Capítulo 13

Elijah Sharp

Assim que chegamos no país, fui informado que os carros já estavam nos aguardando no aeroporto, me levantei e liguei o celular que tinha 35 chamadas perdidas do Nicolai.

Será que ele esqueceu que eu estava viajando e o celular tem que estar desligado?

Liguei para o desesperado que atendeu na primeira chamada e já foi falando:

– Cara, quando você volta? Por favor, me diga que já está na porta daqui do recanto.

– Acabei de sair do avião, seu afobado só preciso levar algo para casa e já passo aí.

– Pede para alguém levar e vem agora, o cara tá provocando meio mundo aqui, tô quase dando um tiro na cabeça dele.

– Não vou deixar ninguém tocar nela, já disse que logo estarei aí.

– Nela!? como assim... Tututu

Não vou entrar em detalhes e ainda mais, não deixaria ninguém levar ela, eu mesma levarei para minha casa.

Ainda falta algumas horas para o efeito do sonífero acabar e ela acordar, quero estar perto quando isso acontecer, então o meu assunto com o Domênico será rápido, e o fato de estar com muita raiva desse traidor ajudará bastante.

"Recanto Paradise" esse nome é apenas uma piada interna feita por alguns cobradores e por mim, já que o paraíso mesmo só é sentido por nós.

Este fica num lugar isolado, mas bem vigiado e somente os traidores e alguns desgraçados que insistem em nos atacar são "convidados" para uma estadia lá.

Trata-se de um galpão imenso e bem no meio dele uma sala à prova de som, onde nossos "convidados" ficam acorrentados, quase sempre pendurados.

Ela é toda pintada de um branco brilhante e tem um sistema de iluminação forte o suficiente para privar a pessoa de qualquer descanso mental, já que as luzes nunca se apagam.

A única visão que a pessoa tem é de um vidro que se estende a sua frente de cerca de 2 m de altura e 2 de largura que também fica aceso, além disso o sistema sonoro transmite ondas quase imperceptíveis mas que ajudam a incomodar a pessoa ao ponto de quase chegar à loucura.

E ainda com a minha liberação, alguns dos soldados aparecem periodicamente para interrogar e dependendo da resposta arrancar alguma parte do corpo do mesmo.

Assim que cheguei, vi a cena que me agradou muito:

– Bom trabalho rapazes! Agora deixe o resto comigo, quero que todos saiam e me deixem a sós com ele, se eu precisar de algo eu aviso pelo ponto.

Não existem câmeras no galpão e o celular não funciona, mas temos a tecnologia via Bluetooth avançada onde colocamos no ouvido, e usamos essa ajuda se precisarmos dar alguma ordem.

Assim que eu entrei, encontrei um homem decadente com a cabeça baixa acorrentado pelas mãos numa pilastra, havia sangue por todo lado.

Quando ele ouviu os passos ele olhou para ver quem era e me reconheceu, e para a minha surpresa começou a rir:

– Hahaha! Ora, ora se não é a vossa graça que me veio fazer uma visita. Hahaha, a que devo a essa honra, o que você deseja? É sério, me diz para rir na sua cara e te mandar ir à merda.

Ele estava com um dos olhos fechados de tão inchado e o outro não estava muito longe, enquanto falava, vi que sua boca estava cheia de sangue.

– Estou surpreso que dado a sua condição atual que você ainda tem a força para agir de maneira tão petulante.

– A petulância não tem nada a ver com isso, só estou aguentando porque quero ver a sua cara ao ver o império do seu pai cair em ruínas, o Ender vai acabar com vocês e os Mcgovan não vão mais existir.

– Essa sua certeza me deixa mais confiante, ao contrário do que pensa você não terá esse privilégio pois não vai sair daqui com vida, mas ainda vou tirar algo de você.

– O quê? Minha vida? Eu não me importo...

– Hahaha, você acha mesmo que sua vida vale alguma coisa? Mas... quem sabe a da sua família talvez a Verônica? Ela é uma mulher incrível sabe, para suportar um escroto como você.

Nisso, eu dei o sinal e ela entrou com um segurança, o Domênico não esboçou nenhuma reação, mas pelo menos parou de falar.

– O que foi? Ficou sem reação por quê?

– Usar a família é contra as regras.

– Haha... E você ainda acha que se encaixa nessa regra? Você é um traidor e será tratado como tal responda logo o que você vendeu para o Ender?

Ele continuou calado.

– Muito bem, se é assim...

Olhei para onde estava a mulher e o guarda e ordenei pelo ponto:

– Faça.

E os gritos começaram:

– NÃO! POR FAVOR, NÃO ME TOCA, SOCORRO ME AJUDAAAA ME DEIXA IR.

E o som de roupas sendo rasgadas foram ouvidos, seus gritos de desespero pelo que estava por vir era ensurdecedor, ela chorava muito em sua angústia.

Eu só estava ouvindo todos os sons, pois estava com o meu olhar fixo em Domênico que nem sequer olhou para a esposa que estava prestes a ser estuprada.

Depois de um longo suspiro, eu dei a ordem para parar e os gritos pararam, olhei para ele que esboçou um sorriso quase imperceptível.

– Sabe, estou um pouco desapontado com você, achei que ainda lhe restava um pouco de humanidade em você, mas me enganei.

Ele olhou pra mim e disse:

– Isso é para um bem maior.

– Hunf! É sério? Então talvez a Ella goste de participar disso.

Ella é a filha deles, tem sete anos, muito inteligente, mas retraída, quando eu disse o nome dela, ele finalmente reagiu.

– SEU VERME MALDITO! DEIXE A MINHA FILHA EM PAZ.

Mas, fingi que não ouvi e continuei:

– Imagino como ela vai ficar traumatizada quando te ver nesse estado.

Com o ponto no meu ouvido, eu dei a ordem:

– Tragam a criança.

– NÃO! EU NÃO QUERO QUE ELA ME VEJA ASSIM, DEIXA ELA EM PAZ.

A garota apareceu, mas não olhou para o quarto no meio do galpão, foi direto para sua mãe que já tinha sido coberta com o sobretudo do segurança.

– Mamãe, eu tô com medo.

– Vai ficar tudo bem meu amor.

As duas choraram muito, e Domênico vendo aquela cena começou a chorar, eu olhei para ele e disse:

– Sabe, ela está tão feliz em ver a mãe que esqueceu de olhar para cá, acho que vou trazer ela para te ver, que tal?

– NÃO! Tá, eu conto, eu dei a informação sobre o carregamento A3 com todo o armamento de lá, o Ender sabotou todas as armas para explodirem assim que alguém usasse, e mais algumas tecnologias que estão num pen drive abaixo da minha mesa do escritório em casa.

Os armamentos estavam para serem testados ainda este mês, e iriam explodir com os nossos soldados trazendo perdas significativas.

– E você conviveria numa boa matando esses homens?

– Sim, nenhum deles é inocente então sim.

Mandei que buscassem o pen drive para confirmação mas estava com tanta raiva que comecei a esmurrar esse maldito que desmaiou.

Com um choque que estava ligado a sua corrente, ele acordou num pulo ele só ficou inconsciente até que eu tivesse a confirmação do pen drive.

Sua família ainda estava lá fora olhando para o vidro, o que deixou ele louco:

– Eu já te contei tudo, por que ainda deixou a Ella me ver assim? Seu Doente?

– Doente? Eu que sou o doente? Eu juro que nesse momento eu queria arrancar cada membro do seu corpo e te ressuscitar para te matar muitas vezes, seu pedófilo maldito.

O olho que ainda estava um pouco aberto, arregalou.

– A sua esposa reuniu provas de que você molestou a sua própria filha seu verme, e aquele segurança do lado dela é que ajudou com tudo.

– O q-quê? Como assim?

– Tudo foi uma encenação, sua mulher já está com ele há muito tempo e ele a protegeu de você e ajudou com Ella, a levando ao psicólogo sem que você soubesse, você nunca mais fará mal a ela.

Todas as provas foram entregues ao meu pai e a sua sentença já foi declarada.

– Tenha uma boa vida no inferno... seu desgraçado.

– Como pode fazer minha filha me ver nesse estado...

– Não que isso lhe interesse, mas essa sala é a prova de som e esse vidro é um espelho do lado de fora, elas não viram nada.

Dei as costas e saí. Fui até a sala ao lado para lavar o sangue e saí.

Quando os três me viram eu respondi algo que eles nem haviam perguntado:

– Acabou, obrigado pela ajuda, agora vocês estão livres, espero que cuidem uma da outra.

Nisso, a garotinha se aproximou de mim e perguntou:

– Moço, aquele homem malvado não vai mais vir atrás de mim?

Suas palavras me deixaram com um nó na garganta, eu deveria ter feito com que sofresse mais.

– Não querida, aquele homem nunca mais chegará perto de você e nem da sua mãe.

Saí de lá ouvindo o choro de alegria de sua mãe quando dei as ordens finais:

– Deixem que ele morra sozinho, ele já está sangrando muito, então logo isso acaba.

E assim, eu fui até o lugar onde contei os segundos para ir... Esperar a fujona acordar.

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