*:・Capítulo 4 - Controle total

Sentei na mesa esperando algum milagre acontecer, o que não ocorreu.

Minha barriga se revirou pela fome e fui obrigada a me mexer para procurar algo de comer.

Abri alguns armários encontrando apenas ingredientes para serem preparados.

— É impossível eu fazer algo com essa roupa  — olhei para a saia estufada do vestido. Até mesmo se aproximar do fogo seria suicídio com essa quantidade de panos finos.

— Eu preciso de ajuda... — pensei nisso, mas estava ciente que não era possível, seria capaz do cozinheiro por veneno na comida se eu pedisse algo.

— Vou tentar achar algo útil primeiro —tentei deixar a fome um pouco de lado enquanto explorava a cozinha, tinha que ter alguma coisa que podesse me ajudar.

Vi uma porta na parte de trás da cozinha, me aproximei e abrir ela devagar. Era uma dispensa, vi vários materiais de cozinha, utensílios de limpeza e alguns caixotes separados devidamente.

Entrei na sala tentando ver um pouco mais, me deparei com um pequeno quadro com algumas anotações escritas nele, e algo que parecia ser a planta da mansão desenhada.

Olhei atentamente cada lugar tentando memorizar, as informações estavam bem nítidas, possivelmente para que fosse fácil uma nova empregada entender como funciona cada lugar da casa, então foi de grande ajuda.

Olhei mais um pouco e reparei nos caixotes no canto da sala, eram frutas, e alguns legumes devidamente guardados.

— Frutas! — Fui em direção a um dos caixotes recolhendo algumas uvas e maçãs, alí mesmo comi.

— Ah, que sorte de ter encontrado isso, agora posso me movimentar melhor —

Saí do depósito indo em direção ao salão principal.

— Tenho que voltar logo para anotar os lugares que eu lembro, não será bom se eu tiver que voltar para o depósito frequentemente — O silêncio dentro da mansão ainda era perceptível.

Quando cheguei a frente do quarto me deparei com a empregada chefe, e uma garota mais nova ao lado dela.

— Ah, Acabei de perceber que não sei o nome dela!

— Senhorita D'zColines, estava esperando-a voltar — Ela me olhou novamente com aquele olhar rígido e sério, como se estivesse me analisando para saber onde eu estava.

— Pois não? — Estava mantendo meu rosto sério, mas dava para ver que eu estava forçando.

— Essa mulher me dar calafrios, o que ela tem com esse olhar afinal?

— Essa é a Jovem Ane, ela foi designada para ser sua empregada pessoal a partir de hoje — Ela ergueu a mão mostrando a garota, que deu uma pequena reverência.

— Ane... Esse nome não me é estranho, tenho certeza que já vi o nome dela no livro, ela é apenas uma personagem secundária qualquer ou ela tem aparição importante? Não me lembro...

— Ansiosa para ver seu trabalho Ane— Ela afirmou com a cabeça erguendo a postura.

— Aliás, empregada chefe, qual o seu nome? Acabei esquecendo com a confusão.

— É de se imaginar, a memória da senhorita nunca foi uma das melhores.— Ela deu um leve sorriso, que me fez apertar a mão de nervosismo.

— Acho que se ela estivesse com uma faca nesse momento, eu não estaria mais aqui, isso é o que aquele sorriso demonstra.

— Me chamo Leah, obrigado por se dar o trabalho de perguntar, irei me retirar agora, deixo a Ane aos seus cuidados — Confirmei com a cabeça, ela fez uma leve reverência antes de se retirar e sair do nosso campo de visão.

— Empregada pessoal você diz? Isso me parece mais uma espécie de espiã — Ane é uma garota de porte médio, ela não é magra, mas também não é gorda, suas sardas são visíveis, e seu cabelo castanho enrolado escorrendo sobre seu rosto é visivelmente bonito.

Abrir a porta do quarto, que agora está sem poeira nenhuma, o ar está bem mais puro, e as roupas de cama perfeitamente limpas.

Respirei fundo enquanto ia em direção a mesa escrever, desenhei o que lembrava do plante que tinha visto no depósito, ao que parece há uma biblioteca nessa casa no andar inferior.

Não anotei os acontecimentos, pois não me lembro direito, hoje é dia 15 de novembro, estamos no outono, a história do livro já começou, mas Valentina só se encontra com Lilian no início do inverno, tenho pouco mais de um mês.

Séria bom eu evitar esse encontro a todo o custo, se eu me recordo o príncipe me chama para uma festa do chá a tarde, e ela acaba estando lá pelo mesmo motivo.

— Ele só pode ter feito isso de propósito, príncipe desgraçado! — Bati meus dedos na mesa na emoção.

— Senhorita, gostaria de um chá? — Ane se aproximou de mim com uma bandeja de chá.

— Ah, sim, por favor — Ela serviu o chá, e deixou a minha frente, era um jogo de cerâmica muito bonito, e a colher do mesmo material fazia uma boa combinação. Adicionei um pouco de açúcar para beber.

— Espera, cerâmica? As colheres normalmente não são de prata em casa de pessoas nobres para evitar veneno? — Olhei para Ane que estava com um olhar calmo em seu rosto.

— Claro, como eu pude me esquecer — 

Ergui minha mão ao topo do meu cabelo puxando o grampo de prata que o segurava, mergulhando na xícara de chá, tive minha resposta rapidamente, ele ficou preto.

Olhei para Ane e vi que ela estava pressionando suas duas mãos juntas, afastei a bandeja de chá da mesa enquanto me levantava.

— Trazer um jogo de chá de prata é mais eficiente, não concorda? Seria muito triste se eu fosse envenenada pela minha empregada — Dei um leve sorriso, era mais fácil repreender alguém como Dana, a presença dela não me assustava como a de Leah.

— S-sim, senhorita, tomarei mais cuidado — Ela abaixou a cabeça enquanto recolhia a bandeja.

— Não posso me dar o luxo de abaixar a guarda em nenhum momento 

Fiquei frente a Ane pensando no que faria, eles podem me odiar, mas o fato de eu ter provas contra ela e a nossa diferença de status social, muda totalmente o cenário, mas entregar ela não me beneficiária em nada.

— Ane, o que acha de fazermos um acordo? — Minha pergunta inesperada fez com que ela levantasse a cabeça olhando em meus olhos.

— Um acordo? — Perguntou com a voz baixa.

— Exatamente, você ainda é nova, acho que mais nova que eu, ser condenada a morte por tentar me envenenar seria terrível, não concorda? — Ela encolheu os ombros ficando mais tensa.

— Vamos fazer assim, me ajude quando eu mandar, e eu não falo nada sobre esse acontecimento, me odiando ou não, ainda sou uma nobre, se livrar de uma mera empregada novata é fácil.  — Forcei um sorriso em seguida.

— Que tipo de fala foi essa? Uma vilã de novela mexicana faria melhor!

— E-eu aceito! — Ane abaixou a cabeça enquanto falava com a voz trêmula.

Não pude evitar de sorrir alegremente ao ouvir isso, normalmente há muita fofoca dentro dos círculos das empregadas, ter alguém que possa me falar é mais do que ótimo.

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