Capítulo 7

...ESCURIDÃO!!!...

Essa tem sido a minha única companhia certeira, não tenho uma noção clara de quanto tempo estou nesse lugar, tenho apenas uma pequena fresta na direção da porta onde consigo discernir o que é dia e o que é noite.

E nesse momento a ansiedade toma conta de mim, pois a fresta está escura, indicando que a noite chegou e talvez meu monstro venha aparecer.

Nunca fui uma criança medrosa, pelo menos o pouco dessa lembrança que tenho, assim como não me lembro muito dela, são poucos momentos que guardo em minha memória que ainda não se apagaram com o tempo, enquanto estou divagando nesses pensamentos, eu ouço um "click".

Nesse momento meu coração que até então estava normal, bate de maneira descontrolada pelo que me esperava e no momento em que ouço sua voz: "essa noite será especial e inesquecível minha doce coelhinha" Ele parece saltar do meu peito, sinto uma imensa falta de ar e se não estivesse acorrentada tentaria correr pela enésima vez para tentar fugir em vão da dor que me atingiria, meu coração já acelerado quase explode em meu peito devido ao pavor que estava por vir e com um grito de desespero eu acordo.

Foi apenas um um horrível pesadelo, estou pingando de suor e sem fôlego como se estivesse fugindo de alguém.

– Foi só um pesadelo... Isso acabou, não é real!

Esse tem sido uma espécie de "mantra" que eu uso toda vez que eu acordo assim, repito várias vezes, até me acalmar...

Me chamo Mila jordan tenho 24 anos e moro sozinha, não que eu não tenha tentado morar com colegas de quarto, mas é difícil morar com a pessoa que periodicamente acorda aos gritos durante a madrugada, então depois da quarta tentativa decidi que o melhor seria morar sozinha.

O lugar era um estúdio de música e fica no último andar de um pequeno edifício cuja uma gentil senhorinha é a dona, ela não queria alugar este espaço de jeito nenhum já que as janelas são pequenas mas para mim é perfeito já que eu poderia gritar e ninguém iria ouvir devido a sua acústica.

Tenho vivido bem até agora, o aluguel é muito baixo e condiz com a minha atual situação financeira, faço jornalismo mais por falta de opção financeira, meu sonho sempre foi fazer administração, mas consegui a bolsa integral para jornalismo na "academy school" e quem sabe mais a frente consiga realizar meu sonho.

Mas até lá, sigo minha vida trabalhando como garçonete, com o salário consigo pagar o aluguel e as compras essenciais, e com as gorjetas, guardo para conseguir algo melhor para mim.

Tenho uma amiga chamada Amanda, que faz o mesmo curso que eu e ela tem um namorado chamado Peter, os dois são incríveis e perdidamente apaixonados um pelo outro, o Peter sempre disse que me lembra da sua prima que foi assassinada quanto tinha 15 anos então ele me "adotou" e sempre se preocupa comigo, embora eu não tenha pais, com eles eu nunca estou sozinha.

E mais um dia se inicia na lanchonete, assim que eu chego todos me cumprimentam e já dou de cara com a Amanda:

– Oi pessoinha, Ih! pelo jeito teve outro pesadelo né?

– Como você sabe?

– Seus olhos não me enganam, você precisa de ajuda amiga, isso não é vida não.

– Ah! não é nada demais, não se preocupa.

– NAO SE PREOCUPA? Amiga, eu morei com você por duas semanas e quase tive um infarto todas às vezes que você acordava no meio da noite, aliás até defunto ressuscitaria com aqueles gritos.

– Ai que exagero...

– Eu gravei você e você viu que não tem nada de exagero nisso.

Infelizmente ela tem razão, aquilo era horrível, mas eu não quero ficar relembrando isso, uma hora isso vai ter que sumir, e até lá vou continuar com meu trabalho.

Na hora do almoço a Amanda me procura para ficarmos juntas

– Você soube que tem um figurão na cidade?

– Não

– Ai credo! Que jornalista você é, hein? não é a toa que tá quase perdendo a bolsa.

– Ah, droga! Eu sei, preciso fazer algo.

– Ora miguxa! Já que você falou, eu tenho uma ótima ideia.

– Ai ai, vê lá o que você vai fazer, hein?

– Aff, que estresse hein? Quando que te deixei numa furada?

– Você quer que eu fale em ordem alfabética ou em ordem cronológica?

– Ah, cala a boca e escuta, sabe esse gigante do mundo empresarial que eu falei? Então, ele vai se hospedar no hotel "Vintage" que eu soube que também é dele, inclusive, você só precisa ir lá e entrevistá-lo.

Ainda toda empolgada, ela continua...

– Você só precisa fazer perguntas ligadas a profissão, tipo: segredo do seu sucesso, mas nada de pergunta pessoal será bem rápido e objetivo, já está até marcado, será às 14:00 hrs .

– Mas está quase em cima da hora sua doida, não vai dar tempo nem de me trocar.

– Só troca a camiseta e tá bom, ninguém vai ligar.

– Tá maluca? Como assim e essa mini saia?

– É só uma entrevista e não um concurso de modelo, você tem que tentar pra poder conseguir a nota pra passar, você sabe que tá por um fio.

– Ai ai, pior que eu sei, isso é o que dá estudar algo que não gosta e que não leva jeito.

– Eu sei miga, mas seria uma tolice e desperdício de tempo e energia se você desistisse agora, na reta final do curso.

– Nisso você tem razão, embora não pensasse em largar duas vezes se eu conseguisse o curso que eu quero...

Não posso negar essa ajuda que estou tendo, mas ir de garçonete... Não é algo que se espera de alguém que vai entrevistar um figurão, mas seja o que for não estou com bom pressentimento quanto à isso.

Como eu imagino que seja a Mila.

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