Os dois safados se assustam. A alma deles deve ter saído do corpo. A vagabunda da Júlia está tão apavorada quanto o imbecil do Murilo.
— Meu amor, fica calma, por favor. Abaixa essa arma.
— Seu amor? Seu amor é um cacete!
— Vamos conversar, a gente pode conversar? — ele pergunta, começando a andar na minha direção.
— Pare, se não eu atiro! — falo, e ele recua.
— Miserável, esse é o presente de casamento que você me dá? Me traindo com essa vagabunda?
— Eu não sou vagabunda! — diz Júlia.
— Cala a boca! Eu não te dei permissão para falar. Se abrir a boca de novo, eu atiro em você!
— Não faça besteira, Suzane. Vamos conversar, só eu e você. Deixa a Júlia fora disso.
— Deixar ela fora disso? — dou uma risada sarcástica. — Ela está envolvida até o pescoço. Devia ter pensado nisso antes de se enfiar com você. E pensar que fui eu quem deu uma chance para ela na empresa…
— Por favor, senhora Suzane, foi ele que me seduziu…
— Ah, e você, pobre inocente, se deixou levar… — falo com sarcasmo.
— Vocês dois são nojentos! E você, Murilo, é pior que ela. Você me devia lealdade, respeito. Tinha um compromisso comigo! Ela é só uma boba que achou que ganharia alguma vantagem sendo amante do chefe.
— Por favor, querida, me perdoa?
— Há quanto tempo, hein? Espera… deixa eu adivinhar… há mais ou menos um ano?
— Sim, mas ela não tem importância. É você que eu amo!
— Cretino! Vem me dizer que me ama, tendo um caso com a minha secretária há um ano?
— Me escuta, amor, por favor?
— Vou te escutar, mas lá em baixo, tem um café da manhã esperando vocês. Vamos, queridos! — falo como uma louca, apontando para a porta.
— Vou vestir minha roupa — ela diz, pegando as roupas do chão.
— Nem pensar! Vão descer assim, pelados! Bora! — grito e atiro para o alto.
A cena de humilhação desses dois é a melhor.
— Vamos sentar, querido. O café da manhã é especial — minhas palavras carregadas de sarcasmo.
— E, já que dei folga para os funcionários, essa vagabunda vai te servir.
— Vamos, sirva. Meu marido ama sanduíche com pasta de amendoim — digo irônica.
— Você sabe que eu sou alérgico! — ele fala, assustado.
— Você merece esse sanduíche. E o suco é especial, feito para minha melhor secretária — falo, debochando.
— Vamos começar a nos deliciar com esse café da manhã especial — olho para os dois com um sorriso maligno.
Ele dá a primeira mordida no sanduíche, começa a mastigar e, logo, seu rosto começa a pipocar. Ela bebe o suco e começa a chorar, pedindo água.
— Você tem alguns minutos pra socorrê-lo, querida. Então corre!
— Mas... estamos nus — ela protesta, chorando abanando a boca.
— Mas é assim que vocês gostam de ficar, não é? Então vai! Leva ele assim mesmo. E se apressa!
— Coff! Coff! Coff! — ele começa a tossir e ficar vermelho.
— O seu tempo está acabando. Ele vai morrer!
Ela se desespera, e os dois saem pelados, ele cambaleando.
Se ele morrer, será a segunda vez. Porque, para mim, ele já morreu no momento em que abri aquela porta e o vi deitado na nossa cama com ela.
Choro descontrolada, sentindo meu coração despedaçado. Pego boa parte das minhas coisas, coloco nas malas, tiro a aliança, jogo no vaso sanitário e dou descarga.
Coloco tudo no carro e vou pra casa da Olivia. Durante o caminho, mal enxergo a estrada de tanto que choro. Quando chego lá, assim que ela abre a porta, me olha preocupada e, sem saber de nada, me abraça. Choro ainda mais.
— O que aconteceu, amiga?
— Acabou. Meu casamento acabou! — falo entre soluços.
— Como assim? O que aconteceu?
— Murilo me traiu. Estava tendo um caso com a Júlia, minha secretária.
— Eu não acredito! Aquele imbecil!
— Vou buscar água pra você — ela sai e vai até a cozinha.
Logo volta com um copo d’água.
— Aqui, toma um pouco de água e respira fundo.
Fico um tempo em silêncio, tentando me acalmar.
— Consegue me contar agora o que aconteceu?
— Sim. Tô mais calma.
— Como você soube?
— Quis fazer uma surpresa pra ele. Estamos completando sete anos de casados hoje. E olha o presente que ele me deu: ele, na nossa cama, com aquela vagabunda!
— Eu não entendo... O Murilo sempre se mostrou muito apaixonado por você, amiga.
— Pelo visto, não foi o suficiente. Fico me perguntando o que eu fiz de errado... Será que o sexo comigo estava tão ruim que ele precisou se aventurar com outra? Ou fiquei feia com o passar dos anos? O que fiz pra ele destruir nosso casamento?
— Não começa a procurar defeito em você. Não tente justificar o que ele fez. Ele te traiu porque é um homem fraco, que não teve capacidade de respeitar e valorizar a mulher incrível que você é, Suzane.
— Tem razão. Você pode ligar para mãe dele e perguntar como ele tá? Acho que ele deve estar mal... Eu fiz ele comer sanduíche com pasta de amendoim — falo, e ela se acaba de rir.
— Você não fez isso? Fez? — pergunta e eu aceno com a cabeça que sim — Ele deve estar todo inchado e vermelho — ela ri.
Começo a rir também, e depois choro de novo.
— E eu fiz ela tomar suco de pimenta!
— Ai, meu Deus! Como você fez isso? — pergunta, rindo.
— Ameaçando os dois com a arma do Murilo, aquele imbecil!
Conto tudo pra Olivia, que não aguenta de tanto rir.
— Eu imagino os dois pelados chegando na emergência — ela diz, gargalhando.
— Ela deve estar com uma gastrite agora, depois daquele suco de pimenta — comento.
— Eu espero que ela tenha hemorroidas! — Olivia fala.
— Minha amiga, você foi maravilhosa!
— Eu me sinto mal... E se ele morrer? Eu vou ser presa! Chifrada e presa! — falo, rindo e chorando ao mesmo tempo.
— Suzane, gente ruim não morre fácil. E o que você fez não chega nem perto da dor que ele te causou, aquele infeliz!
— Obrigada, amiga. Só você pra me fazer rir agora — falo, e ela me abraça.
— Eu vou estar sempre do seu lado. Se quiser ficar aqui comigo, como nos velhos tempos, pode ficar.
— Eu vou aceitar. Não quero voltar pra aquela casa.
— Pode ficar. Eu vou fazer um “kit sofrimento” pra você, igual aquele que você fez pra mim quando o Alex terminou comigo, lembra?
— Sim! Filme romântico, brigadeiro que aprendi com minha colega do Brasil, pote de sorvete e uma garrafa de tequila!
— E uns biscoitos especiais — ela diz.
Assim foi meu dia: chorei, chorei e chorei. À noite assistimos a um filme romântico e eu chorei. Virei uma garrafa de tequila e chorei de novo. No final, eu tava bêbada, com uma panela de brigadeiro, destruída.
— Minha mãe me deu esse colar da fertilidade ontem. Eu achando que, a essa hora, estaria fazendo um bebê com o idiota do Murilo — comento, mostrando o colar pra Olivia.
— Esquece esse infeliz! Vamos sair?
— Estamos bêbadas!
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Marcilia Sidney
parabéns Suzana você foi a melhor manda esse ediota pro inferno junto com a amante kkkkkkk
2025-05-18
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Aldenora Tavares
amei a Suzana não ficou chocando e deu uma bela lição nos dois safados..
2025-05-02
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Fabiano Junior
Pode falar o que quiser mas a vingança foi nota 10 tenho que dizer
2025-05-01
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