Capítulo 16

Mila Jordan

Já se passaram um mês, e estou gostando daqui mais do que eu queria, o serviço me ajuda a crescer profissionalmente, estou fazendo o curso que eu tanto queria e moro num apartamento confortável.

Quando ele me fez a proposta, eu queria recusar mas algo dentro de mim, uma mania estúpida de se arriscar pelo desconhecido me fez aceitar essa proposta, agora agradeço muito pela oportunidade e por ter ouvido esse meu instinto insano.

Periodicamente converso com os meus amigos que apesar do meu súbito desaparecimento estão felizes por mim:

– Essa é uma oportunidade de ouro amiga você merece...

Foram as palavras da Amanda.

– Vou sentir sua falta agora que tá longe, mas já que vai ganhar uma graninha, bem que você poderia me pagar todos os lanches que você filou de mim né...

Palavras do William, sinto a falta deles, mais à frente pretendo visitá-los.

Algo também que me deixa sempre impressionada é o meu relacionamento com o Elijah, eu sei que ele não é uma pessoa comum, um empresário bem sucedido, sei que ele tem um segredo obscuro mas não consigo me afastar dele é como uma mariposa voando até uma lâmpada, não posso negar que me sinto atraída por ele.

Mas sei que ele é muita areia para o meu caminhãozinho, porém é claro isso não me impede de aproveitar a sua companhia.

Sempre que os nossos almoços coincidem, nós saímos pelas ruas do centro. Percebi que ele evita falar de assuntos pessoais mais íntimos, mas sempre conseguimos uma conversa agradável.

Hoje, estávamos no centro olhando algumas vitrines e acabei não resistindo e perguntando:

– Desde quando os homens gostam desse tipo de programa?

– Que tipo de programa?

– Fazer compras, olhar vitrines, esse tipo de coisa.

– Ah, é isso que você está fazendo? Não fazia ideia, só estou te acompanhando, mas é verdade isso tá um saco, já sei, vamos comer algo diferente, você gosta de doce né?

– Sim, muito.

– Então, eu vou te levar para um lugar inesquecível.

E ele não estava brincando, o lugar era muito lindo.

Assim que entramos, uma atendente me olhou com uma cara de nojo, mas depois que o Elijah apareceu, seu semblante mudou, parecia outra pessoa... falsa!

– Meu nome é Mary, o que posso fazer por você?

Olhando diretamente para ele, o que me deu uma vontade de pegar uma bandeja e tacar na cara dela só isso.

Ele a ignorou e olhou pra mim e disse:

– Pergunte a ela, é ela quem manda.

Assim que ele falou a sirigaita arregalou os olhos e me olhou e então com um sorrisinho bem cara de pau eu disse:

– Eu não fui com a sua cara, poderia chamar outra atendente, tipo uma mais educada? Valeu.

Nisso, ela me olhou como se quisesse me matar mas saiu para chamar outra moça.

O Elijah virou o rosto na mesma hora tentando segurar a risada, e depois perguntou:

– Por que fez isso?

– Ela me olhou com nojo quando me viu e depois ficou toda melozinha com você... tá com dó? leva lá pra sua casa, ué.

– Haha, Não nego que quero sim levar alguém pra casa, mas não seria ela...

Nisso a outra atendente chegou e bem sorridente e nos levou a mesa onde fizemos os pedidos, os doces eram divinos, certeza que aquela tal de Mary teria cuspido neles se continuasse atendendo a gente, quando já estava no segundo pedaço de torta, ele fala:

– Tá mais calma?

– Por que?

– Dizem que as mulheres ficam mais nervosas quando estão com fome...

– E-eu não estava nervosa, eu só não fui com a cara dela.

– Tá legal! Então, me fala uma coisa, quando você estava no karaokê, aquilo era algo que você sempre fazia?

– Sim, eu gosto de cantar, me ajuda a relaxar.

– Então, acho que devemos tentar algum dia, e a acústica do seu quarto já testou?

Essa pergunta me deixou em choque, não só por ele lembrar disso, mas eu não tive nenhum pesadelo depois que eu me mudei para cá.

– Nossa! é muito bom.

– Fico feliz, você gosta de flores?

E ele olhou para um jardim que tem no meio da loja.

– Eu gosto.

– Aposto que gosta de rosas...

– Ih! apostou errado, gosto de girassóis.

– É sério?

– Sim.

De repente ele deu uma risada, levantou e segurou a minha mão.

– Vem, quero te levar num lugar.

Depois dele prometer céus e terra de que não correria, eu entrei em seu carro e fui até a casa dele, a última vez era a noite e eu só fiquei dentro da casa.

O lado externo era lindo, ele me levou para um jardim e fiquei sem ar...

Bem no centro dele, havia um canteiro de girassóis.

– Como é lindo!

– Eu também acho... na verdade, fico fascinado com o contraste do girassol perto das outras flores.

Depois de olhar mais um tempo admirada, eu falo:

– É lindo mesmo, é algo que você nunca consegue esquecer ou perder de vista...

Ficamos em silêncio, apreciando a bela vista a frente, quando ele me diz:

– Meu girassol!

– O quê?

– Você... É o meu girassol.

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