Capítulo 19

Elijah Sharp

Finalmente esse dia chegou.

Nunca liguei para essas festas da empresa, nunca sequer compareci a alguma delas, mas desta vez é diferente, eu tenho um motivo.

Meu pai realmente não poupou esforços para fazer algo inesquecível para os funcionários e dessa vez não foi diferente.

Embora seja na entrada do banco para facilitar a locomoção, já que a maioria mora aqui perto é uma festa onde todos capricham bastante no visual, por falar em visual ainda estou esperando uma certa pessoa que não me deixou comprar nada para ela e nem ao menos me deixou ver o que ela comprou e essa expectativa tem me matado, talvez por isso fique o tempo todo olhando para o relógio.

Já são 20:30, a festa não estava marcada para as 20:00? ela mora aqui do lado pelo amor de Deus, será que aconteceu alguma coisa com ela?

Estava quase saindo da festa para ver onde a dona atrasada estava quando sinto um peteleco na cabeça... Que era o abusado do Jordan:

– E aí cara? Tá esperando o quê? Ou melhor, quem?

– Do que você está falando? Vaza daqui.

– É sério, seu relógio vai se desintegrar a qualquer momento do tanto que você fica olhando pra ele, e ainda por cima, não para de olhar pra entrada desde a hora que chegou e não esquecendo o mais importante, já faz quase uma hora que você está aqui e não te vi babando por mulher nenhuma até agora.

– Mas você gosta de fazer jus a fama de pentelho hein?

– Como eu disse antes, "o prazer é meu" hehe, mas falando sério é estranho mesmo faz tempo que não te vejo saindo com ninguém, não vai me dizer que você ainda não superou a mulher do Tony?

– Quem?

– Nossa, que frieza! Você ficou babando naquela última festa na casa do nosso pai, fora o showzinho que vocês deram lá no terraço...

– Ah! A Allyenny, cara, por que você se lembrou dela?

– É que eu te achei meio entediado, e achei que você devia ter uma lembrança pra ir ao banheiro sabe...

De repente, vejo um vulto na entrada, era ela.

Dizer que ela estava linda, seria mentira, ela parecia um anjo, seu vestido era longo e da cor creme, mas tinha uma fenda que ia até a metade da coxa, era justo mas não apertado valorizando as suas curvas perfeitas, e pra finalizar, seu cabelo estava preso deixando alguns fios soltos e sua maquiagem era bem leve só evidenciando a sua beleza estonteante.

Não ouvi e nem vi mais nada, de repente era só eu e ela, nossos olhares se encontraram e ela deu um sorriso de tirar o fôlego, sei que meu irmão deve ter dito algo, mas não consegui ouvir, na verdade só consegui sair e ir até a direção dela.

Mas não tem nada a ver com o fato de que outros urubus com certeza estariam de olho nela.

Assim que eu me aproximei ela me perguntou:

– E então, o que achou?

– Linda!

Realmente, acabo falando antes de pensar quando estou com ela.

– Obrigada.

– Quer beber alguma coisa? é tudo por conta da casa.

– Haha, quero sim.

E fomos até o bar tomar algo.

– Tenho uma surpresa para você.

– Sério?

– Sim.

Peguei a mão dela e a levei para uma parte oposta da recepção onde eu havia mandado colocar um karaokê, ela ficou fascinada:

– Nossa! Que incrível.

Já tinha muitas pessoas se divertindo com essa novidade, mas assim que me viram me deram espaço, acho que pensaram que seria eu a cantar.

Então eu peguei um microfone e dei a ela.

– Eu acho melhor não.

E olhou para aquelas pessoas, acho que ela ficou sem graça então eu mudei a tática.

– Mas eu preciso de alguém para fazer um dueto, você não vai me ajudar?

– Ah! você também vai cantar?

– Mas é claro, estou treinando essa música faz muito tempo, acho que vou fazer inveja ao Sam Smith.

– Haha, essa eu pago pra ver.

– Então vamos.

Depois de duas músicas, liberamos o karaokê para os outros que se animaram bem. Assim que saímos de lá, ela falou:

– Acho que a única inveja que você causaria no Sam Smith , seria do seu dinheiro, né? Você canta muito mal.

– Que isso? Eu cantei com sentimento.

– Sentimento de vergonha né? Haha.

– Nada disso.

– Ah, relaxa, você também não pode querer ser perfeito em tudo.

Então , eu parei no meio do caminho , ela me olha e pergunta:

– O que foi?

– Vamos lá fora tomar um ar.

– Está bem.

Ela estava tão à vontade, e seu sorriso era tão lindo, que eu tive que olhar em volta e com tantos urubus observando a minha vontade era de arrancar os olhos de todos eles... Realmente eu precisava dar uma volta.

Me lembrei da história do meu pai... E agora eu entendo como ele se sentiu.

Embora a cidade seja bem movimentada, existe um programa de redução de poluição, basicamente se você fizer a sua parte, o meio ambiente agradece, junto com o seu bolso, já que ganha a redução de impostos.

A recompensa é o privilégio de ver o céu estrelado.

– O céu está lindo, né?

Foi o que ela me perguntou assim que chegamos lá fora.

– Acho que sim.

Ela me olhou e perguntou:

– Ué? Mas por quê?

– Porque nesse momento, tem outra visão que eu não consigo tirar os olhos.

Ela ficou calada, me olhando.

Eu sei que disse que daria o tempo pra ela pensar, mas foi mais forte do que eu, me aproximei dela e ela não recuou e então eu a beijei.

Foi um beijo terno e bem superficial, fiz com o objetivo de saber se ela não me afastaria e como ela não o fez, a segurei pela cintura com uma mão e sua nuca com a outra e a beijei de novo.

Mas desta vez, do modo que eu sonhei, de um jeito profundo e intenso, ela me abraçou e começou a corresponder, foi longo, quando eu a soltei estávamos sem fôlego, mas ainda queria muito mais, seus lábios macios eram deliciosos, sua língua, seu gosto... Parecia uma droga, mas de repente, ouvi uma voz familiar.

– Eh-hem, Filho? Poderia me acompanhar, por favor?

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