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(Hector)

O que eu não sei ainda é como pode caber tanta petulância numa pessoa desse tamanho. De propósito continuo segurando sua mão porque gosto de como ela fica quando me enfrenta e gosto de sentir nossos corpos um no outro.

_ Não parece saber se cuidar não. Agora a pouco te encontrei na cozinha só de baby-doll. Não costumo ser tão gentil quando vejo uma mulher só com roupas íntimas perto de mim. Bem antes do que imaginei, voltou no meu quarto e entrou sem avisar. E se eu começar entender que quer que eu tente algo mais?

_ Só se você for um animal. Eles que passam pela vida respondendo á apenas instintos. Eles não tem consciência. Me solta ou eu grito. Nunca te dei motivos pra achar uma coisa dessa, e antes que se confunda, de você quero só distância, se estou aqui é seguindo ordens de senhor Brian.

Sabia que ela se irritaria, ela puxa o braço que eu segurava bruscamente, eu levo a mão na cirurgia, fingindo que ela me machucou, o rosto que antes estava furioso se enche de culpa e preocupação e mais uma vez ela tenta me ajudar. Faço cena mas logo depois sorrio denunciando a incenação. Ela revira os olhos. Vejo ela puxando o ar, e se eu não fosse seu chefe, provável que teria escutado um esculacho agora.

_ Licença Senhor Hector. Já vou me retirar. Seu café da manhã vai ser servido, prefere no quarto como todos os dias ou hoje pode postar a mesa na cozinha?

_ Não vou comer aqui, estou voltando pra Madri.

_ Mas Brian disse que ..

_ Brian não decide nada aqui, Clara.

_ Sua vida está em risco Héctor. Por isso ele te quer em Teruel. Hoje tem três dias dessa cirurgia ainda que nem cicatri..

_ Garota, preocupe-se em trabalhar, não em me manter vivo. Eu vou para Madri, você e Brian querendo ou não.

Esperei ela retrucar abotoando minha camisa, mas ela não me responde, balança a cabeça, vira as costas e fecha a porta irritada ou chateada, ainda não sei. Preciso afastá-la, depois do que senti ontem quando ela chegou perto de mim eu preciso mante-la o máximo longe, o problema é que seus olhos ficam mais lindos ainda quando eu a tira do sério. Hector, foco. Eu preciso voltar pra Madri, preciso fazer isso cedo, antes que Brian chegue. Existem mil coisas para serem resolvidas e estou me sentindo melhor. Não posso deixar mulher me distrair, mesmo porque essa é só mais uma de milhares que se eu quiser, eu tenho. Olho de um lado para outro, procuro meu celular e o vejo na escrivaninha, caminho lentamente ainda, mas um pouco mais ágil que ontem. Preciso pedir meu carro e ligar na mansão pra saber se as redondezas estão em segurança, outro tiro agora ia me foder. Perto do celular um bilhete escrito a mão sobre os remédios, que merda, essa garota parece tá em todo lugar. Como se não bastasse o cheiro dela impregnado por todo o quarto me fazendo lembrar de quando a senti pela primeira vez.

📲TXTHector: To indo pra Madri, meu carro chega em meia hora. O que faço com suas amigas? Deixo aqui ou mando levarem pra ai ?

📲TXTBrian: Acha que não te conheço? To chegando em Teruel. Se fosse você, esperava. To com notícias dos navios, precisamos agir rápido. E sei que não vai querer falar sobre o assunto, mas sua mãe esteve todos esses dias na mansão. Ninguém tá sabendo como agir mais.

Putz, com esse ataque nem passava na minha cabeça que precisava lidar com essa mulher ainda, isso me estressa tanto, não foi suficiente quase acabar com minha vida quando era moleque, agora ela quer terminar o serviço. Meu dia já tinha começado tão bem. Vou ter que esperar aqui, Brian as vezes me conhece mais que eu mesmo. Ele sabe que sobre os navios eu não deixo pra depois. E Sobre essa lunática eu preciso dar um basta. Mas o que eu vou fazer com essa mulher. Não quero vê-la, não quero ter que escutar a voz dela. Vou mandar dar dinheiro pra ela sumir, faço qualquer negócio pra não precisar olhar par ela de novo.

_ Clara.. Clara..

_ Pois não senhor Héctor.

_ Oi Berenice. Brian está chegando, avisa Clara pra por a mesa do café da manhã. Vamos ficar aqui.

_ Tudo bem Senhor Hector, eu posso por sem problemas.

_ A Clara que vai por, Berenice.

_ Tudo bem, licença.

Devagar tento me virar na cama e noto que minha blusa branca sujou de sangue no local dos pontos. Ou algum ponto abriu, ou não sei o que aconteceu, desço com um pouco mais de dificuldade, tento pegar a gase mas minha cabeça gira e meus olhos escurecem, pego telefone de apoio na cabeceira e disco o número do quarto de Clara, ela não atende, mas em poucos segundos entra no quarto, ela deve ter escutado tocar e como é impulsiva veio correndo ao invés de atender.

_ Me sinto estranho.

_ Seus pontos abriram, senta, por favor.

_ Brian está chegando, me dê algum remédio, preciso melhorar pra trabalhar.

_ Senhor Héctor, não vamos discutir agora, senhor está queimando de febre, vou ligar para seu médico.

Mesmo com a dor e o corpo mole pela febre a observo sem conseguir tirar os olhos dela preocupada, atenta, buscou o telefone fixo na cabeceira pra discar pro Doutor Vellas.

_ Usa meu telefone pessoal.

_ Prefiro não mexer. Ligo daqui mesmo.

_ Do meu Clara, ele só vai atender se for do meu ou de Brian.

Ela deixa chamar mais um pouco por teimosia e desliga, pede licença e pega meu celular. Pergunta sobre a senha e digo que está desbloqueado, só achar o nome dele no aplicativo de mensagens e discar para chamada de voz. Ela abre a tela inicial do celular, olha pra mim com olhar de desapontamento, respira fundo e me avisa que está aberto na janela de Brian. Se poderia mexer para achar Doutor Vellas ou se eu queria discar eu mesmo. Me lembro das últimas coisas que falei sobre ela e Berenice, começa fazer sentido o olhar de desconforto dela, mas resolvo deixar ela mexer.

_ Fica a vontade, não tenho nada a esconder de ninguém.

_ Acho que precisa responder a Luisa. Ela está mandando mensagens incessantemente. Deve ser urgente.

_ Não é importante, pode esperar.

Um pouco nervosa, ela acha a janela de conversa com Doutor Vellas, faz a ligação e pede instruções, me avisa que por precaução ele resolveu que virá a fazenda me checar. Ela me medica seguindo as ordens dele até ele chegar, pede licença, me entrega o celular e sai sem me olhar nos olhos por nenhum segundo.

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