capítulo 18

Acordamos e já era quase noite. Eu estava deitada em seu peito, respirei fundo e ele também.

— Nós vamos dar um jeito. — Digo, enquanto ele acaricia meu cabelo.

— Amanhã e todas as noites, nós vamos treinar.

Eu sorri em concordância, mas minha mente adormece novamente e sinto o pânico chegando. Tento controlar minha mente, mas já é tarde; meu corpo está flutuando sobre a cama. Dessa vez, parece que consigo ter consciência do que está acontecendo. Movo meu corpo para ficar em pé, e Filipe está ao meu lado. Juntos, somos puxados para um momento específico no futuro.

— Sara, por favor, para…

Vejo-me em uma luta sangrenta entre eu e Miguel, enquanto Filipe está sob o domínio de Sara. Ambos não entendedemos o que está acontecendo. Então, a mariposa congela a imagem, e ficamos suspensos no ar. Eu tinha esquecido de mandá-la embora.

— O que é isso? — pergunto, olhando para ela.

— Uma projeção sua, alguns dias à frente. — ela responde.

— Como sei que isso não é uma mentira sua?

— Lua, quanto mais vingança você buscar, mais esse destino se aproxima. Não se trata apenas de lutar por liberdade, trata-se de lutar pela sobrevivência.

— Não entendo... — Olho para Filipe, e ele parece não ver o que vejo.

— Existem muitos futuros, mesmo que não liberte Sara, ela encontrará uma maneira de escapar...

— Que tipo de mariposa é você?

Sou puxada de volta para o quarto, e Filipe está deitado. É como se eu tivesse sonhado.

— Tudo bem? — Ele pergunta, acariciando meu cabelo.

— Filipe, é possível projetar imagens falsas em nossas mentes? — Ele me olha surpreso.

— Teria que ser um cálic muito poderoso para influenciar pensamentos e projetar imagens. — Me sento na cama.

— Izaly... — Pauso, pensativa. — Acho que já sabem sobre mim. E a mariposa que sempre aparece, querendo algo ou me alertando sobre algo.

— Mariposa?

— Sim, cada uma de nós ganhou um animal representando nosso objetivo. — Ele se levanta às pressas.

— Não existem animais, Lua, existem cores. Para diferenciar o potencial, o seu é marrom, porque é mais forte que as outras. — Meu coração para. — Olhe para mim. — Olho e fico muda. — A mariposa não existe, estão influenciando seus pensamentos.

— Quem? Izaly? Ela é a única poderosa para isso.

— Acares criou eles, ela pode fazer isso também. Temos que sair daqui.

— O quê?

Uma explosão se choca contra a parede do meu quarto. Nós dois nos jogamos no chão, enquanto as pedras voam para todos os lados.

— Vamos...

Filipe segura minha mão, mas não sei para onde vamos, mal sei usar meus poderes aqui.

— Faça o que eu fizer, concentre-se…

Meu coração acelera, quase saindo pela boca. Ele pega minha mão e vários galhos começam a surgir do chão, junto com pedras, formando uma espécie de escada sobre a montanha. Eu corro entre as pedras no ar, usando minha telepatia por pura sorte, para desviar das rochas que vêm em nossa direção, enquanto Filipe forma um escudo com galhos à nossa frente. Bolas de fogo envoltas em água são lançadas em nossa direção, causando um impacto maior e nos derrubando no topo da montanha.

Levanto-me rapidamente, pronta para atacar. Olho ao redor e vejo que estamos cercados por todos os lados: Miguel, Kaleb, Izaly e a maldita deusa do caos nos observam.

— Achou que não notaríamos sua espécie entre nós, querida? — Ela fala, passando à frente.

— Achei que para uma deusa você não seria tão sagaz. — Digo, sorrindo. — Me atacar diante de todos.

— Todos quem? Acha mesmo que eu não tomo providências? Você foi uma pessoa que eu deveria ter cuidado pessoalmente, ao invés de confiar no meu soldado mais leal.

— Soldado leal? — Encaro Miguel. — No que eu pergunto, Deusa medíocre? Em criar raças mais poderosas a seu pedido, tendo um filho com Izaly? E Izaly tendo outro com Kaleb, quando suas regras dizem que não pode existir laços entre espécies. — Ela está em minha frente num instante, como um passe de mágica, passa sua unha por meu rosto.

— Pobre criatura ingênua, buscando liberdade? — Ela ri. — A liberdade é apenas uma ilusão, cara Lua. Vocês sempre estão presos a algo, ou alguém. Os humanos sempre presos à ganância, todos aqui sempre buscam algo. Então, não existe liberdade, existe o que lhes dou.

— Por isso tapou a boca da Sara? Porque ela é uma ameaça pelo que representa? — Ela me estapeia, e minha boca tem gosto de sangue, mas sorrio. — A humana que desafiou você ao ter entendimento do que você não pode destruir, mesmo sendo uma deusa, tem suas limitações. Colocou a terra ligada à Sulgá, porque sabe que mesmo com toda a ganância que os humanos têm, eles estão sempre em evolução, por isso salvaram o planeta, mesmo que muitos tenham morrido no processo.

Acho que a irritei, já que ela me levanta no ar, fechando os punhos aos poucos e me causando uma dor absurda, mas não demonstro. Ao invés disso, sorrio, um sorriso manchado de vermelho.

— Só isso?

Ela pressiona o punho com mais força, e agora não consigo evitar o grito de dor. Vejo Filipe, mas faço que não com a cabeça. Ele não me escuta. O vejo acertar a deusa com uma raiz enorme que brota da terra, e Miguel tenta impedi-lo. Estou causando uma guerra. Miguel ataca Filipe e eu caio no chão com o momento de distração da deusa que me torturava.

— Não pode atacá-la... — Miguel o joga longe, fazendo-o bater em algumas rochas da montanha.

— Vai mesmo matar seu filho? — Filipe se levanta com a mão na costela.

— Você não é meu filho, é um traidor.

Vejo o ódio de Miguel em relação ao próprio filho, e fico cega ao vê-lo partir para cima de Filipe sem piedade. Então, sinto o mesmo ódio, e sou uma calic. Num instante, estou na frente de Filipe e acerto Miguel com toda a minha força, fazendo-o voar longe, dominada por uma fúria assassina. Meu corpo inteiro está coberto por uma aura marrom, meus olhos com o círculo laranja. Vou para cima dele e o ataco, com um golpe de sorte, já que ele parece desnorteado. Ele acerta e volto para a mesma pedra em que Filipe está, esmagada como um lagarto na parede por Izaly.

— Não desiste, né, garota? Estamos em vantagem, não está vendo? — Tento me soltar de seu poder, mas é em vão. — Vai morrer como eles.

Então solto um grito de raiva seguido de uma explosão de poder. A copio, lanço bolas de fogo envoltas em água nela e a cerco com uma prisão de aço, sem dar tempo para ela reagir. Estou cansada, nunca lutei assim, mas estou cega por minha raiva. Então trago várias madeiras com pontas afiadas e aço e a perfuro toda, causando sua morte instantânea dentro da gaiola de metal. Em seguida, lanço várias pedras e lanças nos outros. Vejo o grito de Miguel e Acares ao ver Izaly morta e então acordo da minha raiva.

— Temos que sair daqui. — Filipe pega minha mão, ainda machucado. Estou machucada também. — Você acabou de matar uma primordia.

Layla surge do nada, abre um portal e nos joga numa floresta na Terra. Então desmaio.

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Comments

Davi Ramos

Davi Ramos

o pau tá quebrando...

2024-04-01

0

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