Capítulo 17

Elijah Sharp

Ser afobado é um eufemismo, na moral, eu não pretendia fazer nenhum tipo de declaração, saiu da minha boca sem querer.

Mas não tem como voltar atrás e também não tem como negar, me sinto bem ao seu lado e quero ficar com ela o tempo todo, isso tudo é novidade pra mim.

Vi que ela ficou assustada, e tive que perguntar:

– Te assustei?

– Um pouco.

– Sinto muito, mas é o que eu sinto.

– Você tem certeza?

– Haha, agora mais que nunca, mas não quero que se sinta obrigada a nada, eu só te disse isso para que esteja ciente dos meus sentimentos por você.

Sem dar tempo dela dar alguma desculpa, eu olhei no relógio sem ver a hora e disse:

– Já deu a hora de voltar para o banco, vamos?

– Ah, ah sim.

"Em todos esses anos nessa indústria vital essa é a primeira vez que isso acontece" estou com medo de ser rejeitado pois no fundo sei que não vou aceitar, e tenho muito medo do que posso fazer, de repente, lembrei do meu pai e do seu relacionamento com a minha mãe, acho que preciso falar com ele.

Assim que chegamos ao banco, como o afobado de sempre, fui até a sala do meu pai, precisava de algumas respostas.

Depois de entrar e sentar, fui direto ao ponto:

– Pai, eu estou estranho.

– Está doente?

– Não, é que eu... eu sinto algo estranho por alguém, uns pensamentos que eu nunca tive.

Ele estava segurando a caneta e soltou quando disse isso.

– Ela é a nova funcionária na área de cobrança?

– Como o senhor sabe?

– Eu vi o jeito que olhava pra ela na reunião alguns dias, e sei que você sai com ela quase todos os dias e sei que ela não é daqui.

– Sinto muito pai, eu não queria te esconder isso.

– Ai meu filho, se o problema fosse só esse eu não me importaria. Vou te contar uma história, será resumida, mas quero que preste muita atenção.

– Um homem tinha grande poder em suas mãos, ele liderava todas as casas de jogos da cidade e região, com isso muitos viciados em jogatina se afundavam em dívidas e muitos deles devia muito dinheiro alguns, em desespero ou falta de escrúpulos, entregavam suas filhas como pagamento ou como garantia para conseguir um longo prazo, esse homem que não tinha nada a perder aceitava essas mulheres que quase sempre se entregavam de boa vontade, acontece que também surgiu uma certa história sobre os relacionamentos deste homem...

Ele respirou fundo, e continuou:

– A grande maioria dessas mulheres voltavam para casa de seus pais sem nenhum movimento do pescoço para baixo e dependendo, sem memórias dos últimos meses.

Ele tomou uma dose de seu whisky enquanto eu estava paralisado imaginando o cenário:

– Certa vez, um dos homens mais poderosos da cidade também começou a dever dinheiro a esse homem mas ao invés de oferecer a sua filha ele decidiu oferecer primeiro uma das empregadas da casa e o motivo era de que a garota também era virgem e muito bem educada, "ela foi educada para ser uma dama de companhia para minha esposa" foi o que ele disse, e no dia seguinte, essa moça apareceu, ela era linda e delicada e então, ela foi levada até o quarto principal e quando ele entrou se descobriu a verdade, acontece que esse homem levava duas opções a essas mulheres, ter a sua primeira vez sob o efeito de um estimulante, ela ficaria relaxada ao ponto de esquecer essa experiência, porém, seus efeitos colaterais seria a dependência e com o uso contínuo a paralisia e a amnésia, e embora a paralisia fosse temporária a amnésia seria permanente.

Dando um meio sorriso, ele continuou:

– Com um olhar de determinação ela fez uma proposta a esse homem, seria dele sóbria o tempo que ele quisesse, até ele ficar com a filha daquele outro homem, mas depois, ele deveria deixar ela ir não queria voltar aquela família de jeito nenhum.

E foi assim o acordo, mas o que esse homem não sabia era que quanto mais ele ficava com ela, mais ele tinha certeza de que não queria mais ninguém, e com o tempo ele se apaixonou por ela, mais do que isso decidiu se casar com ela.

Então, ele começou a olhar para um quadro dele e da minha mãe que estava em cima da mesa, e continuou com a história:

– E qual foi a sua surpresa quando ela confessou que na verdade ela era a filha legítima daquele homem mas que ele não a reconheceu mais, porque se casou com a sua amante.

Depois de toda essa história, ele me olhou sério e disse:

– Esse homem que me deu essa mulher me apresentando como uma simples empregada era seu avô que foi morto pela mulher que ele tanto defendia, a sua amante.

Estava desconfiado que era a história dele, mas o que ele falou depois me fez tremer.

– Filho, nos primeiros meses eu não deixava a sua mãe sair do quarto, uma vez eu cheguei ao cúmulo do absurdo de acorrentá-la na cama quando numa discussão ela disse que fugiria. E então eu te pergunto, como se sente se essa moça te dissesse agora e quer voltar para os Estados Unidos?

Essa pergunta, e essa ideia me fez perder o ar, eu olhei para ele e falei:

– Pai, o que eu faço?

– Se certifique de cumprir a promessa que fez à sua mãe.

Não a force... foi a promessa que eu fiz à minha mãe.

Só me resta saber se terei a força para cumprir.

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