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( BRIAN )

Tento mater o controle da situação e me lembrar de como agir em casos como esses, a vida do meu irmão está em perigo, hospitais aqui em Madri agora seria pedir a morte dele, pensa Brian, Pensa Brian. As meninas estão em pânico, o olhar de medo de Berenice faz com que eu me sinta um inútil. Olha onde esse maluco chegou agindo com tanta impulsividade. Romanove vai se arrepender. Vou finalizar essa história, mas do meu jeito.

_ Berenice, olha pra mim. Calma tá? Preciso da sua ajuda. Pega o celular aqui no bolso do meu paletó. Disca o número 8 e segura por alguns segundos até começar uma chamada. Coloca no viva voz por favor.

📲CallDrVellas.

_ Alô Vellas? Brian aqui, preciso de você na casa de campo de Teruel, consegue? Hector foi atingindo, não sei ao certo qual a situação, estamos a caminho. Consegue fazer em quarenta minutos? Perfeito.

📲CallOff.

_ Teruel? Quarenta minutos? Impossível Brian. Moramos lá, por isso sei a distância.

_ Berê, vamos fazer em meia hora. Coloca o cinto. Clara, ele tá acordado?

_ Oscilando, estou tentando mantê-lo consciente.

Por todo caminho, Clara mesmo apavorada manteve o controle e me ajudou muito, Berê não sabia como reagir, o pânico a deixava um pouco estática, nervosa. Muda durante o percurso quase todo. Pelo retrovisor fui acompanhado o cuidado e a preocupação de Clara com Hector, não sei se outras meninas, no lugar delas, tivessem essa coragem de ajudar, acho que a maioria teria nos deixado no meio dessa confusão toda, as duas nem ao menos pensaram duas vezes antes de colocar a própria vida em risco por dois caras babacas que acabaram de conhecer. Isso eu farei questão de não esquecer. Olho pro meu lado e pego a mão de Berê.

_ Vai ficar tudo bem. Desculpa por isso.

_ Quem são vocês?

_ Não pensa nisso agora.

Aperto mais um pouco a mão dela na intenção de passar mais segurança, quando ela questiona quem somos nós um leve desconforto aparece no meu peito, pensar que ela pode sumir depois de hoje me deixa desconfortável. Sempre sai com mulheres de todo país, tive dois namoros longos, um de quatro e outro de seis anos, mas nunca tive medo de alguém não querer ficar perto de mim mais.

_ Berê, amiga. Fica bem, já tá acabando tudo isso e vamos pra casa.

_ Como ele está Clara?

_ To pressionando a ferida, tá chegando. Vai dar tudo certo.

Clara mesmo nervosa tenta acalmar a amiga, ela faz aquele tipo responsável, que quer cuidar de todos ao seu redor, dar conta de tudo, durona, mas seu semblante não disfarça a preocupação com Hector em seu colo. Meu telefone toca mais uma vez e DrVellas avisa que conseguiu chegar mais rápido que a gente. Acelero um pouco mais.

( HECTOR )

Sinto uma pressão no meu abdômen direito. Uma dor aguda que faz com que minha consciência vá em volte, abro os olhos e enxergo o paraíso nesse rosto, fecho os olhos e sonho com essas mãos delicadas segurando a minha. Sinto dor, mas a presença, o cheiro, o toque dela me acalmam. Quero que a dor passe logo, mas queria também ficar nesse colo pra sempre.

_ Héctor, olha pra mim. Vamos conversar pra você não dormir.

_ Não quero dormir Clara, quero ficar te olhando.

_ Porque não se protegeu Hector? Porque teve que vir até mim?

Quando ela faz essa pergunta uma lágrima escorre no seu rosto, talvez ela esteja se sentindo culpada, fecho os olhos sem conseguir responder, eu nunca deixaria alguém sofrer as consequências das minhas atitudes no meu lugar, mas quando fui até ela, fui com uma sensação estranha de proteção, eu nunca senti isso na vida, nunca achei que tivesse nada a perder e por milésimos de segundos eu me apavorei com a possibilidade dela sofrer no meu lugar.

_ Clara.. Clara..

_ Oi. To aqui ainda. Não fala muito, não faz força.

_ Me Desculpa.

_ Quando estiver melhor falamos, agora por favor não faz força pra falar.

Essa foi a ultima coisa que consigo lembrar ter escutado antes de apagar. Sem conseguir precisar onde e quanto tempo estou aqui nesse lugar, nem com quem, nem qual a real situação após o ataque, meus olhos começam abrir devagar, escuto conversas na sala, Brian me parece estar falando com alguém, tento entender se eles todos estão bem, se mais alguém além de mim se machucou mas ainda sinto uma enorme confusão mental.

_ Acredito que ele acorde nas próximas horas, o quadro evoluiu muito bem apesar da hemorragia. Se não tivessem trago ele a tempo talvez não tivesse sobrevivido. Agradecem a moça que os acompanhou, ela conseguiu selar bem a abertura, impediu que o sangramento fosse maior.

_ Dr Vellas, corre risco de sequelas por onde foi o ferimento?

_ Nenhum Brian. Fique tranquilo. Vou voltar pra Madri, já passei todos os cuidados e de agora em diante é com vocês. Quando ele acordar me liguem que retorno.

_ Brian.. Brian ..

_ Héctor? Meu Deus, ele acordou.. como você está irmão? Dr Vellas.. ele acordou.

_ Me deixe o examinar. Abre espaço Brian.

_ Ai.. Devagar amigão. Levar um tiro dói.

_ Hahahha. Ele está bem Doutor, já está reclamando.

_ Héctor? Berê .. Vemmm ele acordou.

Ofegante e apontando na porta do quarto que reconheci ser o da fazenda de Teruel, os olhos mais doces que já vi na minha vida aparecem. Preocupada, carinhosa, sorrindo, de onde essa menina saiu?

_ Como ele está Doutor?

_ A julgar pelas reclamações, ótimo já.

_ Ele é assim desde que nasceu Doutor.

_ Você me conheceu com sete anos Brian.

_ Você nasceu nesse dia.

_ Calma gente, ele precisa de espaço e um pouco de calmaria, agora que o examinei, voltarei a Madri, qualquer coisa me liguem no número de emergência que volto imediatamente. Amanhã pela manhã, caminhadas leves.

Dr Vellas sai do quarto acompanhado das meninas, Brian fica e olho pra ele ainda muito confuso.

_ Apaguei quanto tempo?

_ Dois dias Irmão.

_ Dois dias?

_ Romanove? Já está morto ?

_ Eu resolvi esse assunto Héctor. Do meu jeito. Fiz um acordo e ele pagou hoje. A mulher dele foi devolvida sem nenhum arranhão .

_ Você além de deixar ele vivo, deixou ele pagar menos?

_ Não, eu encerrei uma rixa que não precisava ter começado. E sem reclamações, sua vida ficou em jogo cara, aprende. Para de agir feito maluco de ódio por tudo e por todos mano, olha onde isso está nos levando.

_ Brian, minha fila de inimigos é maior que a cartela de clientes do nosso clube, acha mesmo que consigo sair disso do dia pra noite?

Berenice entra no quarto com o jeito meio espalhafatoso que quase fez eu atropela-la na porta do clube outro dia.

_ Héctor. Seus remédios das oito horas.

_ Já estou ótimo Berenice, não precisa, Obrigado.

_ Não é uma pergunta. _ Clara entra atrás de Berenice com tom autoritário. Olho pra Brian sem entender bem.

_ Desde quando temos tanta intimidade pra achar que manda em mim garota ?

_ Desde que ajudei salvar sua vida. Então toma aqui.

_ É irmão, eu você consegue driblar, mas essas duas ai, não sei não, você vai precisar de mais empenho.

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