Era noite quando o francês mexia em suas bugigangas no galpão e Anna o chamou para jantar. Como sempre ele olhava a janta e rejeitava quase toda comida. Era difícil entender como o menino vivia apenas de arroz e feijão, legumes ele nao comia, seu estomago revirava e vomitava no mesmo instante. Christopher tinha muitos problemas com a alimentação, não comia legumes, sopas, peixes, massas, suco só bebia de morango ou laranja, mas a fruta em si ele odiava, frutas também eram um problema, banana comia, mas tinha dias que até ela o garoto rejeitava, Christopher era um garoto muito inteligente, no entanto tinha vários problemas com alimentação, com pessoas, com o tempo, ele era capaz de ficar horas preso no galpão construindo bugigangas, no entanto, não aguentava ficar dez minutos se socializando com alguém da sua idade.
_ Ele está mais seletivo que antes, você tem que falar com a Catherine! Se o menino adoecer, a culpa vai ser nossa! (Anna murmurava a Robert que negava que o menino piorava).
_ Ele tem vitaminas, isso já ajuda! (Robert dizia enquanto tossia, o gosto de sangue vinha na boca).
_ Ele só está comendo biscoito de maizena e suco de morango, quer que o menino fique igual a você? (Ela brigou com o homem e virou do outro lado da cama).
Conversar com Catherine não era muito simples, ela era um pouco exagerada, Robert conhecia muito bem sua irmã, falar com ela pelo telefone era um alivio ao mesmo tempo um desespero. Com Christopher dormindo, o homem a mostrava o garoto, ele estava crescendo, Catherine sentia saudades do garoto, mas tinha vergonha do que podiam pensar se descobrissem que ele não era igual aos outros garotos.
_ O menino está dormindo, ele ficou o dia todo no galpão novamente com aquelas bugigangas! (Robert a respondia, enquanto ela o indagava).
_ E na escola, ele melhorou no comportamento? Está conseguindo se socializar? (Era sempre a mesma pergunta, Catherine se preocupava com o seu filho).
_ A diretora me disse que ele está na frente da turma, e ela vai fazer uma avaliação para promovê-lo de série! Já a socialização, ele não me diz muito a respeito! Você sabe, Christopher tem a boca quente quando o assunto é amizade! (Catherine sabia, Chris era esquisito desde pequeno, ele dizia coisas que deixavam as pessoas assustadas, as vezes ele falava coisas inapropriadas que envergonhava a moça).
_ Eu entendo... Amanhã ligarei cedo, vou conversar com ele! O dinheiro que mando, está suprindo as despesas dele? (O dinheiro, era algo tão chá chá conversar, ela sempre queria saber onde ia o dinheiro).
Robert a mostrava o que havia comprado, junto da nota fiscal, ela o pediu para olhá-lo, em troca mandaria grana para remédios, escola, roupas e comida.Robert gostava tanto do menino que acabou o criando feito um filho e sempre dava algo além que a sua mãe mandava para ele, a sua mulher não podia engravidar, Robert também não queria uma criança, mas quando Catherine levou Christopher para Robert, ele se viu no garoto e o acolheu feito um filho, quando ela disse se ele podia cuidar do garoto.
Enquanto Robert a respondia, ele dizia sobre a seletividade dos alimentos que Chris tinha, sobre os remédios que pareciam não está fazendo efeito e os médicos que o menino deveria ir. Enquanto o homem falava o menino acabou acordando e escutando um pedaço da conversa.
_ Eu não trago ele para casa, porquê você sabe como a família do Jean é! Eles jamais aceitariam um menino com deficiência na família, e se vissem como Christopher está agora, com certeza diriam que a culpa é minha, por ter um família com pessoas com algum tipo de transtorno! A família do Jean é muito preconceituosa, e eu mandei o Christopher aí para você o deixar mais normal possível, agora o meu filho está pior do que mandei! Como vou trazê-lo para França assim? Christopher vai envergonhar a nossa família... (Foi o suficiente para Christopher entender o motivo de sua mar o mandar para lá).
Ele lembrava de como chorou quando ela o deixou sozinho com seu tio, o francês nem sabia quem era o tio Robert. Viveu com ele durante os primeiros dias, completamente assustado, foi muito difícil se adaptar sem sua mãe. Depois Chris entendeu, que ela não queria o tornar autônomo ela havia o excluído da sua vida.
Por isso que Chris não a atendia no telefone, ela o excluiu da sua vida, mandava dinheiro para alegar ser uma boa mãe, ligava para alimentar seu ego de ser uma boa mulher, na verdade Catherine não era mais nada para Christopher. Depois daquele dia, as coisas começaram a ficar diferente entre eles.
Antes o menino se empolgava quando a ouvia pelo telefone, mas na manhã do dia seguinte, wuando ela ligou para Robert e ele levou o telefone para o menino ouví-la, Christopher desligou a ligação e não disse mais nada.
O menino continuava agindo como o mesmo, conversava com seu tio, arrumava as coisas no galpão, ele sabia que não era igual os outros, o tio Robert o dizia que ele era incrível e especial. O francês era isso tudo, e se alegrava em ter seu tio como seu amigo.
No entanto as conversas com sua mãe se tornaram cada vez menos frequentes, ele desligava a ligação, não dizia nada, quando era o tio Robert que segurava o telefone, e não demonstrava expressão alguma em relação aquilo. Christopher estava sendo tão frio, que sua mãe o comprou um telefone, ela mandava mensagens, o ligava, mandava email, mas o menino a ignorava, a ponto em que sua mãe resolveu o levar de volta para a França.
Catherine não aguentava mais o silêncio de Christopher, Jean também o ligava, ele também se preocupava com o garoto que não os respondiam e nem dizia o que estava acontecendo. Robert dizia que ele estava normal, e que talvez aquilo fosse uma brincadeira que aprendeu na escola, Chris também não o dizia o que se passava.
O tempo foi passando, as coisas começaram a piorar e foi só assim que Robert descobriu, por meio de um colega de Chris, que o garoto havia ouvido a conversa em que sua mãe havia dito que sentia vergonha dele ser seu filho por ter transtorno, e que Chris não procuraria mais ela, pois ele também sentia vergonha dela ser sua mãe.
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Atualizado até capítulo 28
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