.

Assim que eu chego no berçário, a irmã pede para eu tirar os meus sapatos.

— Qual é o problema com o meu salto?

— Eu poderia citar todos os problemas do mundo menina, mais aqui é um ambiente totalmente esterelizado e esse sapato pode trazer bactérias da rua.. então é sempre bom, não entrar com nenhum sapato de preferência.

— E porque a senhora então pode entrar?

E o rosto dela fica vermelho e ouço uma risada vindo atrás de mim e quando olho é uma freinha de idade, com aquele óculos dos anos 60 que Tem corrente e tudo..

E ela anda um pouco devagar e com as mãos atrás das costas.

— Oras irmã Flávia.. eu que tô velha não sou tão rabugenta assim.. não fica com medo dela minha filha, ela late, mais não morde e você deve ser o meu anjo da guarda que Deus me enviou para me ajudar aqui. E esses olhinhos angelical já me provam muita coisa e fico feliz em ver uma menina tão jovem querendo ser voluntária em um orfanato.

— Está na cara que ela aprontou alguma coisa e veio obrigada madre Glória!

E eu reviro os olhos e olho para a freirinha que acabou de chegar, e não sabia que ela era também uma madre. Então aqui no orfanato temos duas madres?

— Eu realmente já fiz muitas coisas erradas, porém eu estou aqui para aprender e me tornar uma pessoa melhor irmã glória e acredito que eu possa muito aprender com esses pequeninos.

— Oh menina, isso já é um bom começo e tenho certeza que esse é o lugar certo para começar a se tornar uma pessoa melhor. E nunca é tarde para querer se tornar alguém melhor.

— Desculpa Madre.. mais eu acho que as vezes é tarde sim. Olhando agora eu vejo que grande parte do meu sofrimento e das minhas escolhas erradas poderiam muito serem evitadas por mim. Eu daria tudo para voltar ao tempo..

Falo com meus pensamentos na minha bebê que nunca pude ver nem se quer ela nos meus braços..do relacionamento conturbado com o Cristopher..

— Oh minha florzinha, não chora. Não podemos mudar o que formos, mais hoje a vida e principalmente Deus quer te dá uma nova chance. Nenhuma coincidência vem por acaso..

Ela fala me tomando em um abraço apertado e que me remete algo materno onde posso chorar até me desabafar por inteiro.

— Madre Glória.. ela está aqui para trabalhar e não para receber conselhos. Então por favor, trate de explicar para ela como funciona aqui e daqui a pouco estou de volta.

E eu saio do seu abraço e dou língua para a freira mal humorada que vai embora.

— Com todo respeito irmã, mais o que essa freirinha toma? Ela é muito chata.

E ela solta uma risada alta.

— Ain minha filha.. gosto da sua sinceridade. Algo me diz que você veio para trazer uma alegria para esse lugar.

E somos interrompidas por um chorinho fraquinho, porém vai aumentando.

— Oh parece que a florzinha acordou.

— Florzinha?

— Sim, a linda bebê especial.

E eu vou andando até o berço pequeno junto com a madre e quando olho para uma bebê toda chorona e assustada.. confesso que meu coração dilata e ao mesmo tempo se enche de amor.. ela é tão pequenina e tão frágil.

E quando fui ver, por impulso já havia pegado ela no meu colo e ajeitando á bem e tentando acalmar ela.

— Oh.. para a florzinha se acalmar no colo de uma estranha.. é sinal que ela gostou de você hein.

— Ela é tão linda, parece um anjinho.

— Ela é o nosso presente. Chegou com nem um mês de vida minha filha.. provavelmente os pais não a quiseram por ter nascida assim com essa deficiência.

E eu a olho, e vejo que ela é um bebê Down e meu coração se enche de pena e também de indignação de que como pode existir seres humanos capaz de rejeitar um ser que precisa tanto de amor e cuidado como qualquer outro?

— Como pode existir pais assim? De rejeitar e renegar o próprio filho só porque nasceu diferente dos demais? Enquanto tantas pessoas dariam tudo para ter uma filhinha.

Falo triste

— Infelizmente minha filha ainda existe muitas pessoas assim. Eles acham que é uma grande responsabilidade cuidar de crianças especiais, se bem que nem se pode mais usar esse termo "especial" e nem "portadoress de deficiência", porque ninguém carrega suas deficiência, ninguém é culpado por nascer com deficiência, porém enquanto a sociedade insistir em ver a deficiência como algo ruim, nunca estará pronta para entender o verdadeiro significado de amor. Todos nós, com deficiência ou sem deficiência formos feitos para amar, aprender e desenvolver. E eu creio que Deus não faz acepção de ninguém e a Florzinha veio ao mundo pela permissão Dele.

E não tem como não ficar emocionada pelas lindas palavras que a irmã Glória fala.. embora seja velhinha, a sabedoria é enorme.

— E eu irei ter que cuidar dela Irmã?

— Sim minha filha, você mesmo foi escolhida pela madre.

— Mais logo eu? Eu não sei se sou capaz de conseguir cuidar dela.. não estou dizendo porque ela carrega uma deficiência.. e sim porque talvez não seja digna. Vocês deveriam escolher uma pessoa melhor, talvez uma pessoa que não tivesse um passado tão ruim quanta o meu. E toma.. eu não posso segurar ela..

Falo um pouco nervosa e dando ela para a irmã.

— Oh minha filha.. não pensa dessa forma! Não seja injusta consigo mesma.

— A senhora é a melhor pessoa para cuidar dela.. olha, eu posso cuidar de outros bebês..

— Mais os outros já são mais grandinhos.. e nem estão aqui no berçário.. só nos restou essa aqui que precisa de cuidados redobrado. E eu estou velha minha filha, não tenho tanto vigor e energia mais como você.

— Mais eu não posso.. será que a senhora não entende?

Acabo soando um pouco grossa e peço desculpas para ela.

— Desculpa.. eu..

E ela acena com a cabeça de forma gentil.

— Tudo bem minha filha.. eu não posso forçar você a nada.  

E ela vai até o berço e coloca a florzinha novamente lá com cuidado e começa a me explicar tudo o que eu vou precisar fazer aqui no berçário, como cuidar, arrumar, esterelizar tudo, e deixar tudo de forma organizada. E todos os bebês daqui tem sua própria caixinha com suas coisinhas individuas, como suas roupinhas, chupetas, brinquedos de morder e de como devem ser higienizados toda hora.

— Não é um trabalho muito pesado minha filha.. mais é um trabalho que requer muita atenção, você não pode se distrair por um minuto! E sempre levamos também eles para tomarem um pouquinho de banho de sol antes de 10h da manhã. Mais só deixamos uns 5 minutos.

E uma irmã chega e nos interrompe.

— Madre Glória.. a madre está chamando a senhora lá na sala dela.

— Oh... Eu já estou indo irmã Cláudia.

E ela me olha.

— Eu já volto, mais por enquanto você pode ficar aqui tomando da Florzinha..

E quando eu ia falar para poder deixar outra pessoa no meu lugar.. ela simplesmente sai..

E eu solto um suspiro e pego meu celular e vejo que já são quase 12:00. Nossa, a hora passou rápido hoje! E nem sei que horas irei embora, quanto menos como faço para sair desse lugar.. pois o Enrico disse que iria me buscar, mais não disse que horas e literalmente hoje é o dia que eu tirava para cuidar dos meus lindos cabelos e principalmente das minhas unhas.. que estou fazendo de tudo para elas não quebrarem, mais está sendo impossível.. eu preciso urgentemente de um salão de beleza e um dia no SPA. As vezes, não vou mentir.. minhas mãos coçam para eu ligar para o meu pai e pedir pelo menos que ele me dá um dinheiro para ir ao salão.. mais não.. eu tenho que tirar essa alma de rica de mim! E me contentar que agora sou pobre e preciso economizar o que eu nem tenho.

— Pensei que ao chegar aqui iria ver você fazendo alguma coisa!

E pronto.. de novo essa mulher enviada do capeta para me atormentar.

— Irmã Flávia.. pelo visto a senhora não consegue esquecer esse meu rostinho né?

— Você pensa mesmo que irá  ficar sem fazer nada? Cadê madre Glória?

— A outra madre chamou ela e ela me pediu para ficar aqui esperando. E eu como uma boa moça obediente estou aqui, olhando para o teto até ela chegar.

E vejo o quanto ela se segura.. e eu me encolho.. ela parece aquela diretora do filme Matilda.. e com certeza se eu visse essa mulher a noite, eu simplesmente correria de tanto medo, achando que havia cruzado com um bichão papão.

— Haha.. já que você gosta tanto de fazer piadinhas, pois bem.. então irá fazer, porém limpando esses chãos e deixando os limpinhos.

Ela fala saindo e depois volta com um balde cheio de produtos, panos de chão e vassoura.

— O que a senhora está fazendo? Madre Glória não disse para eu limpar nada.

— Mais acontece que quando ela não está, eu que mando aqui menina. E esse lugar tem que está limpinho toda hora.. afinal, sempre vem alguns casais aqui para adotarem alguns recém-nascidos, se bem que essa daí.. acho difícil alguém querer adota-lá.

— Como a senhora pode falar isso?

— Falando! E quando eu chegar aqui espero encontar tudo um brilho.. se não, você sabe que terá problemas e claro.. acredito que você não quer que eu ligue para o delegado tão ocupado como o delegado Enrinco.

— Você não faria isso..

— Não me teste menina! Só estou fazendo o que o delegado Enrinco nos pediu.. colocado você no eixo! Então anda! Começa logo.

Ela fala soltando um apito e pego o balde desesperada e com medo dessa mulher encarnada do próprio filme da Matilda.

E ela sai e e eu começo a encher o balde de água, com um pouco de sabão e começo a esfregar o piso que não tem nenhuma sujeira.

E claro que me sinto uma cinderela, só faltou meus amigos ratinhos me ajudarem aqui agora.

E eu fico cansada, pois acabo deixando o balde cair cheia de água no chão e fico igual uma maluca para limpar.. e minhas unhas se quebram ainda mais e ouço um choro da Florzinha e ela não para de chorar..

— Não.. eu não vou pegar você bebê chorona..

E ela chora ainda mais e eu suspiro e solto o pano molhado no balde e me levanto e quase caio de cara no chão.. misericórdia...

E eu vou até a bebê que não para de chorar com a boca toda aberta.

— Ain meu Deus.. como você é birrenta florzinha.

E eu pego ela no colo e ela acaba me mordendo..

— Não.. não me diga que você está com fome?

E ela só chora ainda mais.. e eu fico desesperada.. o que eu vou dá para essa menina parar de chorar?

E eu a coloco no berço novamente, pois posso me escorregar com ela nesse chão cheio de sabão e desesperada vou até a mamadeira dela e graças a Deus vejo o seu leite e preparo ele sem experiência nenhuma e depois sacudo.

— É.. acho que vai poder matar a sua fome florzinha..

Falo desperada e vou até ela que não para de chorar e quando a pego novamente no colo, eu coloco a mamadeira em sua boquinha e ela suga com toda a sua força e faminta.. e até chega a tossir.

— Calma florzinha..

E eu simplesmente sou tomada novamente por esse aperto no coração.. ela é tão debilitadinha.

— Porque te abandonaram? Porque fizeram isso com você Florzinha?

E quando fui ver já estava era chorando..

— Eu que daria tudo para não ter perdido uma filha e jamais me importaria se ela viesse assim, que nem você. Talvez iria ama-lá até muito mais.

E ela abre seus olhinhos que são verdinhos e tem um brilho inexplicável.

E ela acaba rápido de se amamentar.

— Nossa.. mais como você é faminta!

E como se já não bastasse sinto um cheiro estranho e sim.. ela se cagou todinha na frauda e eu fico ainda mais atordoada.. pois como que se troca uma frauda? E como se coloca uma?

E eu coloco ela no trocador e com nojo eu abro a sua fraldinha.

— Eca.. mais você fez um estrago aqui..

E ela puxa ainda mais os fios dos meus cabelos parecendo se divertir.

— Não Florzinha.. eu tenho que limpar você. Ou por acaso você quer continuar fedida?

E ela não solta meus fios por nada.

— Aé? Então vou deixar você assim.. toda suja.

Falo dando língua, mais é claro que não vou aguentar com esse cheiro.

E tiro as mãozinhas dela e quase grito ao ver os fios dos meus cabelos em suas mãos.

— Bebê assassina!

E eu tiro a sua frauda e a enrolo.

— Acho que essa hora seria legal a irmã Flávia chegar aqui, pois não pensaria duas vezes em jogar essa frauda fedida nela.

Falo rindo imaginando a cena.

E eu pego um um de seus lenços umedecido e passo nela e aproveito e também passo a pomada de assadura. Agora na hora de colocar a frauda, eu simplesmente sofri e quase.. quase liguei para a Júlia para me ensinar.

E fora que a Florzinha não parava quieta..

— Pronto.. eu acho que coloquei de um jeito certo. E me agradece, porque á essa altura você estaria toda fedida. Você me deve essa florzinha!

Falo tocando em seu pequeno nariz.

— Meu Deus.. o que aconteceu...

E quando eu olho vejo a Madre Glória que escorrega e leva um tombo no chão e eu só grito o seu nome desesperada...

Ah não, era só isso que me faltava...

(...)

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