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(CLARA)

Os dias voaram, quarta-feira chegou que eu nem vi direito. Eva sentiu muito mal essa semana, os remédios já não estão respondendo bem mais, mãe passou os dias quase todos no hospital do centro de Teruel, ainda bem que as faxinas da semana foram todas lá, eu saia e conseguia ir andando ficar com ela pra mãe descansar um pouco. Não sei mais o que fazer se essa cirurgia não sair, mas entendo também que existe um fila de espera e as prioridades, por mais que me doa eu sei que existem muitas outras famílias esperando pelo mesmo que nós.

Toc.. toc..

Olho no relógio e ainda são seis horas, termino de pentear e prender o cabelo no alto da cabeça. Deve ser Berê, nosso ônibus pra Madri sai as sete e a rodoviária é aqui do lado. Deus nos ajude, tomara que dê tudo certo hoje.

_ Oi Berê, entra, vem tomar café acabei de passar, da tempo ainda.

_ Bom dia amiga. Vou querer mesmo, acordar cedo pra mim é martírio.

_ Gostou do meu vestido? Tá bom pra entrevista?

_ Está linda Clara. Como sempre. Vou comer rapidinho pra gente sair logo tá? Você comeu?

_ Até demais.

_ Duvido.

Engolimos ali uns pãezinhos e o café, pedi benção pra mãe sem acorda-lá, beijei a testa de Eva e saímos. Pouco depois de três horas de viagem chegamos até Madri, meus olhos brilham com tanta beleza da capital. Acho que vim aqui apenas uma vez na vida, e era bem pequena, vim pra minha mãe organizar as certidões da minha adoção. O ônibus para e conferimos o endereço no bloco de notas do celular, é bem aqui mesmo que descemos.

_ Vamos Berê, é aqui.

_ Certeza?

_ Sim, vamos.

Berê levanta, descemos do ônibus e decidimos terminar de chegar no endereço a pé mesmo, pelas informações do motorista era cerca de cinco minutos andando, e quando deu uns três, avistamos o local. De fora parece uma casa de festas, uma boate ou algo do tipo, bom de conseguir emprego nesses lugares é que geralmente pagam bem por ter muita festa e sempre muita bagunça pra arrumar, na empolgação de ter encontrado endereço, Berê puxa meu braço pra atravessar a rua um pouco antes da faixa de pedestres, de repente um carro grande e preto entra na pista numa velocidade alta, ele por pouco não nos atropela. Berê cai com o susto me puxando pra cima dela.

_ Berê? Amiga? Você tá bem? Machucou ?

_ To bem amiga e você?

Pelos meus ombros uma voz masculina, forte e rouca caminha na nossa direção. Olho pra trás e vejo os olhos mais sombrios e lindos que já vi na vida.

_ Vocês são malucas? Como fazem uma estupidez dessa?

_ Nos Desculpe.

_ Pedir desculpas resolve o problema garota? Quase matei vocês e por pouco nao bato no carro do lado, desculpas resolve isso?

_ Me desculpe foi que ..

_ Foi que nada. Não existe justificativa pra irresponsabilidades.

_ Sua mão… Você está bem? Se machucou? Deixa eu olhar ..

_ Me solta. Isso não foi agora. Procurem uma farmácia e me mandem a conta no numero desse cartão.

Respiro fundo quando ele joga o cartão no meu colo. Ele não teve a decência de entregá-lo na minha mão. Estúpido. Arrogante.

_ Será que todo mundo aqui é assim Berê?

_ Espero que não amiga. Vamos estamos atrasadas eu acho.

_ Precisamos de uma farmácia.

_ A entrevista é mais importante. Vem, vem.. só atravessar.

Caminhamos para portaria do local e falamos com o sorridente porteiro que procuramos por Brian. Esse foi o nome do contato que a amiga de Berê nos passou. Que bom ver que alguém por aqui é simpático, resmunga Berê. Entramos e fomos caminhando pra sala doze, o número do escritório que nos foi passado. Subimos as escadarias e realmente minhas suspeitas se confirmam, é uma casa de festas. Logo em seguida um charmoso homem chega, eu e Berê nos entre olhamos, ele é muito bonito.

_ Bom dia Meninas, perdoem o atraso. Tive uma visita inesperada do dono da empresa. Vem sentem-se nas cadeiras aqui da minha mesa.

Respondemos com gentileza e ele se apresenta.

_ Me chamo Brian. E vocês?

_ Clara e Berê. Não, desculpa, Berenice. É que me chamam de Berê.

_ Tudo bem Berê. Antes de começarmos, me da sua mão aqui.

Para nossa surpresa, ele notou a mão de Berê machucada, abre uma gaveta da mesa e tira um kit de primeiros socorros, Berê parece estar enfeitiçada, os olhos brilham de longe. Muito cuidadosamente ele limpa o ferimento, passa remédio e faz um curativo. Bem cena de filme sabe. Berê não consegue desviar o olhar dele.

_ Obrigada pela atenção senhor Brian.

_ Pode me chamar só de Brian, Clara. Eu vi pelas câmeras externas a confusão. Deveriam ter procurado uma farmácia pra não ter risco de infeccionar.

_ Precisamos muito desse emprego, não queríamos correr o risco de perder a entrevista.

_ Bem, prontinho senhorita Berê. Agora podemos começar falar do contrato, das formas que trabalhamos, dos valores, e principalmente do que é o clube. Primeiro, esse aqui é o valor do salário, vocês morariam numa casa da empresa, próximo ao clube e passagem a cada quinze dias para visitar familiares, caso não sejam de Madri. Caso assinem hoje conosco, vocês começam hoje. Um salário será adiantado para que possam se organizar melhor aqui e os outros subsequentes todo dia primeiro de cada mês. Analisem o contrato, principalmente a cláusula 43 de confidencialidade.

Eu e Berê ficamos boquiabertas com salário oferecido, é muito mais do que esperávamos, e daria pra ajudar muito mamãe e Eva, daria até pra comprar remédios melhores. Meu coração chegou a acelerar de felicidade com a possibilidade. Mas como um balde água fria, e bem gelada, Brian começou explicar que a casa na verdade é um clube privativo, onde as pessoas pagavam por sexo. Fiquei em choque, e ele continuou dizendo que o salário atrativo é pra que todas as pessoas que trabalham lá, cumpram seus deveres no sigilo, sem celulares em horário de expediente, mantendo a maior descrição possível, deixou claro que ali seria apenas a casa de festas do clube, quem contrata o serviço das moças da casa utilizam o Hotel deles que ficam em anexo com o clube. No caso, trabalharíamos apenas limpando as áreas onde as meninas dançam e as festas acontecem.

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Comments

MariaZelia Rodrigues

MariaZelia Rodrigues

Tbm tô gostando e apesar de amar um romance tem alguns q ñ desce

2024-10-04

0

Adriane Neiland

Adriane Neiland

Uma história diferente, parece boa. Pelo menos por enquanto está prendendo minha atenção, o que é bem difícil

2024-09-30

0

Anatalice Rodrigues

Anatalice Rodrigues

História interessante, estou começando a gostar.

2024-09-18

0

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