[Um dia antes]
— Rosa! Cadê meu dinheiro!? — Ouvi o berro da minha mãe da sala.
— Mãe, você tinha deixado no criado mudo — Engoli minha xícara de café para sair de casa.
— Não está aqui!! — ouço algo se quebrando enquanto ela gritava.
— Então você já deve ter gastado! Pare de quebrar as coisas, depois você vai precisar e não vai ter! — Suspirei me arrependo do que tinha acabado de dizer, isso iria irrita-la mais.
— CALA A BOCA ME RESPEITE! —coloquei rapidamente meus sapatos quando escutei ela saindo do seu quarto.
— Porcaria, merda!— deu um soco na parede enquanto resmungava, me levantei do sofá olhei para ela, era apenas 8 horas da manhã, mas ela já estava totalmente drogada, seu rosto era bonito se não fosse pela maquiagem forte borrada e os olhos de quem fumou por horas.
— É tudo culpa sua! Sua e do infeliz do seu pai por ter me abandonado!! Porque você se parece tanto com ele merda! — Ela agarrou o jarro de flores que estava em cima da mesa e tentou jogar na minha direção, mas não conseguiu acertar por estar terrivelmente dopada.
— Não desconte sua raiva alheia em mim, não tenho culpa das besteiras que você faz, estou indo para o trabalho, não traga nem um homem para cá! —sai de casa em direção ao metrô, não queria ter dito isso a ela, mas ela merecia ouvir.
Minha mãe não é assim de agora, na verdade antes mesmo de conhecer meu pai ela já era assim.
Ela mudou muito quando conheceu ele, mas depois do casamento, ela voltou a se drogar novamente, nada que meu pai tentasse fazer ajudava.
Foi o limite para ele quando ela tentou agredir minha vó para pegar o colar dela, apenas para suprir a necessidade do seu vício.
Ele tentou me levar com ele quando tinha 5 anos, mas ela conseguiu conquistar um advogado naquela época, e venceu a batalha judicial, desde então nunca mais o vi.
Sempre tive a mania de responder ela na hora, e acabo me arrependendo em seguida, não só com ela, talvez devesse controlar mais minha língua.
—Ah.. — suspirei cansada.
— Eu tenho que conseguir terminar minha faculdade logo para sair dessa casa.
— Bom dia! — entrei pelas portas do fundo da lanchonete.
— Bom dia, rosa — me encontrei com o sorriso calmo de Erick que estava aquecendo a chapa.
— Cadê Jona? — pendurei minha mochila enquanto pegava meu avental.
— Estava conversando com o dono do imóvel, parece que ele quer aumentar o aluguel novamente — Suspirou triste enquanto virava um pedaço de hambúrguer, foi uma cena meio engraçada.
— De novo? Mas já é a quarta vez em menos de três meses — coloquei minha touca enquanto começava a preparar os pratos.
— Sinto que ele não quer mais a lanchonete aqui, ele deve está tentando deixar Jona encurralada — Ele deu um longo suspiro desanimado.
— Mas não vamos desanimar, certo? — abri um sorriso apoiando minha mão no ombro dele.
— Sim, você está certa — ele colocou o sorriso em seu rosto de novo se consolando.
— Inclusive amanhã volta suas aulas não é? Como você vai fazer rosa? — ele virou para mim com um olhar preocupado.
— Ah.. não sei, talvez mude para aula a distância, vou pensar sobre isso mais tarde — sorrir desconcertada.
Ele era o único que sabia mais ou menos da minha situação, trabalhava das 09:00 até às 19:00, como o metrô só voltava às 20:00 eu continuava na lanchonete, fazia faculdade a noite em seguida, e só chegava em casa as 03:00, normalmente me deparava com um cara aleatório dentro de casa com minha mãe.
— Entendo, espero que dê tudo certo — ele sorrio querendo me animar enquanto me entregava os hambúrguers — Posso te pedir um favor hoje se não for incomodar? — Ele virou para mim com uma cara de cachorrinho abandonado.
— Haha, diga — ele ficava especialmente lindo quando fazia essa cara, não que ele já não fosse.
— Você pode arrumar as coisas hoje na saída? Minha namorada vai conhecer meus pais hoje, aí eu não queria deixa-la sozinha, não quero que ela se sinta desconfortável — se apoiou sobre seu braço me olhando enquanto falava.
— Sem problemas, eu pego o segundo metrô, pode ir paparicar a Rebeca — Fiz uma careta para ele.
— Ei! Ela é meu bebê okay? — Damos risada.
— Vai logo trabalhar, vou colocar os lanches na vitrine — dei um empurrãozinho nele para voltar a se mexer.
Erick é tão apaixonado por sua namorada, as vezes dá até inveja quando ele resolve falar dela, não tem problema eu sacrificar uma hora do meu tempo para ajudá-los, nada demais acontece mesmo.
— Oh, Rosa, bom dia — Ergui o olhar e vi a Gerente Jona entrando na lanchonete.
— Bom dia gerente, como foi a reunião? — Sorrir, ela era uma senhora de 40 anos gentil de aparência elegante.
— Ah, vou comunicar ao chefe, mas muito provável vamos ter que fechar a lanchonete, não tem condições de continuarmos pagando — ela suspirou enquanto vinha para a pare do balcão.
Era triste de se ouvir aquilo, fazia 3 anos que eu trabalhava aqui, entrei junto quando comecei minha faculdade, e era o único local do qual eu me divertia e gostava das pessoas, vê-lo fechar era igual a dar adeus ao resto de minha vida social.
— Não se preocupe tanto minha jovem, quem sabe o chefe queira continuar com a loja em outro local? — ela pois a mão em meu ombro percebendo meu desânimo — agora de volta o trabalho! Abrimos em 5 minutos — entrou para a cozinha com seus passos apressados.
— Bem, é melhor eu começar o meu trabalho também, não sei quando eu vou deixar essa pequena lanchonete.
Sorrir comigo mesmo imaginando como séria quando minha vida melhorasse.
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Atualizado até capítulo 17
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