Viagem

Estava acontecendo tudo de novo. O menino saiu do galpão, pouco depois que Christopher o deixou a sós, o menino odiava quando o viam vulnerável, Christopher não deveria o ver vulnerável.

SA suavida estava uma bagunça, os seus pais brigavam novamente na sala, e havia várias caixas vazias espalhadas pela sala. Não precisaram dizer nada, o menino já conhecia aaquela cena

Era banal, era tão doloroso fazer aquilo de novo, empacotar tudo em caixas, perder várias lembranças e momentos por algo incerto. Não era a primeira vez que mudaria, nem seria a última. O menino estava cansado daquela loucura, ver os ladrilhos da janela o fez refletir do porquê continuar vivendo daquela forma miserável? Suspirando ele guardou as suas coisas, sentou no chão e encolheu-se em posição fetal, enquanto ouvia Daniel gritando com Amélia por causa de uma louça que ele havia lhe dado há muito tempo.

_ Eu deveria enfiar aquele copo no meio do... (Amélia resmungava abrindo a porta do garoto e a fechando tentando se aliviar um pouco daquele conflito).

Murmurando ela nem havia percebido que o menino estava no chão em silêncio. Era tão comum o garoto ficar invisível perante eles, que quando ele estava presente era praticamente imperceptível. Amélia só o notou alguns minutos depois, ela se assustou quando o viu encolhido, cabisbaixo de forma fetal sentado no chão em silêncio, nisso ela se aproximou dele rapidamente e puxou seu braço abaixando a manga longa do garoto para ver os seus pulsos.

_ Você se cortou de novo? (Olhando para ele, ela não demonstrava muito carinho, parecia irritada ao vê-lo ali).

Negando o menino se desprendeu de sua mão e continuou quieto, não havia nada a dizer, ele não estava cortado, isso a aliviou por um instante.

_ Sabe, eu não gosto da sua roupa! Não gosto do seu cabelo, não gosto de te olhar, você me deixa infeliz! Queria tanto que você parasse de né desafiar fazendo esse joguinho de teimosia se vestindo dessa forma, estragando o seu corpo com tatuagens horrorosas, pintando o cabelo feito um palhaço e o cortando dessa forma! Eu não gosto de te ver desse jeito, você parece um deliguente! (Aquilo era uma forma de demonstrar importância, mesmo que sua mãe não deixasse claro aquilo).

_ Onde nós vamos morar, tem um clube de música! Eu mandei o Daniel tomar vergonha na cara e te ensinar a ser alguém na vida, já estou cansada de vagabundos dentro de casa! Eu não quero te ver fumando de novo! Gostava tanto de quando arrumava o seu cabelo e te vestia para ver seu avô, não sei porquê você virou essa aberração! Mas você vai ser curado, se pelo menos fosse mais... (Mamãe não aceitava o fato deu ser daquele jeito, ela sempre dizia que sentia falta de me vestir feito uma boneca de cera, nunca me senti bem, mamãe não sabia, mas era horrível a ouvir lamentando, era horrivel quando ela me vestia, eu nunca me vi nos moldes daquelas roupas, nunca me vi como as outras crianças da minha idade, sempre me sentia estranho, Jessie sempre se sentia estranha usando aquela tiara de laços e pedras com aquele vestido rendado, ela se sentia desconfortável e perdida no meio das outras crianças que a chamavam para brincar).

_ Só estou com ele por sua culpa! É ruim demais ter um filho que te dê vergonha, se eu me separar, as coisas ficarão mais vergonhosas! Esse casamento é uma droga, tudo isso é uma droga, estou e ajusta disso, mas o que posso fazer? Se nem estando juntos, nos conseguimos te dar juízo, separados om certeza você jamais ficará são! (Talvez Jessie gostaria que eles fossem separados, mesmo desejando aquilo, no fundo ela sentia medo, o menino sentia o mesmo medo que Jessie, se seus pais se separassem o que aconteceria depois).

Um silêncio profundo vagava em sua cabeça enquanto via os lábios de sua mãe se movendo, pensamentos estranhos lhe consumia lentamente enquanto o garoto fingia estar presente naquele diálogo. Mamãe e papai se davam bem quando mais novos, mas aos poucos aquilo foi se deteriorando, acarretando uma série de problemas.

As brigas constantes, os esquecimentos do menino na escola, nos clubes, nos locais públicos, fazia o garoto sentir-se só e várias vezes se sentir culpado por estar destruindo sua família e fazer seus pais brigarem. Os medos, os traumas, o sentimento de rejeição, a ocultação dos seus sentimentos estúpidos para não ocorrer mais problemas, a opressão que sentia e falta de afeto, só lhe causou intensas crises de ansiedades, misturadas com pânico, solidão, angústias e vazios por viver grande parte do tempo sozinho em casa.

Louie era seu amigo, ele miava preguiçosamente alisando no calcanhar do garoto que lhe dava carinho em silêncio. O gato parecia conversar mais que o menino, agora ele estava se engatando com a gata da vizinha que sempre ameaçava o bichano se o pegasse com sua gata, mas era a gata que não era castrada, Louie era Don Huan, por isso o menino o castrou nas primeiras fugidas do gato para a rua. O garoto sentia medo de o perder assim como perdeu os seus amigos, sua família e suas lembranças. Ele mal se lembrava de quando foi a última vez que sorriu de verdade, talvez nunca houvesse sorrido com felicidade, era um riso enganoso igual os retratos espalhados pela casa.

Com as suas coisas empacotadas, os seus pais colocavam os móveis dentro do caminhão, aos poucos aquela casa do quarto de ladrilhos se esvaziava, um sentimento cortante passou em seu corpo, parecia que ele queria gritar, não para ficar, não pelas lembranças, elas nem eram tão boas, mas pelo fato do cansaço de viver aquilo novamente, e por saber que em pouco tempo tudo aquilo iria acontecer novamente feito um lopping.

Entrando no carro, Louie dormia em seu colo, o gato era tão preguiçoso. Seus pais não discutiam, parecia que a viajem não seria tão horrível, exceto pelo fato do menino receber uma mensagem de Christopher perguntando o motivo dele ter desaparecido e não o responder mais. O menino não havia o contado que iria embora, e era melhor assim, o garoto havia dado bebida para o francês, o fez fumar e brigar em um cabaré, o menino quase estragou a vida do francês e a deixou igual a sua, apesar de não se sentir bem, ele não queria mexer em mais nada, estava tudo bem do jeito que estava indo, eles iriam se afastar e Chris rapidamente esqueceria de suas amizades.

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