CAPÍTULO 9

Sabrina e Ana estavam conversando a respeito de tudo o que estava acontecendo.

— E aí amiga, como foi seu dia?

— Cansativo, mas emocionalmente.

— O que aconteceu?

— Fui fazer as unhas de uma cliente importante.

— Me conta como foi?

— Bom, quando cheguei lá custou acreditar que o lugar era uma mansão. E para ser sincera, me apaixonei por aquele lugar. Senti aquela sensação gostosa e estranha de que um dia já morei nessa mansão, ou quem sabe um dia vai ser minha. É claro que é sonhar demais, mas eu tinha que colocar os pés no chão e voltar a realidade. Toquei a campainha, nem imagina a pessoa que me atendeu!

— Quem? — Perguntou Ana curiosa.

— Era nada mais e nada menos que aquela louca que eu quase quebrei o braço dela batendo na menina.

— Minha nossa! E aí o que aconteceu?

— Sinceramente fiquei desanimada, eu não sabia se ela era empregada, ou se era a dona da casa. Em tom arrogante, ela me perguntou quem eu era. Eu não sabia se eu voltava, ou ficava ali. Fiquei com medo que ela me reconhecesse, daquele incidente em que ela batia naquela criança, e eu não deixei. Naquela hora meu sangue ferveu.

E se existe uma coisa que eu não admito é uma criança sendo maltratada. Isso me deixou nervosa e angustiada pensando na possibilidade de que a minha filha poderia ser maltratada por uma babá como essas.

Mas eu precisava me controlar, afinal de contas eu fui fazer um trabalho. E pelo jeito a cliente era muito especial, mas como eu poderia imaginar que eu ia fazer as unhas de uma milionária.

— Quem é você? — Perguntou a antipática da babá.

— Eu sou a nova manicure da sua patroa. — Ela ficou me encarando e desdenhando da minha pessoa. Confesso que foi difícil manter o controle. Por eu estar vestida com um uniforme de manicure talvez ela não tenha me reconhecido.

— Ela não está, saiu, e vai voltar daqui a pouco deve estar chegando, e você vai esperar aqui fora. — Que mulher mal educada. Que nojo que me deu. A vontade que eu tinha foi de ensinar os bons costumes, mas deixei pra lá. Imagina se fosse eu fazer uma coisa dessa iam me chamar de bicho do mato? É bem verdade que eu nasci no interior, poderia ser até bicho do mato, mas pelo menos tenho educação, e jamais faria uma desfeita como ela me fez me deixar esperando do lado de fora até a patroa chegar. Eu estava com tanta raiva daquela mulher que me deu vontade de sair dali. Fiquei imaginando se a babá é assim, imagina como seria a patroa?

Eu estava segurando a minha mala pequena de manicure com todos os produtos dentro. O alicate e os adesivos tudo para deixar o trabalho bem feito, que estava fazendo o maior sucesso nas unhas das minhas clientes.

Cada uma era um formato diferente. E foi por causa disso que Isabel pediu para que eu fosse até a casa dela. Quando eu ia desistir e ir embora, vi uma Mercedes chegando. Era um carrão de luxo. Imaginei que fosse o marido dela, mas não era, fiquei observando a elegância quando ela desceu do carro com algumas sacolas. Então eu não pude ficar parada sem me oferecer para ajudar.

— Senhorita, eu posso ajudar com essas sacolas? — Ela ficou me olhando de um jeito estranho. Eu acho que ela pensou que eu fosse alguma assaltante. E antes que ela me perguntasse quem era eu, já fui me apresentando.

— Oh desculpa minha indiscrição, eu me chamo Sabrina a manicure que minha patroa me mandou fazer suas unhas.

— Há sim, mas porque não tocou a campainha e ficou me esperando lá dentro?

— Não sei porque, mas eu acho que sua empregada não gosta de mim.

— Mas porque você está dizendo isso que minha empregada não gostou de você? O que ela fez?

— Não sei, só sei que ela me fez cara feia e pediu para esperar pela senhora aqui fora não entendi o porquê. — Ela apenas balançou a cabeça negativamente, senti que algo ia acontecer, vi que ela era simpática e elegante que não admitia que a empregada tratava mal as pessoas.

— E por que você não contou para ela o que aconteceu no parque com a filha dela? — Perguntou Ana.

— Achei melhor deixar assim, não tive coragem, queria que ela descobrisse sozinha. Percebi que ela não gostou da forma como eu fui tratada. Eu gostei dela. Eu senti que ela era uma mulher triste e parecia familiar, como se eu conhecesse há muito tempo de algum lugar apenas. Só não sei de onde. Eu senti algo entre nós que poderíamos nos dar bem. Eu sinto coisas boas nela. E foi isso que aconteceu.

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