Quatro anos haviam se passado desde aquele encontro marcante. Raquel guardou o colar em uma pequena caixinha, sempre presente em sua bolsa, ansiando pelo reencontro com o homem que tão profundamente havia tocado seu coração. Embora não compreendesse completamente o que estava sentindo, ele frequentemente habitava seus sonhos, fazendo-a despertar atordoada. Seus olhos negros, brilhantes como uma noite estrelada, ainda faziam seu coração palpitar toda vez que ela lembrava daquele dia.
No entanto, o reencontro nunca ocorreu; seus caminhos continuavam em paralelo, cada um seguindo sua própria rota, em mundos tão distintos quanto o dia e a noite.
Após concluir sua formação, Raquel começou a trabalhar na mesma empresa em que estagiara, destacando-se em todos os projetos que assumia. Isso a fez ganhar admiradores e rivais, mas ela não se importava muito; simplesmente fazia o que amava e estava feliz por isso.
Quanto a Leonard, ele crescia forte e saudável, sua inteligência e energia eram notáveis para uma criança de quatro anos. Rodeado por muito amor, não lhe faltava nada. Todos podiam ver o quão feliz ele era. Ninguém jamais perceberia que Raquel não era sua mãe biológica se ela não quisesse contar, de tão forte que era a conexão entre os dois.
Era uma bela manhã de segunda-feira, Raquel acordou com os primeiros raios de sol, abrindo a janela do seu quarto, ela sentiu o doce cheiro de pão, que vinha da padaria próxima a sua casa. Morando nos subúrbios da cidade, quase não se via grandes edifícios; era um lugar tranquilo de se viver. Ela se sentia grata por seu pai ter lhe deixado uma casa grande e confortável, principalmente por ele ter pensado tanto no seu bem-estar, mesmo não estando ali com ela, assegurou-se de que sua filha não tivesse muitas dificuldades na vida. Ao pensar nisso tudo, Raquel sentiu uma pitada de saudade, fazendo uma lágrima cair.
Rapidamente limpando a lágrima, Raquel começou a se preparar para o novo dia que começava. Ela não podia perder tempo com esses sentimentos e não era algo que seu pai desejava para ela. Depois de tomar um bom banho e vestir a roupa que tinha separado para ir para o trabalho, ela desceu para preparar o café da manhã. Chegando na cozinha, encontrou Rosa preparando algumas torradas.
"O que você está fazendo aqui tão cedo?" Raquel perguntou confusa.
"Eu queria preparar um café reforçado para você, sei que tem um dia importante hoje no trabalho, desculpa por entrar sem avisar" Rosa falou, ainda concentrada no trabalho.
"Não precisa se desculpar, afinal, foi eu que lhe dei uma cópia das chaves da casa" Raquel falou, dando um beijo na bochecha de Rosa.
"Você é uma menina tão boazinha, eu não entendo porque não arruma um namorado" Rosa falou indignada.
"De onde veio essa, agora? Eu estou muito feliz sozinha, Dona Rosa" Raquel disse rindo.
"Mas um amor para fazer o coração saltitar de emoção não faz mal a ninguém" Rosa disse, fazendo cara de apaixonada.
"Você está assistindo muitas novelas ultimamente" Raquel achava toda a conversa muito divertida. "Vou acordar o Leonard para levá-lo à creche, continue com suas idealizações amorosas aí" ela disse e saiu correndo antes que Rosa pudesse responder algo.
Entrando no quarto de Leonard silenciosamente, Raquel ficou alguns minutos admirando seu jeito fofo de dormir, com uma mãozinha segurando o queixo e a outra encostada na testa fazendo uma pose dramática.
"Leonard, vamos acordar, está na hora de você ir para a creche ver seus amiguinhos" Raquel falou baixinho, tentando acordá-lo.
"Mais cinco minutinhos, mamãe" Leonard falou virando-se para o outro lado e fazendo Raquel rir.
Após alguns minutos de insistência, ela conseguiu acordar o menino, que ainda estava sonolento. Depois de dar um banho e ajudá-lo a escovar seus dentes e se arrumar, os dois desceram e foram tomar café.
"Bom dia, Rosa" Leonard falou ao ver Rosa colocando o café na mesa.
"Bom dia, Leonard, você dormiu bem?" Rosa perguntou.
"Dormi sim, obrigada por perguntar" Leonard respondeu, deixando as duas bobas com sua educação.
Após tomar um delicioso café da manhã, Raquel levou Leonard para a creche e seguiu para seu trabalho. Ela iria apresentar um projeto muito importante, estava trabalhando na construção de um shopping e ganharia uma grande comissão por ele, então estava ansiosa para ver tudo saindo do papel e tomando forma.
Ao chegar, Raquel desejou bom dia a todos na entrada e andou calmamente para sua sala, mas foi interrompida pela recepcionista.
"O senhor Robson pediu para você ir até a sala dele" Cláudia falou gentilmente.
"Tudo bem", Raquel falou e mudou seu caminho para a sala de Robson. Robson era o diretor-executivo da Companhia NewTech, era um homem de 45 anos, geralmente de humor sóbrio e reservado. Raquel não costumava falar muito com ele, mas como ia apresentar um trabalho importante, não achou estranho ter sido chamada.
Após bater na porta, Raquel escutou a confirmação de Robson e entrou na sala. Com um olhar sério, ele pediu para Raquel se sentar e foi direto ao ponto.
"Raquel, eu vou ser bem sincero com você, a empresa está passando por momentos de dificuldade e precisamos retirar algumas pessoas. Infelizmente, você foi uma das escolhidas. Você vai ser demitida, os documentos já estão no RH, você só precisa passar lá e assinar" Robson falou sem demonstrar nenhum sentimento.
"De... Demitida, como assim, Sr. Robson? E o projeto do shopping que eu estava trabalhando e todos os outros projetos, eu sempre me dediquei e sempre fui uma das melhores funcionárias. Por que, Sr. Robson?" Raquel perguntava enquanto soluçava com as lágrimas caindo.
"Nem tudo na vida é fácil, apenas aceite e não cause problemas à empresa. Quanto aos seus projetos, não se preocupe, alguém mais qualificado vai continuá-los, apenas saia", Robson disse, fazendo Raquel desmoronar.
Sem conseguir pensar direito, ela tentou inutilmente limpar as lágrimas e saiu da sala indo para o RH assinar os papéis da demissão.
Ao passar pela recepção, Cláudia logo notou os olhos vermelhos de Raquel e foi ver o que tinha acontecido.
"Por que está chorando, Raquel? Você não vai apresentar seu projeto hoje?" Cláudia perguntou confusa.
Ao ouvir a pergunta, Raquel voltou a chorar. "O Sr. Robson me demitiu, Cláudia, eu não sei o que fiz de errado", ela falava entre as lágrimas.
"Como assim? Você é uma das melhores arquitetas da empresa, isso não faz sentido." Cláudia sentia-se cada vez mais confusa. Ela admirava muito todo o esforço que Raquel colocava em cada projeto, não imaginava que algo assim fosse acontecer com ela.
"Agora não importa mais, vou para casa, eu preciso sair daqui", Raquel falou, enxugando as lágrimas.
"Tome cuidado na estrada e respire fundo. Você é uma boa menina, vai se reerguer", Cláudia tentou confortá-la.
"Obrigada", Raquel disse e saiu da empresa sentindo um nó na garganta e sem compreender direito o que tinha acontecido.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Maria_silva💜
nossa esse ser insignificante ,conceteza é inveja , perdeu uma pedra valiosa
2024-06-23
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Maria Do Carmo
Eu acho que esse cara é o amante da vitória e sabe que ela Raquel adotou o menino além da inveja do talento dela e tá fazendo isso por pura maldade 🤔🤔
2025-01-05
0
Mágda Virgínia Rocha
nossa quanta inveja!!!
isso está me parecendo armação desses recalcados dessa empresa
2024-11-08
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