Capítulo 16

Quando o carro finalmente estacionou, e Louis se viu de frente com uma casa muito elegante. Seus dois andares, chamavam a atenção para uma sacada, feita de madeira, onde trepadeiras se enrolavam pela sacada.

Louis foi pegar suas coisas, mas o motorista não deixou.

Motorista Daniel: Senhor, por favor, deixe que eu levo tudo para dentro.

Louis Olid: Está bem, obrigada.

Louis olhou para cima, novamente para àquela sacada, e dessa vez Nestor o olhou de volta com um sorriso.

Na sala uma grande lareira dava um toque aconchegante ao ambiente. Nestor entrou naquela sala.

Nestor Grize: Bom dia Louis como está?

Louis Olid: Bem.

A resposta fria do jovem de belos olhos amarelados, deixou Nestor apreensivo.

Nestor Grize: Temos que conversar, senta um pouco.

Louis obedeceu.

Nestor Grize: Eu conversei com o seu irmão e...

Louis Olid: Negociou com ele. Para se casar comigo.

Nestor Grize: Louis não é bem assim. Eu tinha que tirar você daquela casa, e eu tinha uma única coisa que ele queria.

Louis Olid: Certo. Eu já entendi, ele me explicou. Posso ver onde vou dormir?

Nestor Grize: Ei? Você não achou nada bom nisso? Porque está falando assim nesse tom?

Louis Olid: Eu não consigo ver o que é bom. Meu irmão me odiar e me negociar... E você fazer parte desse negócio. Eu gostava de você, eu gostava de tudo o que sentia perto de você. Era a única pessoa que parecia me enxergar, e gostar de ficar perto de mim... Mas agora, sinto que ele tinha razão, você só queria atingir ele, quando se aproximou de mim... E me negociou como se eu fosse um prédio abandonado.

Nestor Grize: Eu não podia te pedir em casamento. Você disse que nunca mais iria falar comigo. E o seu irmão não ia deixar, por implicância. Eu fiquei tão atormentando esses dias, eu não sabia como estava, e em queria tanto te ver. Sim, isso foi feio... Te negociei como um prédio abandonado, e isso porque se ele não vê valor em você, eu vejo.

Nestor segurou a mão de Louis

Nestor Grize: Eu prometo que vou dedicar todos os meus dias para fazer você feliz.

Louis Olid: São palavras muito bonitas, eu acho que nunca ouvi antes. Mas... Não acredito que vou ser feliz de novo. Eu fui abandonado pela minha família de verdade, fui adotado por uma família maravilhosa, e fiz os meus pais morrerem, e o meu irmão me odiar... Vou fazer alguma coisa assim com você também.

Nestor Grize: Vamos combinar uma coisa aqui. Esqueça o passado. Se sua família verdadeira te abandonou, foi porque o destino queria que você fosse um Olid, viveu feliz enquanto eles eram vivos não é?

Louis Olid: Sim.

Nestor Grize: E mesmo sofrendo toda essa maldade do seu irmão, você odeia ele?

Louis Olid: Não.

Nestor Grize: Então pense nisso. Tudo tem um motivo. Agora é o momento de você ser rejeitado por ele, porque é necessário. Porque assim você vai viver uma vida aqui comigo. E no futuro, o Eder vai entender o que fez de errado, e vocês vão reatar os laços de irmandade.

Louis Olid: Você acha mesmo? Acha que isso é possível.

Nestor Grize: Sim eu acho.

Louis novamente deixou as suas lágrimas caírem. Nestor abraçou ele, porém percebeu que ele se encolheu.

Nestor Grize: O que foi? Eu machuquei você?

Louis Olid: Não... Não é nada.

Nestor Grize: Claro que é, me deixa ver!

Louis tentou sair, mas Nestor o segurou com firmeza pela cintura. Ele afastou um pouco a blusa larga de Louis e pode ver um dos cortes em suas costas.

Nestor Grize: Isso não parece bem tratado. Vem aqui comigo.

Nestor pegou na mão de Louis e o levou para o andar de cima. O quarto que entraram tinha o cheiro de madeira selvagem, todos os móveis eram rústicos.

Nestor Grize: Tira a camisa.

Louis Olid: Eu estou bem, não se preocupe comigo.

Nestor Grize: Por favor Louis.

Louis tirou a camisa.

Nestor Grize: Céus! Isso... Está muito feio. Alguns desses cortes estão infeccionados.

Nas costas de Louis haviam cinco cortes, dois bem maiores perto do pescoço.

Nestor Grize: Como foi que isso aconteceu? Você estava no hospital, era para terem cuidado melhor de você.

Louis Olid: Eu caí em cima da mesinha de vidro. E... Depois do hospital, não consegui trocar os curativos. A culpa é minha.

Nestor Grize: E você não queria pedir ajuda? Tudo bem, eu vou cuidar de você agora.

Louis Olid: Obrigada por tudo isso. Eu fiquei chateado com você, mas já passou. Você me fala as coisas, de uma forma que eu consigo entender bem... Estou me sentindo bem melhor agora.

Nestor Grize: Que bom. Eu ia ficar muito triste se depois de tudo, você ficasse com raiva de mim. Mas você é uma pessoa especial. Agora eu tenho certeza que é incapaz de guardar mágoas no seu coração.

Após ter as feridas limpas, e receber um novo curativo, Louis ficou deitado de bruços na cama para descansar.

Depois de algum tempo descansando, ele ficou inquieto e caminhou até uma segunda porta de vidro no quarto. Ela saiu na mesma sacada que viu Nestor, quando chegou.

Louis Olid: Que lugar lindo! Da para ver as montanhas.

Nestor se juntou a ele, e debruçou na sacada de madeira.

Nestor Grize: Você pode colocar o cavalete aqui, e pintar. O que acha?

Eder Olid: Posso mesmo?

Nestor Grize: Essa casa é sua agora. Pode fazer o que quiser.

Louis Olid: Obrigada.

Nestor Grize: Mas, eu preciso muito saber uma coisa.

Louis Olid: O quê?

Nestor Grize: Eu não te dei uma escolha, porque na negociação, não era interessante... Mas você tem uma escolha.

Louis Olid: Um escolha? Sobre o quê?

Nestor Grize: Sobre se casar comigo. Eu nunca tive interesse em viver com ninguém. Tinha pavor de compromissos, e também por isso, nunca marquei ninguém. Mas desde que conheci você é tudo diferente... Quero te ver todos os dias. Quero conversar, tomar café, ver você pintando... Era como se a minha vida estivesse em uma tela como essa, totalmente em branco, até você aparecer com o pincel.

Louis Olid: Você sempre fala coisas tão bonitas...

Nestor Grize: Eu só falo o que penso. E Louis, eu quero me casar com você. Você pode aceitar, mas não estou forçando você a isso. Se me disser que não quer, pode continuar nessa casa do mesmo jeito. Ela é sua. E eu vou viver feliz, mesmo sem ter você como meu, só pelo fato de poder te ver todos os dias... O que me diz?

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