CAPÍTULO 10

Ana estava ansiosa e curiosa para saber o que Sabrina tinha a falar.

— E o que aconteceu depois? — perguntou Ana.

— Eu ajudei ela a levar as compras para dentro de casa para a fúria da babá que parecia ser a dona da casa. Alguma coisa não me cheirava bem nessa mulherzinha de quinta categoria. Como diz o ditado, quem nasce no interior é chamado de bicho do mato.

Mas na verdade não é nada disso, e sim é um instinto protetor que conhece bem quem é quem. Eu senti que Isabel por ser uma boa pessoa era refém dos seus princípios éticos e medo de sofrer alguma ameaça. Senti isso quando me aproximei dela tentando ajudar com as compras de supermercado. Mas voltando àquele assunto que eu estava dizendo, eu entrei com as sacolas na mão.

E fiquei observando a beleza da decoração dentro da casa, aliás, não era casa e sim uma mansão, que mais parecia um castelo de tão bonito que era! Os detalhes, os quadros na parede, os móveis de última geração.

Eu não consegui entender como Isabel, uma mulher bonita e elegante, mas triste. Eu estava disposta a descobrir, porque pareciamos que nós éramos conhecidas há muito tempo? E esse sentimento estava me deixando confusa. E isso despertou inveja nos funcionários que trabalhavam na casa.

A cozinheira Ivone e a babá que se chamava Verônica. Esse nome me levou de volta ao meu passado quando eu ainda era uma adolescente.

Eu tinha uma colega de aula insuportável que se chamava Verônica que vivia falando mal de mim pelas minhas costas.

Essa babá é tão falsa igual uma nota de três reais. Mas tudo bem, eu tenho que esquecer o passado, e não posso viver recordando as coisas que passou, eu tenho que curtir o momento que a vida está me dando uma segunda chance.

Entramos dentro da casa, e Isabel pediu para que eu ficasse à vontade que não era para eu me sentir tímida.

— Eu tímida?

— Quem dera! Para dizer a verdade, eu me achava metida até demais, mas nada de tímida. A vida me ensinou que eu podia me ferrar se eu deixasse a timidez tomar conta de mim.

Ajudei a Isabel a guardar as coisas. E ela ficou impressionada com a minha iniciativa e me fez o seguinte comentário.

— Nossa, às vezes as pessoas me surpreendem!

— Como assim? Surpreende de forma negativa, ou positiva?

— Positiva, é claro, para você ver, os meus funcionários, eu tenho que estar mandando fazer as coisas. E você tomou iniciativa, gosto de pessoas assim. Me diz uma coisa, você sempre foi assim?

— Sim, vim lá de fora e tive que aprender a tomar iniciativa de tudo, a vida me ensinou a ser assim. Bom, eu não quero estar te alongando o tempo com meus problemas.

— Após eu ter ajudado ela a guardar as coisas ela me convidou para ir até a sala. Me pediu licença que ela ia tomar um banho, e não ia demorar e que em breve voltaria para dar início ao trabalho.

Para dizer a verdade, eu não tinha pressa já que ela era uma cliente especial da minha patroa. Não tinha porque ter pressa.

Enquanto ela tomava banho eu fiquei aguardando na sala, e a babá passava de vez em quando olhando com um olhar torto pra cima de mim. Quando de repente apareceu Emily na sala.

Meu Deus, minhas pernas tremeram de emoção, era aquela mesma menina que eu não deixei a babá bater nela naquele dia no parque, foi difícil segurar as lágrimas. Porque ela me reconheceu imediatamente e veio correndo para os meus braços me abraçando forte, como eu desejei por esse encontro. Numa atitude raivosa, tal babá veio e pegou pelo braço da Emily tentando arrancar ela à força. O meu sangue ferveu. Peguei pelo braço dela e torci.

— Eu te avisei aquele dia que se tocar mais uma vez assim na menina eu quebro seu braço!

— Tenta, eu faço um escândalo!

— Vá, faça, eu vou adorar, assim aproveito e conto tudo para sua patroa.

— É mesmo? E você acha que ela vai acreditar em quem? Em mim que estou há muito tempo, ou numa estranha que ela mal conhece?

— É, você tem razão, em mim ela não vai acreditar, mas se eu postar um vídeo na internet hum! Você vai ficar famosa! — Ela ficou assustada e deixou a menina comigo conversando.

— Oi princesa, tudo bem? — Ainda assustada com a cena, afinal de contas eu era estranha.

— Vem perto de mim, vamos conversar, quero te conhecer. Você sabia que é muito bonita?

— Voxê acha que eu xou bonita?

— Com certeza, esses seus olhos azuis, cabelo loirinho, é uma verdadeira princesa. Quer dizer que aqui é seu Castelo! — Ela foi se soltando, e deu uma gargalhada

— Castelo? O que é um castelo?

— Você não sabe o que é um castelo?

— Não xei! O que é castelo?

— É uma casa grande, bonita com muitos soldados, onde tem um rei e uma rainha, nunca ouviu alguém contar uma história de conto de fadas?

— Não, ninguém me contou, nem a mamãe, e nem minha babá, e nem meu papai.

— Quem sabe um dia eu te conto uma história de conto de fadas.

— Voxê sabe contar história conto de fada? O que é conto de fada?

— Que fofura! Conto de fada é uma história das princesas lindas como você, minha princesinha! Vem cá deixa eu te dar mais um abraço.

— Ela veio abrindo seus bracinhos sorrindo, e me abraçou fortemente, um abraço que eu nunca imaginei que eu pudesse receber, eu fiquei imaginando que estivesse abraçando a minha filha.

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