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( Hector )

Ainda sinto dores pelo corpo, minha mente começou a seguir um raciocínio lógico mais completo, comecei entender toda situação, pelo celular minha agenda apita o tempo inteiro, o filho da Puta do Romanove tentou me assustar, Brian cedeu, mas eu não, ele terá o que merece e em breve. O que eu tinha pra perder ele não conseguiu levar de mim, então agora, ele que aguente as consequências.

_ Brian.. Brian ..

_ Fala !

_ Hoje é dia de troca de produto do clube, a empresa de exportação também está chegando com os contêiner nos navios. Preciso me apressar em ir pra Madri. Chama minha secretária no telefone e avisa que preciso de dois ternos pra hoje mais tarde, fala pro Ted, o motorista trazer, ele vem mais rápido. Vai ter reunião de 19:00 no iate, muita gente importante pra fazer relações internacionais, quero estar bem… e .. Que foi Brian? Tá mudo?

_ To deixando você achar que vai sair dessa cama.

_ Eu não tenho escolha, são nossos negócios Brian. Sabe que não vai me segurar aqui.

Tento mexer as pernas pra fora da cama e sinto uma fisgada absurda ao lado da cirurgia. Brian sorri com ironia. O acesso da veia também arde quando tento descer.

_ Vai, continua teimando. Desce. Vamos pra Madri, se essa for sua decisão já mando cavar a cova pro teu caixão. O terno vai ser o do velório. Bora, os motoristas estão ai.

Antes que a dor passe, Berenice entra no quarto com uma bandeja nas mãos.

_ Vamos lá, Clara não está, mas vai ser comigo mesmo. Esse remedio aqui é pra dor, esse aqui pra conter qualquer tipo de infecção e esse..

_ O que você e sua amiga ainda estão fazendo aqui?

_ Clara não está aqui, só eu. Toma e sem reclamar. Brian, seu motorista chegou, pediu pra te chamar.

_ Ele me espera, Berê. Deixa eu acompanhar daqui vocês dois, da pra ver que ele voltou ao normal, talvez você precise de ajuda, e ele está ótimo né?

Os dois riem e eu sigo sério tentando entender essa proximidade. Berenice termina com os remédios, Brian a olha diferente, conheço meu irmão, ele está interessado nela. Ele como sempre achando o amor da vida dele dos próximos cinco anos, até ela querer casar e ele terminar por estar confuso e dizer que o problema não é ela, é ele. Depois eu que passo de Filho da puta entre nós dois. Foi assim com as duas anteriores, sempre falei pra ele ficar solteiro comigo, melhor que enrolar elas por tantos anos e depois dispensar, é muito melhor aproveitar as gostosas do clube, mas ele não fica com nenhuma de lá, pelo menos nunca vi. Eu nunca namorei, Luisa lá do clube está comigo só porque fazemos muita farra juntos e temos nossas namoradas juntos, ela é bem danada. A gente gosta da bagunça, só que mesmo assim já está na hora de colocar um basta, não posso deixar ela achar que tem alguma importância ou significado, não que seja preconceito pelo trabalho dela no clube, não me importaria com isso, e ela já não atende a muitos anos, é exclusiva minha, pago caro pelo serviço personalizado dela, ela só não tem importância porque simplesmente nada nela além de sexo me atrai. As vezes os pitis dela me cansam, apesar de ter vindo de cidade pequena, inclusive aqui de Teruel eu acho, ela é muito ambiciosa, como todas. Faz qualquer acordo por dinheiro. Sempre escolhe os presentes mais caros.

_ Irmão, to indo pra Madri cumprir sua agenda de reuniões. Berenice está aqui, a trate bem. Clara deve estar chegando então seja gentil, se não fosse a ajuda delas você estaria perdido.

_ Menos Brian. Menos. Sem exagero também né. Foi só um tiro.

_ Não era isso que demonstrava nos delírios não Senhor Hector, chamava a Clara o tempo inteiro. Desdenhar agora não adianta mais. Não é Brian?

Os dois riem da situação e me vem alguns fleches na cabeça de quando estávamos no carro, a lembrança de nossos corpos juntos e de que nem a dor foi capaz de fazer meu corpo não responder ao toque no dela, seu olhar de pânico, sua preocupação com todo mundo quase me fez achar que ela é uma mulher diferente das que já conheci, o que me intriga é que fui atingindo tentando correr pro carro para protegê-la, eu só podia estar maluco mesmo, colocar minha vida em risco por uma garota que nunca vi e que muito, muito provavelmente é como todas.

_ Estava delirando de dor, do contrário não teria chamado Berenice. a propósito, tira o senhor da conversa, pode me chamar de Hector.

_ Oi gente. Voltei.

_ Onde você foi?

_ Tá falando comigo senhor Hector?

_ Pode me chamar de Hector, Clara. Sim, estou perguntando onde estava.

Brian me olha e sai rindo com Berenice levando a bandeja de remedio e falando que mais tarde aparece com notícias de Madri. Pela cara de Brian acho que exagerei na pergunta, e realmente, o que me importa onde essa menina estava ou deixa de estar. Ela não respondeu minha pergunta e se aproximou para aferir minha temperatura.

_ Bem, sem febres, mas com muitas perguntas né? Você está bem melhor agora senhor Hector. Vou pro meu quarto quando precisar de algo me chama.

_ Você tem um quarto aqui?

_ Sim. Pelas circunstância o senhor não pode acompanhar, e acho que Brian ainda não te falou, mas eu e Berenice agora trabalhamos pra vocês. Ficaremos aqui até que melhore, depois vamos para Madri.

_ Pro clube?

_ Sim.

_ Sabia.

_ Não Senhor Hector. Acredito que não, qualquer coisa que ache que sabe ao nosso respeito, o senhor apenas acha. Isso é diferente de saber. Seus remédios foram dados, sua temperatura está regular e acredito estar sem dor. Caso precise de algo estarei no quarto ao lado. Só discar no número quatro que o telefone do quarto toca e posso vir te ajudar.

_ Onde você estava? Você é aqui de Teruel ?

_ Se precisar de alguma coisa me chama.

Ela não quis render assunto, me respondeu pedindo pra chama-la caso eu precise, essa garota me intriga. Meu telefone toca chamando minha atenção, Brian retornando pra perguntar algumas coisas dos contêiners e avisando que só vem amanhã cedo para fazenda, a reunião do iate ficou pra onze da noite, um dos convidados atrasou no vôo de Nova York.

📲TXTBrian: Esqueci de avisar, não mexe com Berenice.

📲TXTHector: Desde quando preciso mexer com essas meninas Brian? Pega as duas pra você.

Largo celular de lado e lembro que o médico havia pedido pra fazer caminhadas leves. Decido ir a cozinha buscar água e respirar algum ar que não seja o desse quarto, nenhuma luz está acesa, apenas as luminárias, a segurança parece ter se recolhido, está tudo em silencio, as amigas de Brian também já devem ter ido dormir.

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