capítulo 11: Estou livre

Suzane...

_ Meu filho ama você, e eu estou passando por cima do meu orgulho para pedir que volte para sua casa!

_ Lamento você ter que passar por cima do seu orgulho, porque eu não estou disposta a passar por cima da minha felicidade, para que o seu filho e a senhora continuem mantendo as aparências de família feliz!

_ Então, não vai voltar? 

_ Não! 

_ Você não foi ensinada a lutar pelo seu casamento? Vai entregar seu marido de mão beijada para a amante? 

_ Você realmente está me perguntando isso? Engraçado como somos criadas para servir e nos submeter às vontades e desejos de nossos maridos. Mas aí, mulheres como você criam seus filhos como se eles nunca fossem casar com mulheres. Porque se fossem criados para casar com mulheres, não existiriam mulheres sofrendo violência física e psicológica, não ia ter tantas mulheres infelizes suportando abusos e traições de homens egoístas que só pensam em si.

_ Então, senhora, eu não vou lutar por um homem que não nasceu para ser casado, não vou lutar por um homem que não foi criado para amar e respeitar uma mulher. 

_ Deixando claro que fiz a minha parte.

_ Deixando claro que eu estou cagando para sua parte! Agora, por favor, me dê licença!_ Falo, abrindo a porta. 

Solto um longo suspiro, e a Olivia entra na sala me aplaudindo. 

_ Você é foda! Arrasou! Nocauteou essa bruxa velha! 

_ Eu mandei bem, né? 

_ Muito bem!  Vamos brindar, você foi como uma líder de um país defendendo a sua verdade, eu adorei isso!

_ Agora essa líder aqui precisa enfrentar a mãe e o irmão mais velho, preciso contar a eles que estou me divorciando.

_ Eles vão entender. 

_ Eu espero que sim.

Após horas de viagem, finalmente cheguei à Colômbia. Conforme o táxi se aproxima, eu vejo minha mãe cuidando do seu jardim na frente da casa.

Saio do táxi e fico admirando o cuidado dela com suas roseiras. Eu sempre amo vir para casa, tem gostinho de infância, é tão nostálgico. 

_ Bom dia, senhora!_ Falo e ela se vira, retira as luvas e joga a tesoura de poda no chão. 

_ Minha linda! Por que não avisou que vinha? 

 Ela me abraça forte, um abraço que só mãe tem, amor e aconchego. Como eu queria esse abraço naquele dia!

_ Quis fazer surpresa, e foi de última hora.

_. Mas e o Murilo, por que não veio? 

_ Mãe, eu vim para falar do Murilo, vamos entrar, tomar um café e conversar. _ Falo e dou um beijo em sua testa.

_ Tudo bem, vamos entrar, acabei de fazer um delicioso bolo de milho. 

Após guardar minha mala, me sentei de frente para ela, enquanto ela cortava um pedaço de bolo. Respirei fundo para começar a falar. 

_ Mãe, eu nunca pensei que um dia fosse dar essa notícia para senhora, e por nunca pensar, eu nem sei como dizer.

_ Vamos lá, deixa eu te ajudar, pode começar, dizendo: ele me traiu.

_ Como a senhora sabe? 

_ Você está diferente, tem um olhar de uma mulher decepcionada, veio sem avisar e quando eu lhe perguntei sobre o Murilo, disse que veio para falar dele.

_ Nossa, assim você facilitou bastante essa conversa. 

_ Agora me conte a história.

_ Aquele dia em que saí daqui, cheia de planos, cheguei em casa e encontrei o Murilo com a minha secretária. 

_ Safado!_ Ela fala com raiva.

Conto tudo para ela, fico surpreendida, pois ela aceitou e me apoiou com o divórcio. 

_ Ele não merece você, não criei filha minha para homem desrespeitar!

_ Obrigada, mamãe, por seu apoio!_ Falo e nos abraçamos. 

_ Vai continuar morando na Espanha? 

_ Sim, e tenho que te contar outra coisa.

_ Sou toda ouvidos!

_ Eu conheci um rapaz naquele voo, depois que me separei do Murilo, eu o reencontrei e eu não sei dizer o que sinto por ele, e sei que está muito recente minha separação, mas ele me faz tão bem, mamãe. 

_ Seu marido estava com outra mulher, estando casado com você, acha que é errado ter alguém sendo uma mulher solteira? Meu único conselho é que vá com calma.

_ Mamãe, a senhora está me surpreendendo, para ser sincera, pensei que fosse me pedir para perdoar o Murilo.

_Eu já passei por isso, minha filha, e na época não tive apoio e era um tempo difícil para nós mulheres, então me vi obrigada a perdoar todas as traições.

_ O papai era infiel? 

_ Não, seu pai foi a prova de que príncipes existem, e foi a minha chance de ser amada e feliz. Mas me casei muito nova, casamento arranjado pelos meus pais, com meus dezessete anos me casei, e aos meus vinte e dois anos fiquei viúva. 

_ Por que nunca contou isso?

_ Porque minha vida com seu pai foi feliz demais para perder tempo lembrando de momentos ruins.

_ Nossa, mamãe, e como o desgraçado se chamava? 

_ Santos, quando recebi a notícia que ele foi encontrado morto em um bordel eu sentir uma grande alegria, estava livre, tinha minha liberdade em minhas mãos, e uma boa herança, vim para Colômbia fazer faculdade, conhece o seu pai e fui feliz, ele me fez muito feliz, o único dia que seu pai machucou meu coração foi quando morreu.

_ O papai era um homem incrível, eu sinto muita falta dele.

_ Eu também. 

Passei um final de semana maravilhoso com minha mãe, recarreguei minhas energias e estou pronta para enfrentar todos os problemas que vierem.

Uma semana depois...

Estou aqui pronta para assinar os papéis do divórcio e cortar de vez todo o vínculo que tenho com Murilo.

_  Senhora Suzane, está certa da sua escolha? Não tem como reatar o relacionamento?

_ Quero e tenho certeza do divórcio.

 Após todas as perguntas respondidas, eu assino os papéis e o Murilo, após protestar, também assina.

Saio do cartório me sentindo livre, estou livre.

_ Estou livre!_ Grito e as pessoas me olham.

Deve pensar que sou louca! Chego na casa da Olivia para agradecer a ela pelo período de estadia. A minha casa estava pronta, agora minha vista seria o mar. 

Casa nova, vida nova!

_ Tem certeza? Se quiser, pode focar comigo, eu amo sua companhia. _ Ela fala.

_ Eu também amo, só que eu preciso disso.

_ Está bem, pode voltar sempre que quiser, e eu vou dormir lá também. 

_ Eu sei que vai aparecer lá bêbada. 

_ Você me conhece bem.

Entro em minha casa e a primeira coisa que lembro foi do sexo maravilhoso que fiz aqui com o Pablo. Não o vi nas últimas semanas devido à correria do divórcio, só nos falamos por mensagem e ligação.

Toc! Toc! Ouço batidas na minha porta.

_ Quem é? 

_ Seu Guru._ Ele fala e acho engraçado. 

Abro a porta e ele está parado com as mãos no bolso da calça e um sorriso lindo. 

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