Capítulo 3

Com a criação das duas novas espécies, Sara não previu que colocaria não apenas sua vida, mas a de todos os humanos à beira da destruição. Suas criações começaram a se multiplicar, espalhando-se como uma doença incontrolável pelo planeta. Vampiros e lobisomens proliferaram, causando danos e mortes incalculáveis entre os humanos. Era uma praga que se espalhava rapidamente, deixando um rastro de caos e destruição por onde passava.

Sara, percebendo que tinha ido longe demais, compreendeu o alcance devastador de suas ações. A praga que ela desencadeou resultou em incontáveis mortes e sofrimento humano. No entanto, ela atingiu seu objetivo: chamou a atenção da deusa do caos. A deusa, vendo a Terra contaminada pelo mal criado por Sara, decidiu intervir. Em um ato de purificação, a deusa levou consigo a Terra para limpar as impurezas causadas pelas maldições de vampiros e lobisomens. Foi um evento cataclísmico que alterou fundamentalmente o destino dos seres humanos e das criaturas sobrenaturais, marcando o fim de uma era e o início de uma nova ordem em Sulgá e na Terra.

A Deusa do Caos ficou furiosa com Sara, e sua punição seria severa, pois a morte parecia insuficiente para o tamanho do dano causado. A deusa decidiu exilar Sara, prendendo-a em uma caverna tão profunda e oculta que até mesmo os próprios guardiões de Sulgá não teriam conhecimento. Sara foi condenada a testemunhar vampiros e lobisomens matando humanos pela eternidade.

Antes de seu exílio, a Deusa do Caos, diante de toda Sulgá e, especialmente, na frente de Miguel, tirou a criança de dentro das entranhas de Sara e a implodiu diante de todos os habitantes. Ela anunciou que, a partir daquele momento, qualquer criança nascida entre dois seres de espécies diferentes seria morta, proibindo a existência de híbridos impuros. A deusa deixou claro que jamais aceitaria a criação de gestrices, especialmente entre humanos. Miguel, devastado, chorou ao perder seu filho e testemunhar a mulher que amava ser exilada nas profundezas do inferno em Sulgá.

Assim foram criadas as tropas de Sulgá, onde todas as espécies foram convocadas para formar exércitos poderosos. A deusa obrigou Miguel a comandar os Levitas, liderando a caçada aos seres impuros na Terra. A deusa, então, criou o Submundo em Sulgá, um lugar designado para a habitação de vampiros e lobisomens, restabelecendo a ordem em cada dimensão.

Para garantir a segurança e a ordem, a deusa do Caos apagou as mentes dos humanos que testemunharam o caos pela Terra, estabelecendo uma nova ordem em colaboração com os humanos e os habitantes de Sulgá, que agora eram responsáveis pela proteção dos humanos. A deusa decidiu tornar Sulgá o protetor da Terra, proibindo qualquer habitante de sair para a Terra sem um passe de liberação e um chip de rastreamento que ultrapassaria dimensões.

Além disso, a deusa, irritada com os humanos, determinou que todos aqueles que cometessem crimes graves na Terra teriam pena de morte, sendo executados por vampiros sedentos de sangue. Essas medidas rigorosas foram implementadas para manter a estabilidade e a harmonia entre as dimensões, assegurando que o equilíbrio fosse mantido e que os erros do passado não se repetissem.

Novas regras foram estabelecidas pela deusa. Ela permitiu que humanos selecionados compartilhassem conhecimentos com Sulgá e praticassem bruxaria, contanto que sua lealdade fosse exclusivamente para Sulgá.

Vampiros receberam a permissão de atravessar os portões uma vez por ano para caçar, mas tinham apenas uma hora antes do nascer do sol. Aqueles que capturassem durante essa caçada poderiam ser levados para Sulgá para colheita junto com outros vampiros. No entanto, essa oportunidade seria concedida a apenas cinco vampiros por ano, escolhidos cuidadosamente. A deusa acreditava que ataques eram necessários para lembrar aos humanos que eles não estavam no controle.

Por último, os lobisomens tinham permissão para sair uma vez por mês para se transformar durante a lua cheia, contanto que permanecessem na mata e não atacassem aldeias. Essas medidas foram implementadas para manter uma relação equilibrada entre as espécies e lembrar aos humanos que a harmonia dependia do respeito às regras estabelecidas pela deusa.

Por milhares de anos, meu pai contou que a maioria das espécies em Sulgá respeitava as regras estabelecidas pela deusa, temendo as consequências severas que viriam com sua quebra. No entanto, ao longo do tempo, alguns indivíduos se arriscavam a desafiar essas normas, muitas vezes resultando em execuções públicas conduzidas por Miguel e os outros guardiões. Segundo meus pais, Miguel tornou-se impiedoso ao longo do tempo, eliminando indiscriminadamente todos que desafiavam a ordem estabelecida. Ele se tornou a figura mais poderosa e temida em Sulgá, onde sua autoridade era inquestionável, e ninguém ousava desobedecer suas ordens.

Entretanto, meus pais encontraram amor um no outro, conseguindo manter seu relacionamento em segredo. Esse segredo foi mantido até que minha mãe descobriu que estava grávida. A notícia da gravidez colocou a vida deles em risco, pois Miguel estava determinado a eliminar qualquer ameaça à pureza das espécies em Sulgá. A notícia de sua fuga espalhou-se rapidamente, e toda Sulgá estava em busca deles. Para escapar da caçada de Miguel, eles decidiram evitar o uso de seus poderes, o que significava retirar os chips de rastreamento de seus pescoços.

Para realizar essa tarefa perigosa, eles fizeram um acordo com um vampiro, oferecendo-lhe a liberdade em troca de arrancar os chips com uma mordida. O vampiro, ávido por escapar de Sulgá, controlou-se o máximo possível e conseguiu retirar os chips, liberando meus pais do rastreamento. No entanto, eles revelaram que o vampiro que os ajudou foi logo morto por Miguel, que os perseguia incansavelmente. Por causa desse evento, meus pais alertaram que eu jamais poderia utilizar minhas habilidades entre os humanos, pois isso colocaria em risco minha segurança e atrairia a ira de Miguel. No entanto, como vocês já sabem, eventualmente perdi o controle, resultando na morte deles e me deixando sozinha na Terra.

Agora que desvendei os segredos e as origens de Sulgá, é hora de compartilhar como minha jornada se entrelaçou com a do Filipe e como me vi à beira da morte nas mãos impiedosas de Miguel. Mesmo que o medo do guardião supremo ecoe em todos os cantos de Sulgá, inclusive em mim, a determinação de derrubar Miguel e aqueles que ceifaram a vida dos meus pais e mantêm Sulgá sob uma ditadura impiedosa permanece inabalável. Nem mesmo a deusa do caos será capaz de me deter nesse caminho que trilho para a vingança e a liberdade. Permitam-me narrar os eventos que culminaram na minha decisão de desafiar os destinos traçados e lutar contra o poder que ameaça a existência de Sulgá.

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