Erick entrou no quarto onde Raquel estava, com o coração em conflito. A atmosfera era serena, mas dentro dele, uma tempestade de emoções o consumia. Apesar da culpa, tudo o que queria era estar ao lado dela, conhecê-la melhor.
Era estranho admitir, mas algo em Raquel despertava nele um profundo desejo de protegê-la, de mantê-la em segurança. Seu cérebro insistia que era uma loucura gostar de alguém que mal conhecia, alguém que só havia visto duas vezes na vida. Ainda assim, a vontade de tê-la em seus braços era mais forte do que qualquer outra coisa que já havia sentido.
"Você está bem? Se machucou em algum lugar?" Raquel perguntou, examinando Erick da cabeça aos pés. Ela estava claramente preocupada, mesmo em sua própria condição.
"Você está toda enfaixada, mas ainda se preocupa comigo?" ele questionou, admirando a força dela. "Não se preocupe, estou perfeitamente bem e muito mais aliviado por ver que você não se feriu gravemente," disse Erick, aproximando-se da cama, lutando contra o desejo de tocá-la para garantir que estava realmente bem.
Raquel relaxou um pouco ao ouvir suas palavras, mas ainda via a sombra de culpa em seu rosto. Não queria que ele carregasse esse fardo.
"Fernanda me disse que você está se sentindo culpado. Por favor, não se sinta assim. Eu não me perdoaria se não tivesse feito nada naquele momento," disse Raquel, segurando suavemente a mão de Erick, tentando transmitir segurança.
Erick sentiu o calor da mão dela sobre a sua e, por um instante, sua mente clareou, mas logo as palavras de Raquel o trouxeram de volta à confusão. Não conseguia entender como alguém poderia arriscar tanto por ele.
"Mas você não deveria arriscar sua vida para salvar a minha. Eu não sou importante..." Erick disse, hesitante, a voz baixa, quase um sussurro.
"Nunca mais repita isso, prometa para mim! Eu te salvei e salvaria quantas vezes fosse preciso!" Raquel disse com firmeza, apertando sua mão um pouco mais forte, como se quisesse transmitir sua força e convicção. Quando uma lágrima silenciosa caiu dos olhos de Erick, ela percebeu o quanto ele se culpava.
Erick rapidamente limpou a lágrima, tentando não mostrar sua fragilidade. Sabia que Raquel não merecia ver seu lado quebrado.
"Você tem razão. Me desculpe por isso. Muito obrigado por me salvar e por dizer palavras tão gentis agora. Serei eternamente grato a você," disse Erick, forçando um sorriso que logo se tornou genuíno. Surpreendia-se com a capacidade dela de derrubar as barreiras que sempre mantinha erguidas.
"Assim está bem melhor. Você fica mais bonito sorrindo... Não que não seja bonito sério, afinal, você é bonito das duas formas, quero dizer..." Raquel tropeçou nas palavras, envergonhada pela confusão causada por seu elogio.
"Você também é muito linda," disse ele, rindo baixinho. O elogio fez o rubor de Raquel aumentar ainda mais, e ele se encantou com a simplicidade daquele momento.
"O-Obrigada... Aliás, Rosa disse que você ainda não comeu hoje, isso é verdade?" perguntou Raquel, mudando abruptamente de assunto para desviar a atenção de seu nervosismo.
"Eu apenas não estou com fome. Não precisa se preocupar," disse ele, tentando parecer mais forte do que realmente estava. A verdade é que a tensão e a culpa haviam tirado seu apetite.
Raquel, porém, não aceitaria aquela resposta.
"Claro que vou me preocupar. Vá comer algo agora, por favor, ou ficarei muito preocupada com você e não conseguirei me recuperar direito," disse Raquel, tentando persuadi-lo com um olhar insistente. Sabia que ele não cederia sem um bom motivo.
Erick suspirou, percebendo que não havia escapatória.
"Tudo bem, eu vou. Seu pedido é uma ordem," disse ele com um sorriso cansado, mas grato. Sabia que, de alguma forma, a preocupação de Raquel por ele ia além da simples gentileza.
"Então vá, eu vou ficar bem," disse ela, envergonhada pelo tom mais autoritário que havia usado sem querer.
"Eu vou assim que você soltar a minha mão," brincou Erick, observando a surpresa nos olhos de Raquel, que nem havia percebido que ainda segurava sua mão.
"Eu não tinha percebido, desculpa," disse Raquel, soltando sua mão rapidamente, o rosto corando de vergonha.
Aproximando-se de Raquel, Erick sussurrou em seu ouvido: "Pode segurar minha mão sempre que quiser," e deu-lhe um leve beijo no rosto, o toque suave de seus lábios deixando um calor agradável na pele dela.
Assim que Erick saiu do quarto, Raquel respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que se formara dentro dela. Seu coração batia tão acelerado que parecia prestes a explodir. Tocou a bochecha onde Erick a beijara e soltou um suspiro, enquanto o calor daquele beijo ainda se espalhava por sua pele.
Perdida em seus pensamentos, Raquel não percebeu a presença de Fernanda até que sua amiga soltou um pequeno riso, chamando sua atenção.
"Terra para Raquel? O que aconteceu aqui? Por que essa cara de apaixonada?" Fernanda perguntou baixinho, inclinando-se para frente como se tivesse pego a amiga em flagrante.
"Não aconteceu nada, só lembrei de uma coisa," disse ela, desviando o olhar de Fernanda e tentando acalmar o coração.
Fernanda arqueou uma sobrancelha, claramente não acreditando. "Calma, você não precisa me explicar nada. Te conheço muito bem e sei onde seus pensamentos estavam," disse Fernanda com um sorriso malicioso, divertindo-se com a situação.
"Sabe nada, eu estava pensando no Leonard. Só estava preocupada com ele," disse Raquel, desviando o olhar e torcendo para que sua amiga desistisse do interrogatório.
"Não se preocupe, ele vai dormir na casa de Rosa enquanto você estiver no hospital," disse Fernanda, deixando o assunto de Erick de lado para não estressar ainda mais Raquel.
...****************...
Erick aproveitou a saída para comer algo e passou em casa para pegar itens de higiene pessoal, pois pretendia passar a noite no hospital, cuidando de Raquel. Ao chegar, viu Vitória relaxada no sofá, tomando champanhe e ouvindo música nos fones de ouvido. Ignorando-a, ele foi até o escritório, pegou os papéis do divórcio e uma caneta.
De volta à sala, jogou os papéis e a caneta sobre uma mesinha, falando firme: "Assine." Vitória, até então distraída, assustou-se e saltou do sofá.
"O que aconteceu? O que está fazendo aqui?" ela perguntou, pálida, como se tivesse visto um fantasma.
"Você é surda? Não ouviu? Assine logo os papéis do divórcio e acabe com essa farsa de casamento," Erick disse, cheio de desprezo.
"Do que está falando, amor? Não tínhamos combinado fazer terapia de casal?" perguntou Vitória, atordoada.
"Primeiro, eu nunca concordei. Segundo, por que está tão nervosa? Está se sentindo culpada por algo?" Erick perguntou, com sarcasmo.
"Por que eu estaria me sentindo culpada? Só quero recuperar nosso casamento, só isso," disse Vitória, com os olhos marejados.
"Hoje, quase fui vítima de um acidente de carro que poderia ter me matado. Não acha estranho isso ter acontecido logo após eu pedir o divórcio e você aparecer com essa história de terapia de casal?" Erick perguntou friamente.
"Do que está falando, amor? Eu jamais faria isso com você, eu te amo," disse Vitória, chorando copiosamente.
"Acabe com essa encenação barata e assine os papéis, ou vou investigar o acidente, e você não vai gostar do que vou descobrir," disse Erick, ameaçando-a.
"Tenho minha consciência tranquila, mas não aguento tanta humilhação. Se é isso que você quer, assim será. Espero que não se arrependa depois," disse Vitória, assinando os papéis.
"Ótimo. Agora saia da minha casa, antes que eu mande os seguranças te expulsarem. Não se preocupe com seus pertences; um empregado os levará ao seu novo endereço," Erick disse, indiferente. Em seguida, pegou os papéis do divórcio e subiu para seu quarto, tomar banho e se preparar para voltar ao hospital.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Marilene Lena
Ela levou um susto quando Erik chegou em casa. Será por quê? É cobra...
2024-07-04
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Maria José Diniz
com certeza ela achou que o carro tinha o matado pois acredito eue foi ela eo amante que planejou
2025-03-24
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Joelma Silveira
mesmo assim ele tem que mandar investigar, vai descobrir tudo rapidinho.
2025-03-15
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