Capítulo 17

Em uma sala privada.

O ambiente era elegante e a mesa estava repleta de pratos requintados e deliciosos.

Audrey e Lorenzo ficaram em silêncio. O único som na sala era o tilintar ocasional das colheres.

Lorenzo olhou para Audrey excepcionalmente calmo e levantou-se. Ele pegou um camarão com os pauzinhos e colocou na tigela dela.

Audrey de repente olhou para cima, com os olhos cheios de choque.

O coração de Lorenzo suavizou-se.

Ele sussurrou:

— O que há de errado? Você ainda está distraída?

Audrey não queria que ele se preocupasse. Ela queria sorrir, mas por mais que tentasse, não conseguia sorrir.

Ela suspirou.

Lorenzo disse:

— Audrey, você não precisa se forçar. Ria se estiver feliz, chore se estiver infeliz. Você sempre foi assim. Por que você cresceu, suas emoções não são tão puras como antes?

Talvez tenha sido porque ela o ouviu falar do passado, ou por causa das repetidas perguntas dos repórteres anteriores, ou... porque quando ela estava sozinha e indefesa, ela não esperava que a primeira pessoa em sua mente fosse Pietro.

Ela achou que era ridículo e se sentiu ainda mais desamparada e triste.

Foi ele quem a colocou em uma situação tão embaraçosa, mas ela, inconscientemente, pensou que de repente ele seria gentil e a ajudaria!

Audrey tinha vergonha de sua ilusão.

A mão dela, que segurava a colher, tremia ligeiramente. Ela usou tanta força que seus dedos doeram, mas ainda exerceu força como se não conhecesse a dor.

Lorenzo percebeu que sua mão em sua coxa estava prestes a se levantar para evitar que ela se machucasse, mas finalmente desistiu.

A atmosfera passou de silenciosa para pesada.

Audrey largou a colher e disse com os olhos levemente vermelhos:

— Sinto muito, Lorenzo, eu me envergonhei na sua frente de novo.

Diante de seu tom fingido de relaxamento, Lorenzo forçou um sorriso.

— Está tudo bem se eu ver.

Audrey baixou os olhos e evitou os dele.

A expressão de Lorenzo escureceu quando ele disse suavemente:

— Audrey, quando voltei desta vez, parece que você não está vivendo bem toda vez que te vejo.

Alguma tristeza que acabara de ser enterrada surgiu, quase afogando a boca e o nariz de Audrey.

Sua respiração era muito leve e lenta.

— Sim, desde que acordei, o mundo inteiro mudou. Com a morte da minha irmã, todos pensam que fui eu quem causou a morte dela.

Audrey disse suavemente, suas palavras vagando.

— Papai e mamãe me culpam. Os repórteres que não sabem tudo me culpam. Até meu marido está me culpando.

Seu sorriso era triste e sem graça, mas também extremamente comovente.

— Na verdade, às vezes também penso isso. Se não fosse por mim, minha irmã não teria morrido.

Lorenzo cerrou os punhos com força, os olhos ligeiramente vermelhos.

A culpa, a tristeza e o desespero da mulher refletiram-se vividamente em suas poucas palavras.

Ela sempre foi um anjo no passado.

Mas agora estava arruinada.

Ele até teve uma participação nisso.

Seu coração foi torcido por uma faca e seu rosto estava pálido. As palavras fracas da mulher destruíram sua última linha de defesa.

— Se ela não morresse, ou se fosse eu quem morresse, tudo poderia ter sido diferente.

— Não!

Audrey ficou atordoada e olhou para o homem que falara com um tom intenso.

Lorenzo suportou isso em silêncio, seus olhos ficando vermelhos. Ele cerrou os dentes e perguntou:

— Audrey, você quer se divorciar de Pietro?

Os lábios de Audrey se separaram, surpresa com suas palavras.

— Lorenzo....

— Eu posso ajudá-la. - Lorenzo não se conteve mais.

Ele segurou o pulso dela como se quisesse dizer algo surpreendente.

— Contanto que você realmente queira se divorciar dele, posso ajudá-la!

Sua mão estava quente como aço e ele a conteve.

Suas palavras foram apressadas, como se ele nunca tivesse a chance de falar se não dissesse agora.

— Audrey, você tem que saber que nem tudo é o que você pensa. A morte de Adie não deveria ser culpa sua. Foi apenas um acidente e…

Bang!

A porta da sala privada foi aberta com um chute.

— E o que?

Pietro estava na porta. Seus olhos escuros passaram pelos dois de mãos dadas enquanto milhares de ondas subiam.

Do lado de fora da porta, o assistente Simon e o gerente estavam lá. Quando viram a cena lá dentro, ninguém se atreveu a falar.

A cena estava estagnada, quase congelada.

O homem ficou atordoado e imediatamente entendeu. Ele protegeu o gerente de interferir na conversa.

A porta se fechou.

Pietro avançou com suas longas pernas. Sua figura alta era especialmente alta e opressiva na frente dos dois.

Os lábios de Audrey tremeram. Ela queria dizer alguma coisa, mas Pietro tomou a iniciativa.

Ele olhou para os pratos na mesa com uma expressão fria.

— Lorenzo, você está realmente animado.

Lorenzo naturalmente largou Audrey. Sua mão, que usava um relógio requintado, encostou-se na mesa e segurou-o fracamente.

Ele levantou ligeiramente a cabeça e olhou nos olhos de Pietro.

Seu tom não deveria ser superado.

— Eu poderia dizer o mesmo a você, Presidente Sartori.

Pietro agarrou o banco e colocou-o atrás dele.

Ele sentou-se e naturalmente cruzou as longas pernas e recostou-se na cadeira.

— O jovem mestre Zuyan é um jovem conhecido de minha esposa. Já que você é amigo dela, naturalmente você também é meu amigo.

Ele acendeu um cigarro e segurou-o entre os dedos. Sua aura de rei era firme e fria.

Audrey o encarou na diagonal e não sentiu nenhuma simpatia por parte dele.

Seus olhos frios passaram pelo rosto dela. Audrey subconscientemente baixou os olhos para evitar olhar nos olhos dele.

A frieza em Pietro aumentou.

Ele perguntou:

— Sobre o que vocês dois estavam conversando antes? Diga-me, deixe-me ouvir também.

Seu comportamento malandro deixou Lorenzo momentaneamente sem palavras.

Audrey odiou sua atitude. Seus olhos brilhantes estavam cheios de frieza.

— Não fale conosco assim.

— Nós?

Ele levantou ligeiramente a voz e as costas de Audrey ficaram tensas.

Pietro zombou.

— Querida, você pegou a pessoa errada? Seu marido está aqui.

Audrey tremia incontrolavelmente.

Não foi porque a palavra “querida” fosse doce, mas porque ela podia ouvir sua ameaça e advertência.

O cigarro queimou até a metade. As cinzas caíram no chão de madeira e se transformaram em pó, para nunca mais serem vistas.

Um sorriso frio apareceu em seus lábios.

— Você não tem mais nada a dizer, certo? Então venha comigo.

Sua expressão mudou tão rapidamente. Ele se levantou e cruzou a distância entre eles. Ele agarrou o braço de Audrey de maneira rude, sem qualquer piedade.

O rosto de Audrey ficou branco.

Lorenzo levantou-se de repente e segurou o braço de Pietro. Ele o parou severamente.

— Seja gentil. Você está machucando ela!

O sorriso de Lorenzo se alargou. Seus traços faciais profundos ondulavam com alguma loucura e até um pouco distorcidos.

— Ela é minha mulher. Depende de mim se dói. O jovem Mestre Zuyan não consegue mais encontrar uma mulher com quem brincar, então ele está controlando minha esposa?

Audrey olhou para ele em estado de choque.

Ele… ele poderia realmente dizer coisas tão feias!

— Pietro, do que você está falando?

Ao mesmo tempo que ela se sentiu magoada, seus olhos ficaram vermelhos.

— Aos seus olhos, todos os homens e mulheres estão reunidos para fazer esse tipo de coisa insuportável?

Pietro não falou.

Audrey sorriu tristemente. A água encheu seus olhos.

— Isso é verdade. Você até suspeita da sua própria esposa. Em quem mais você confiará?

Ele disse friamente:

— Se você realmente se considera minha esposa, deveria conhecer seus limites.

Audrey perguntou:

— Quando os rumores se espalharam, você se tratou como meu marido?

Pietro cerrou os dentes. A raiva tingiu seus olhos escuros de vermelho.

— Então quem você pensa que ele é?

— Uma boa pessoa. - Audrey olhou para ele e definiu: — Alguém muito melhor que você.

Pietro fechou os olhos com força.

Ele sabia que se continuasse falando com ela, não seria capaz de se controlar.

Quando ele abriu os olhos novamente, já estava frio e silencioso.

Ele olhou para o silencioso Lorenzo com malícia.

— Ele acabou de se encontrar com algumas mulheres no hotel esta manhã. Agora, ele vai se encontrar com você em particular aqui. Audrey, você tem bom gosto.

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