Capitulo 9

"NÃO BEBA E NÃO USE DROGAS AO MESMO TEMPO"

Elijah Sharp

Que parte esse doente não entendeu? Essa era uma instrução tão simples, mas mesmo assim me senti na obrigação de lembrá-lo antes de entrarmos no nosso voo, como poderia imaginar que essa desgraça tinha escondido as drogas no bolso da sua calça? Deveria ter revistado antes?

Fala sério, isso seria ridículo demais, meu irmão tinha dito que ele só tinha saído da linha uma única vez e embora ele não tenha me especificado o que era, ouvi dizer que foi durante uma disputa pelo controle de uma região que estava sob o alvo de outra organização, como tudo foi resolvido eu fiquei tranquilo.

Assim que ele fez a entrevista com as dez garotas no hotel, apenas quatro delas foram selecionadas, então, colocamos as outras 6 no outro quarto diferenciado.

Também deixamos elas à vontade no sentido de que nem precisavam ficar naquele quarto para conversar, tanto que uma delas, acho que deve ter ficado sem graça, pediu para ir ao banheiro no meio do caminho e não chegou a entrar no quarto... Salva pelo gongo.

Mas Lá, iríamos apenas explicar que elas não eram qualificadas para aquele cargo em específico, mas que se desejassem, poderíamos mandar a recomendação para outros cargos e funções na própria região, inclusive até mesmo no hotel.

Deixei o Pablo a cargo disso, pois como ele sempre veio com o meu irmão, saberia o modo certo de dizer, e ele estava bem calmo, então não vi mal algum em deixar ele cuidando disso.

Estava no andar de cima conversando com as quatro selecionadas, depois, cuidaria da documentação delas, não era muito, mas precisava ser feito bem cuidadosamente pois elas estavam indo para outro país, quando o Dave aparece no quarto.

Percebi que tinha algo muito errado, pois ele sempre foi extremamente profissional, mas entrou sem nem bater na porta e quase sem fôlego, ele diz:

– Elijah, temos um problema com o Pablo.

Esse nome nessa frase me deu um frio na espinha, larguei o que estava fazendo e fui logo atrás dele, quando cheguei até o quarto a cena foi horrível não que eu já não esteja acostumado com isso, nas verdade já fiz coisas bem piores, mas saber que todo aquele sangue eram de pessoas inocentes me deixou irado, consegui com muito custo e ajuda imobilizar o Pablo, que estava visivelmente chapado não pedi para chamarem uma ambulância, não havia nada a ser feito, me trouxeram um tranquilizante extremamente potente de nossos laboratórios e apliquei no descontrolado para que ele apagasse.

Tenho uma capacidade acima do normal de fazer várias coisas ao mesmo tempo, isso e uma boa visão periférica me fez notar que uma das garotas estava perto da porta, pronta pra tentar fugir:

– Nem se atreva a sair desse lugar.

Foi o que eu disse, mesmo com o guarda no lado de fora, a chance seria mínima dela fugir, mas achei melhor dar o aviso, os gritos histéricos daquelas mulheres embora tenham um motivo válido estavam me irritando e atacando a minha enxaqueca e antes de mandá-las calarem a boca, eu virei e olhei pra fujona, ela não estava com as outras deu para perceber pela vestimenta, e sua reação...

Ela não gritava, estava assustada o que era normal mas ainda assim, continuou apenas me encarando, seus olhos castanhos eram como um mar profundo, tinha um brilho que eu nunca tinha visto, sem perceber já tinha me aproximado dela que não recuou uma única vez, só então eu pude observar melhor, as suas roupas...

– Você está com elas?

– Não, na verdade um MIB me trouxe para esse quarto e nem me deixou explicar.

– MIB?

– É, um homem lá fora todo de preto.

É normal, num momento tenso desse, em que essa garota poderia morrer a qualquer momento eu ter achado graça nisso? E sua cara me explicando deixou a situação ainda melhor.

Estava imerso nesse pensamento quando sua voz me faz acordar:

– Moço, isso foi um engano, eu nem deveria estar aqui, eu só vim para uma entrevista de um homem chamado Elijah... Sharp (depois de procurar no bloco de anotações dela)

Continuei sem reação quando ela continua...

– Vamos fazer um trato, eu não te condeno ao inferno pelo que vocês fizeram, daí vocês me deixam ir e fingimos que nada disso aconteceu, que nunca nos vimos e eu continuo com a minha vida, beleza? Então é isso... Tchau, até mais, quer dizer até nunca mais haha eu sou muito brincalhona...

E já estava indo de novo até a porta, mas no reflexo segurei o seu braço e a fiz olhar pra mim.

– Boa tentativa moça, mas isso não é uma opção, qual é o seu nome?

– Sou a Lucy... Lucy Claire.

– Certo, Dave? Leve a senhorita Lucy até o andar de cima, ainda temos alguns assuntos pendentes e não a perca de vista até entrar no meu quarto, preciso limpar essa bagunça primeiro.

– Sim, senhor!

– Droga! Eu já disse que não vou falar pra ninguém, por que você não acredita?

Foram as suas últimas palavras antes de sair pela porta, só então eu notei algo.

Enquanto conversava com ela, esqueci completamente a gritaria, era como se nunca tivesse acontecido... isso é bem interessante, mais ainda, a minha dor de cabeça tinha sumido.

Seria aqueles belos olhos? Sua pele parecia porcelana, cabelos médios não tive tempo de olhar para o seu corpo... acorda Elijah isso não é hora, foco!

Com um tom mais agressivo, eu falei:

– Se não quiserem ter o mesmo fim delas, sugiro que calem a boca agora.

Eu precisava pensar exatamente no que fazer com essas duas testemunhas, já que a terceira iria deixar para depois.

Depois de respirar fundo dei a elas duas opções, elas poderiam vir conosco para trabalhar em algo que ganhe menos que uma acompanhante mas que pudesse refazer a vida delas por lá, ou sumirem da face da terra, nessa opção só posso garantir que não sentiriam dor, dei dois minutos para pensarem e sem direito a uma segunda chance.

Uma das características dessas garotas é que, segundo me disseram, a maioria não tem família ou não tem para quem voltar, o que facilita muito escolherem a primeira opção e como garotas inteligentes, elas vão acabar tomando a decisão certa.

Seus celulares já foram confiscados assim que entraram no quarto e quem cuidaria da nova documentação seria o Pablo mas no momento ele está apagado no andar acima e pretendo deixar que ele só acorde quando estiver bem longe, mas garanto que não sairá impune, me lembrei da moça que foi levada agora, pela sua vestimenta estava na cara que não viera aqui para seleção mas, quem era ela? Quando eu olhei no relógio, os dois minutos já tinham se passado, me aproximei e perguntei:

– Então, qual é a resposta?

Uma delas responde.

– V-vamos com você, mas por favor, não nos mate, só queríamos uma vida melhor.

O fato de que pelo menos uma delas conseguia usar uma frase que eu tenha conseguido entender, já foi um ponto a favor.

– Vocês tem a minha palavra.

E quando elas estavam saindo, o Dave aparece com os olhos arregalados:

– O que foi agora?

– A moça... Ela escapou.

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