Capítulo 20

À noite, Audrey estava sentada na sala, atordoada.

Pietro voltou com roupas molhadas.

Quando ele a viu na sala, ficou um pouco surpreso.

Audrey também ficou surpresa. Como ele a ignorou, ela se levantou e disse:

— Está chovendo?

Pietro parou quando passou por ela. Ele se virou, seu olhar sombrio.

— Está chovendo muito. Você não consegue ouvir, Madame Sartori?

O rosto de Audrey ficou pálido.

— Ou você está tão absorta em seus pensamentos que não me ouviu?

Audrey cerrou os punhos.

— Não.

Ela estava tão calma e obediente, ao contrário dela ontem.

Foi porque ela estava tão triste com o homem que esperou do lado de fora o dia inteiro que ela não conseguia nem ficar com raiva dele?

O rosto de Pietro ficou frio enquanto ele zombava:

— Por quem você está tão perdida? Audrey, você não pode dizer que é por minha causa.

Audrey abriu a boca e ficou sem palavras.

O olhar frio de Pietro passou por seu pescoço e ele não queria dizer mais nada para ela.

Ele avançou e estava prestes a sair quando viu algo familiar pelo canto do olho.

Ele franziu a testa e se aproximou.

Na lata de lixo limpa havia uma caixa de pomada intocada.

Seus olhos frios de repente voltaram para ela.

Audrey entrou em pânico de repente.

Com uma risada fria, ele de repente ficou frio.

Sob seu olhar confuso, o homem se agachou e enfiou a mão na lata de lixo.

Sob a fraca luz amarela, o rosto de Pietro tremeluziu. Audrey pôde ver claramente que era a calmaria antes da tempestade.

Ela franziu os lábios, querendo explicar, mas não sabia como.

Pietro pesou as coisas em suas mãos e foi até ela.

— Audrey, a coisa mais estúpida sobre você é que você acha que pode me ameaçar se machucando.

O ar frio invadiu.

— Na verdade, as únicas pessoas que você pode ameaçar são aquelas que realmente se importam com você.

Ele abriu a boca friamente e olhou para ela com interesse frio.

— Não me diga que você acha que estou realmente preocupado com você?

A frieza penetrou em seus membros e ossos. A mente de Audrey ficou em branco com a humilhação em suas palavras.

Ela respirou fundo.

— Eu conheço meus limites.

Ela não pensaria muito em si mesma para pensar que ele se importava com ela.

Ao ouvir isso, a luz em seus olhos se acalmou e se transformou em um fio preto nesta noite.

O creme foi jogado sobre a mesa quando ele passou por seu ombro.

Os passos se afastaram e a porta do quarto do primeiro andar foi fechada.

Audrey franziu os lábios e subiu as escadas com dificuldade.

Depois de confrontar o homem, ela sentiu um suor frio nas costas.

Ela foi ao banheiro tomar banho. Quando ela saiu novamente, havia alguém parado na sala.

Audrey ficou chocada.

Ela estava apenas enrolada em uma toalha, sua pele clara exposta. Sob a luz laranja, ela era charmosa e atraente.

Ela agarrou a toalha em volta do peito e olhou nervosamente para o homem alto.

— O que há de errado?

Pietro já havia colocado um pijama cinza. Ele era bonito e inexpressivo. Seu cabelo não era tão meticuloso como era durante o dia. Seu cabelo curto estava um pouco bagunçado e seu cabelo levemente molhado indicava que ele havia acabado de tomar banho.

Dessa forma, ele não tinha mais a aura imponente que costumava ter. Ele parecia mais real.

Audrey nunca negou que Pietro fosse bonito.

Essa beleza era feroz e opressiva. Com apenas um olhar, alguém teria medo dele do fundo do coração.

Porém, nesse medo, havia também saudade e curiosidade sobre seu temperamento frio e melancólico. Era como um veneno que deixava alguém com medo e incapaz de evitar prosseguir.

Não foi como uma mariposa voando em direção às chamas?

Pietro olhou para a mulher tímida e sentou-se no sofá. Sua voz ainda estava fria quando ele disse:

— Venha aqui.

Audrey franziu os lábios e caminhou muito lentamente.

Ela estava enrolada em uma toalha, revelando suas pernas delgadas e bem proporcionadas enquanto ficava na frente dele com cautela.

Não houve mudança nos olhos de Pietro. Eles eram frios e elegantes.

Ele deu um tapinha na coxa. Audrey olhou para ele confusa.

Pietro ergueu os olhos.

— Sente-se. Audrey, minha paciência é limitada.

Ela mexeu as mãos e respirou fundo e sentou-se no colo dele.

Desta direção, a luz desceu. A luz era tão forte que ela não conseguia abrir os olhos. Demorou um pouco para ela se acostumar.

Então, ela viu claramente o queixo levemente peludo do homem. O contorno de seu rosto era claro.

Pietro franziu a testa ligeiramente. Seus olhos eram claros e brilhantes com círculos de luz, como se ela quisesse ver através do coração dele.

Ele estendeu a mão e pressionou os dedos nos olhos dela.

— Não me olhe com esses olhos.

A nuca de Audrey enrijeceu e seus lábios se contraíram.

Pessoas que viram ela e Adie disseram que elas eram ridiculamente parecidas, seja nos rostos ou nas características faciais em geral.

Exceto pelos olhos dela.

Os olhos de Audrey eram como folhas de salgueiro e as pontas dos olhos eram planas. Seu sorriso era como uma lua crescente e às vezes ela era gentil e calma.

As pontas dos olhos dela estavam ligeiramente levantadas. Sempre houve uma sensação de frio e indiferença. Quando ela olhava em volta, muitas vezes ela se sentia um pouco charmosa.

Os olhos dela o fizeram sentir que ela não estava mais emocionada.

Enquanto Audrey pensava sobre isso, um arrepio de repente veio de seu pescoço, fazendo-a estremecer.

Pietro baixou os olhos. Com a pomada nos dedos, ele abriu suavemente a ferida no pescoço dela.

Sentindo seus movimentos, Audrey abriu a mão.

— Eu não preciso que você me ajude.

Ela estava prestes a se levantar quando Pietro agarrou seu ombro.

— Não se mova.

Audrey não o ouviu. Pietro avisou em voz baixa:

— Audrey, você não quer saber quais serão as consequências se você se esfregar na coxa de um homem?

Todo o corpo de Audrey congelou. Seu aperto na toalha em volta do peito aumentou.

Pietro olhou para ela e parou de falar.

A sala estava silenciosa sem precedentes.

O coração de Audrey bateu como um trovão. Ela só conseguia ouvir o próprio batimento

cardíaco e a respiração deliberadamente lenta.

Esse nervosismo vinha do fato de ela nunca ter estado tão próxima de um homem do sexo oposto.

Ela não conseguia nem respirar.

Quando ela estava prestes a sufocar, o homem finalmente parou.

Ela se virou, o rosto confuso e os olhos evitando os dele.

Na verdade, ela disse:

— Obrigada.

O calor das pontas dos dedos de Pietro não se dissipou quando ele olhou para ela com olhos escuros.

O rosto de Audrey estava um pouco quente. Ela ficou lá sem jeito e impotente.

Quando ela se acalmou um pouco, ela olhou para cima e disse com tato:

— É tarde. Eu preciso descansar.

Pela primeira vez, Pietro respondeu:

— Tudo bem.

Então, ela observou enquanto ele se levantava e enxugava as mãos com um lenço de papel na mesa. Seus movimentos eram lentos e organizados, agradáveis aos olhos.

Ele se aproximou e olhou além dela.

Assim como ela pensou que ele estava saindo, Pietro foi direto para a cama dela e levantou o cobertor para se deitar.

Audrey ficou chocada.

— O que você está fazendo?

Sua voz ainda estava clara e calma.

— Você não disse que estava cansada?

Audrey não sabia se ele estava fazendo isso de propósito. Ela não conseguia controlar seus nervos, que estiveram tensos a noite toda.

Ela resistiu ao impulso de lembrá-lo.

— Este é meu quarto.

— Deixe-me lembrá-la de que esta casa está em meu nome.

Pietro olhou para a mulher sem palavras e disse friamente:

— Este é o quarto principal e você é minha esposa.

O rosto de Audrey mudou de vermelho para branco.

Sua teimosia era uma resistência silenciosa.

No entanto, Pietro disse:

— De agora em diante, dormirei aqui para sempre.

As duas palavras eram muito pesadas, tão pesadas que Audrey se sentiu impotente.

Seu rosto estava pálido. Ela respirou fundo e cerrou os dentes.

— Então eu…

Antes que ele pudesse terminar de falar, ele respondeu às próximas palavras dela.

— Como esposa, Audrey, você conhece suas obrigações. Não me diga que você não está nem mentalmente preparado para isso depois de quatro meses.

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