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Desço da cama muito lentamente.

A fisgada agora foi menor do que a primeira vez que tentei levantar sozinho, mas acredito que seja efeito do remédio pra dor que ajuda muito a sentir menos o local da cirurgia, olho pra baixo e conto, cinco, não, seis pontos, mais uma cicatriz pra minha coleção. Pelo menos aquelas agulhadas pra achar veia e por soro não precisam mais, procuro as pantufas que deixaram aqui, o ar condicionado está ligado mas resolvo sair sem camisa mesmo assim, não está tão frio e ta todo mundo dormindo, provavelmente.

Ponho os pés no chão e tudo roda lentamente, é normal Hector, acabou de passar por uma cirurgia, bora. Tento falar comigo mesmo pra não desanimar e voltar pra cama. um passo de cada vez vou saindo do quarto e me acostumando a andar sem escorar, muito mais demorado do que achei que seria consigo achar a cozinha. Busco o copo na bandeja do centro da bancada e nas minhas costas escuto alguém chegar chamando meu nome, giro bruscamente o que fazem os pontos repuxarem e o copo cair, levo a mão no local da cirurgia e respiro fundo pra passar o susto e a dor, olho todos aqueles cacos no chão tentando sentir algum alívio.

_ Héctor, o que está fazendo? Porque não me chamou.

_ Clara, sai daqui. Eu me viro. Cuidado não ve....

_ Calma, calma .. não pode abrir esses pontos.

_ Clara..

Nunca vi tão teimosa, ela vem se aproximando muito rápido e tenta me ajudar, tiro a mão dela da minha cintura e a aperto pra ela parar e prestar atenção em mim, agora consigo olha-la de perto, e queria poder ficar aqui a noite toda, ela é a visão do paraíso, o tecido mole do pijama sobre seu corpo mostra suavemente suas curvas, minha pele arrepia sentindo seu hálito quente tão perto, a boca dela é um espetáculo, até o cabelo sem muito jeito cai perfeitamente bem no seu rosto angelical. Que maluquice é essa que sinto perto dessa menina. Não resisto e a puxo mais próximo do meu rosto ainda, olhando para seus olhos e para seus lábios pergunto o porque dela nunca escutar quando peço a primeira vez..

_ Eu.. é.. eu só queria ajudar, e ..

_ Mas porque tem que falar mil vezes pra você escutar? Tá vendo esses vidros ? Tá cheio de vidro. Vai se cortar.

Fazendo uma careta pela dor do esforço e em um único impulso, mesmo sem querer tirar ela de perto de mim, a tiro do chão e a sento na bancada.

_ Héctor, me solta, Hector.. vai abrir os pontos. Sou pesada.

_ Senta ai, calada, vou buscar uma pantufa pra não cortar seus pés. Porque anda descalça garota?

Me esquivando pra ela não entender o real motivo, saio devagar a procura de mais uma pantufa nos apoiadores de entrada da sala ao lado da cozinha, na verdade sai porque fiquei muito excitado quando peguei ela no colo. Acho a pantufa, respiro fundo pra acalmar meu corpo antes de voltar, que loucura, o que é que essa menina tem. Tento disfarçar o devaneio voltando até ela, calço seus pés e ela desce pro chão.

_ Me deixa olhar, preciso certificar que não abriu nenhum dos pontos. Sou muito pesada, pode ter aberto

_ Está tudo bem Clara. Você não é pesada, e se escutasse quando alguém fala contigo a primeira vez, não teria sido preciso te tirar do chão na força pra não se machucar.

_ Tá, obrigada, mas não faça mais isso, eu sei me virar sozinha. No dia que nos atacaram eu também saberia ficar quieta no carro.

_ É, foi burrice correr até você, deveria mesmo ter te deixado sozinha sem saber se estava protegida ou não. Se estaria com medo ou não. Afinal nem te conheço não é mesmo?

_ Obrigada. Já era pra ter te agradecido por isso, mas muito obrigada. Eu realmente estava muito nervosa, eu nunca achei que fosse passar por algo parecido. E me senti muito culpada quando Berê me contou que ao invés de se proteger correu pra onde eu estava e acabou sendo ferido.

_ Em nenhuma hipótese deixaria alguém sofrer consequências devido a minhas atitudes, aquilo aconteceu pela vida que eu escolho viver e ninguém tem que sofrer por isso. Estavam atrás de mim.

_ Porque escolhe essa vida estranha então? Pelo que vejo vocês já tem tudo que querem.

_ Não tenho nada a perder, e sair depois que entra é meio complicado.

Ela dá de ombros e procura um copo pra por água pra mim. Enche e me entrega nas mãos.

_ Deixa esses vidros no chão, eu resolvo isso. Toma sua água e volta pra cama, era pra estar liberado pra uma caminhada leve e você já pegou um peso de sessenta e cinco kilos no colo hoje.

_ Parece menos.

_ Te disse que era pesada. Vamos, repouso. E me liga se precisar, nada de levantar sozinho, combinado?

_ Boa noite Clara.

_ Boa noite Senhor Hector.

Espio pelos ombros e ela está juntados os pedaços de vidro no chão, ela não teve vergonha de aparecer só de pijama, ou talvez nem tenha percebido que estava só com roupas intimas e que sorte a minha, ou não, esquecer vai ser difícil. Queria ter jogado ela naquele balcão e beijado cada centímetro daquele corpo. Mas preciso parar, quando quero algo só paro até ter, se eu começar querer essa garota vou acabar machucando ela. Me conheço. Tudo que toco sai quebrado.

PLiiimmm Plimmm…

📲TXTBrian: Que festa terrível nesse iate. Sua namorada ta aqui atrás de notícias suas.

📲TXTHector: Se estiver falando da Luisa diga que morri com o tiro. E não me enche Brian. Se me irritar vou visitar o quarto de Berenice já já.

📲TXTBrian: Você tem feito enormes esforços pra morrer né irmão? Nao tente a sorte com Berenice, não testa minha paciência.

📲TXTHector: Já disse que pode ficar com as duas pra você se quiser. Quero distância de problema. Elas estão longe de fazer meu tipo.

Brian deve está muito entediado pra ficar mandando mensagem no meio da festa. Geralmente eu que frequento esses eventos, ele odeia, Rss, coitado, quem diria, num sábado a noite, eu em casa e ele nas festas do meu iate, se contar ninguém acredita nesse feito.

Consigo deitar lentamente na minha cama, de novo o corpo dela rodeado do tecido leve de cetim me vem na cabeça. Minha ereção volta dar sinais e resolvo mandar mensagem pra Luisa, preciso me aliviar e ela sempre me ajuda mandando vídeos e fotos, as vezes me liga de FaceTime pra fazer sexo online, ela é fogo.

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