Capitulo 2 - Luna Castilhos

Eu virei uma página na minha vida há muito tempo, não tive escolha, acreditava que o meu pai morrera e a minha mãe jamais permitiu que eu mantivesse contato com ele. Fui fraca e simplesmente desisti.

Sou Luna Castilhos, tenho dezenove anos e sai do morro a oito anos, fui morar em São Paulo com a minha mãe e nunca mais pensei no Rael.

Pelo menos até agora, eu não lembrava da promessa, mas ele lembrou, quando eu o vi na minha frente, um homem, todo tatuado, lindo, só o reconheci pelo olhar, o mesmo olhar de menino que ele me dava no passado.

Resolvi que fingiria que não o reconheci, mas, ele me surpreendeu. De repente ele abre a mão pra mim e trás meu chocolate preferido da infância.

Agora estou aqui no carro dele, do lado dele e voltando pro morro dele. Eu deveria ficar com medo? Provavelmente não, apesar do corpo do Rael, eu sinto que, no fundo, ele é o mesmo garoto.

Rael: o que você tá pensando? - ele não olha pra mim, fica prestando atenção na estrada

Luna: por que ela disse que ele tinha morrido? - olho pra ele e ele sorri

Rael: por que sua mãe é uma perua fútil e preconceituosa que pegou um cara do morro e ele engravidou ela, ela não queria a boneca de porcelana com um perdido - ele ri sem graça

Luna: então pra você, eu só sou uma boneca de porcelana Rael? - ele me olha brevemente e volta sua atenção na estrada

Rael: não, pra ela você é isso, pra mim, você quer saber mesmo? - ele me olha e eu concordo - você foi a parte que tiraram de mim quando te arrancaram desse morro

Luna: a Rael, alivia esse coração vai - deito minha cabeça no ombro dele - adianta sentir raiva por isso? Eu tô aqui, não tô? - ele ri

Rael: como você não tá com medo de mim? - ele fica tenso - não tem medo que eu machuque você?

Luna: você nunca faria isso Rael - suspiro - me desculpa tá?

Rael: por? - começamos a entrar no morro e vejo os soldados abrindo espaço pro carro passar

Luna: ter escolhido o jeito mais fácil, só aceitar - me ajeito no meu lugar e ele sobe o morro, estacionando na frente da casa dele

Rael: vou pensar no seu caso, agora sou malvado - ele me dá um sorriso que me derrete, mas também não sou tão fácil

Luna: tudo bem príncipe do morro - beijo o rosto dele e saio do carro, ele logo sai

Rael: vem - ele pega a minha mão - ninguém vai se atrever a olhar pra você se estiver comigo - eu sorrio

Luna: só por que eu tô de biquíne e saia? - ele revira os olhos

Rael: eu não tinha pensado sobre isso, devia ter comprado algo pra você vestir antes - eu rio e aperto a bochecha dele

Luna: ciumento como sempre - suspiro - me dá uma roupa sua então, prometo me comportar - ele sorri e entramos na casa

Rael: você é a primeira garota que trago aqui, amanhã esse morro vai ferver - ele da uma risada sem graça

Entramos na casa e vamos direto pro quarto dele, ele para um pouco antes de entrar na porta, mas como eu sou metida, entro e em vez do quarto cheio de carrinhos, encontro um quarto lindo, organizado e com cheiro de colônia masculina.

Rael: gostou? - ele se encosta no batente da porta e eu olho ao redor do quarto até que encontro a única coisa que tem do meu tempo aqui.

Luna: você guardou mesmo isso? - mordo meus lábios segurando a empolgação, olho pra ele e ele sorri

Rael: esse dia foi legal - ele entra no quarto e fecha a porta, logo ele abre a porta do armário dele e pega uma roupa pra mim e eu vou até o banheiro do quarto.

Tomo uma ducha rápida e visto o moletom e a cueca dele, o moletom tá mais pra um vestido em mim. Quando saio do banheiro ele tá sentado na cama mexendo no celular, então eu sento ao seu lado.

Luna: o que você não tá me contando? - seguro o queixo dele e o faço olhar pra mim

Rael: o seu pai tá vivo, mas - o olhar dele muda - ele tá doente tá?

Luna: o que ele tem? - respiro fundo e vou mais perto do Rael, ele quer me mostrar algo no celular

Rael: câncer no fígado - ele me mostra uma foto do meu pai com ele, muito magro e com um olhar cansado - depois que você foi embora, ele começou a beber e meio que, abusou demais disso

Luna: então a culpa é minha? - uma lagrima cai e ele me puxa pela cintura e me deixa bem junto a ele, ele limpa meu rosto com o torço da mão

Rael: Luna, tudo é escolha, ele escolheu beber, você não obrigou ele a fazer isso, então não é culpa sua, não chora tá? - dou um sorriso de canto e concordo - dorme aqui hoje? Juro que não faço nada com você, amanhã te levo cedo pra ver ele

Luna: vou dormir na cama do príncipe de novo? - tento fazer graça e ele da uma risadinha balançando a cabeça

Rael: você não existe garota - ele levanta e tira a camiseta, ficando só de bermuda, eu me ajeito embaixo dos lençois e ele vem pra cama junto comigo

Luna: boa noite Rael - toco a ponta do nariz dele e ele sorri

Rael: boa noite - ele fecha os olhos e sussurra - vê se não foge tá?

Pra onde mais eu iria? Pela primeira vez em anos eu sinto que tô em casa. Eu vivi no luxo, no conforto, mas sempre faltou algo em mim, seria o Rael? Vejo ele adormecendo e a respiração ficando mais leve. Adormeço olhando pra ele, como pode um homem desses ainda ter uma alma de menino?

Aquele ditado que diz "nunca julgue um livro pela capa", na minha opinião, tá extremamente certo.

No fim, eu acabo cedendo ao sono também.

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