Capítulo 2

Acho que vou ter que começar pelo começo mesmo, para que vocês entendam melhor como a minha vida chegou ao estado onde perdi todos que amo, do porquê de estar aqui com mais ódio por todos ao meu redor. Meus pais me tiveram em Misiones, uma cidade próxima da Argentina, curiosamente localizada perto do portal de Sulgá, na Mata Atlântica. Quando eles fugiram de Sulgá, decidiram ficar por perto, pois era bem debaixo do nariz de Miguel, onde normalmente não é procurado.

Quando nasci, eu não sabia despertar os meus poderes. Minha mãe teve que usar seu poder em mim várias vezes para manter minhas emoções controladas enquanto bebê, para que eu não despertasse meu poder. Ela corria o risco ao usar seu poder, por isso o utilizava sempre que o portal era aberto, pois era mais fácil nos encobrir, deixando o poder agir a longo prazo. Minha mãe era uma Flixs poderosa, hábil em manipular o sistema, por assim dizer.

Meus pais evitavam a todo custo usar suas habilidades; usar uma só já era um perigo, mesmo que controlado. Eles conheciam os riscos. Às vezes, penso como seria se meu pai tivesse me treinado, me ensinado a usar minhas habilidades. Ser treinada por ele, um ex-general Calic que se apaixonou por uma Flixs no campo de batalha. A história deles me faz querer chorar. Tivemos muitos momentos bons juntos, e minha infância foi incrível, com pais maravilhosos. Por um descuido meu, perdi tudo.

Quando fiz dez anos, meus pais resolveram me explicar tudo. Como Sulgá surgiu, como funciona a outra dimensão.

Segundo meu pai, há eras atrás, durante um evento cósmico único, uma convergência de energias mágicas e astrais de múltiplas dimensões resultou na criação de Sulgá. A deusa do caos, então, se apropriou da dimensão formada e criou seres vivos para habitar aquele novo reino, buscando assim o equilíbrio. A dimensão Sulgá possui moradas dentro das montanhas, rios e cachoeiras, com uma abundância de vida animal, florestas exuberantes e rios serpenteantes. Meu pai descrevia as habitações como parte integrante das montanhas e também ao ar livre, como uma cidade mágica repleta de poder.

A deusa do caos, ao criar as espécies, moldou três:

Flixs - Guardiões da Mente:

Seres dotados de habilidades telepáticas e de controle mental. Os Flixs têm a capacidade de influenciar pensamentos e emoções, sendo guardiões da mente em Sulgá.

Calíc - Senhores da Força e Cópia:

Possuidores do poder da força e da cópia, os Calíc podem replicar habilidades especiais. Treinados corretamente, conseguem reproduzir qualquer poder, mas a sociedade opta por não os treinar devido ao perigo que uma espécie assim pode representar.

Levitas - Mestres da Mente e dos Elementos:

Poderosos seres cósmicos capazes de controlar não apenas as mentes, mas também os elementos naturais ao seu redor. Os Levitas exercem influência sobre fogo, água, terra e ar com o poder de suas mentes.

Miguel, o primeiro dos Levitas, foi moldado como quase um deus, tornando-se o guardião mais forte de Sulgá. Os outros dois guardiões são Izaly, uma Calíc extremamente poderosa com controle total sobre suas habilidades de força e cópia, e Kaleb, o Flixs. Esses três foram os pioneiros da espécie, designados como os guardiões supremos de Sulgá. A deusa do caos concedeu-lhes a responsabilidade de cuidar do reino. Embora todos os seres em Sulgá fossem imortais, a deusa ofereceu-lhes a escolha de terminar suas vidas quando considerassem apropriado, dando-lhes o controle sobre sua própria imortalidade.

Por um tempo, todos viveram felizes em Sulgá, sem conhecimento de outras terras. As espécies poderiam se reproduzir, desde que fosse dentro de sua própria espécie, uma regra estabelecida pela deusa do caos para manter a pureza de suas criações.

Entretanto, essa regra foi quebrada cerca de um milhão de anos após o surgimento de Sulgá, quando um dos guardiões descobriu um novo lugar com novas espécies: a Terra, onde humanos viviam em uma dimensão diferente. Miguel se apaixonou por esse novo mundo, mas foi alertado pela deusa a desistir de conhecer mais os humanos, pois eram imprevisíveis, desleais e oportunistas. Ignorando os avisos, Miguel se encantou por Sara, uma jovem de vinte e dois anos que passeava pela Mata Atlântica. Com cabelos loiros e olhos verdes brilhantes, ela possuía um encanto especial. Os dois iniciaram um romance, e mesmo com os alertas, Miguel levou Sara pelo portal a Sulgá, onde ela viveu pacificamente.

Entretanto, a curiosidade de Sara sobre Sulgá crescia, levando-a a explorar as cavernas e a buscar o conhecimento oculto nas escrituras proibidas. Miguel, alertando-a sobre a proibição desses registros malignos, revelou-lhe o acesso secreto às profundezas de Sulgá reservado apenas aos guardiões. Sara, aproveitando o amor de Miguel por ela, o convenceu a mostrar tudo, traduzindo as escrituras para seu entendimento. Sem perceber as consequências, Miguel inadvertidamente desencadeou um dano irreparável no mundo humano.

Ao retornar ao mundo humano, Sara decidiu colocar em prática suas descobertas de Sulgá. Descobriu que estava grávida, e seu filho seria um Gestrice, um híbrido entre duas espécies. O problema é que essa criança seria o filho direto de Miguel, um guardião, e uma humana. O impacto dessa união era desconhecido. Quando a deusa do caos percebeu a situação, ela trancou os portões, impedindo Sara de retornar a Sulgá. Essa medida também evitou que a criança ativasse suas habilidades. A deusa do caos desejava eliminar a criança para evitar sua existência, mas Sara, furiosa por não poder voltar a Sulgá e não ver mais Miguel, transformou-se no que hoje chamamos de bruxa. Utilizando os feitiços das escrituras das cavernas de Sulgá, que eram, na verdade, maldições, Sara lançou maldições sobre algumas pessoas ao seu redor, na esperança de chamar a atenção da deusa do caos. No entanto, seus esforços foram em vão até que o caos fosse verdadeiramente instaurado entre os humanos. Sara acabou criando duas novas espécies.

Vampiros:

Criados a partir das maldições lançadas por Sara, os vampiros eram humanos amaldiçoados pela sede insaciável de sangue. As maldições transformaram suas vidas, concedendo-lhes imortalidade, força sobre-humana e a necessidade de se alimentar do sangue dos vivos para sobreviver. A exposição ao sol era fatal, e eles eram noturnos por natureza. Sara, ao criar os vampiros, inadvertidamente concedeu-lhes habilidades sobrenaturais, tornando-os seres da noite temidos por sua fome e letalidade.

Lobisomens:

Outra criação de Sara, os lobisomens eram humanos amaldiçoados pela transformação em feras durante as noites de lua cheia. Sob o brilho do luar, eles perdiam o controle sobre sua forma humana, assumindo a forma de lobos gigantes e ferozes. A maldição era transmitida por meio de mordidas ou arranhões, transformando outros humanos em lobisomens. A vida dupla dos lobisomens, oscilando entre a humanidade e a bestialidade, refletia a natureza imprevisível e caótica imposta por Sara.

Essas duas novas espécies, surgidas do caos desencadeado pelas maldições de Sara, habitavam o submundo e viviam à margem da sociedade humana. As maldições, inicialmente lançadas como um ato de vingança, inadvertidamente deram origem a seres sobrenaturais que moldariam o curso da história tanto no mundo humano quanto em Sulgá.

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