Um rompimento inesquecível

Expliquei rodadas modificações possíveis que eu queria. O valor do vestido iria dobrar. Não vai pagar o tempo que gastei acreditando nessa palhaçada dele, mas que vai sentir a dor no bolso, isso vai. Sei que me perder mais será nada mais que um detalhe para ele. Então, vamos mirar onde vá sentir. Por fim, troquei todos os dados da compra, colocando o querido Caio como comprador.

— Obrigada! — Agradeci antes de beber na boca da garrafa, surpreendendo as funcionárias da loja de vestido. Não pude deixar de suspirar com aquela situação — Ahhhhhh!

— A senhorita está bem?! Será que apertei demais o espartilho? — Luiza perguntou preocupada com minha reação exagerada. Se ela soubesse que o menor dos meus problemas era esse espartilho horroroso que pedi para adicionar. Devo estar com a cara de poucos amigos. Não sou boa em esconder meus sentimentos. Toda situação era horrível.

— Sim, eu estou bem. Já terminou? — perguntei me olhando no espelho enorme que estava na minha frente. Segurando de um lado a garrafa de champanhe e do outro, um buquê com as flores favoritas de Virgínia. Eu sei. Uma enorme piada. Me sinto um pouco burra de não ter percebido esse pequenos detalhes, acho que a gente realmente fica cega quando gosta de alguém.

— Sim. O que achou? — Luiza perguntou com aquele sorriso de vendedora que vai tentar te enfiar o máximo para você gastar dinheiro, mesmo que não combine com você. Faz parte. É o trabalho dela. E quem vai pagar não sou eu mesmo.

— Quantas pessoas que usaram os vestidos de vocês estão juntas até hoje? Quero dizer, que o casamento aconteceu e não houve qualquer separação? — Questionei, tinha impressão que a fama da loja não seria a mesma depois do show que eu estava preparando.

— Bem, para ser sincera, não temos esse número contabilizado. Ninguém noiva pensando em se separar, não é? Muito menos liga para loja para contar que seu casamento deu errado. Por isso, é difícil contabilizar essa estatística, Mas posso afirmar sem medo, que está é a melhor loja de vestidos de noiva do país. — Luiza respondeu confusa com minha pergunta, mas ela estava certa. Era a loja com os vestidos mais caros.

— Entendo. Faz sentido. Então vocês vão sobreviver a qualquer possível crise que venha a surgir. Desejo boa sorte. Dizem que bons empresários transformam a tempestade em bonança. — Falei antes de puxar a cortina que dividia o quarto.

Ao abrir a cortina, me deparei com Caio, sentando muito elegante, com as pernas cruzadas tomando um champanhe. Seu cabelo estava molhado e o terno que usava era diferente. Que nojo.

— Que noiva maravilhosa eu tenho aqui. Eu tenho mesmo muita sorte de ter encontrado você. — Caio levantou do sofá na mesma hora que me viu, se aproximando de mim com um enorme sorriso. Como alguém pode ser tão falso?

— Você gostou mesmo? — Perguntei sem acreditar que alguém poderia mentir tão descaradamente olhando nos olhos da outra pessoa.

— Você é linda! Esse vestido ficou ótimo em você. Sinto que foi feito exatamente para minha querida noiva. Não há ninguém tão linda quanto a mulher que eu amo. Não podia ter escolhido melhor a pessoa que passaria o resto dos meus dias. — Caio respondeu sem hesitação. O que era óbvio que era uma mentira. O vestido estava uma bagunça. Nada estava combinando. Havia muitos babados, rendas, paetê, brilho, ouro e até pedras. Um carnaval de vestido.

— Jura? — O ódio tomou conta de mim. Pensei que meu cérebro havia pregado uma peça em mim, mas não. Caio realmente fingia bem que eu era especial para ele. Não fui eu que fechei os olhos. Esse descarado que é um ator de primeira.

Me aproximei dele consumida pela raiva, virei todo o champanhe que ainda tinha na garrafa na sua cabeça, antes de bater com o buquê de flores na cara de com toda força que eu tinha, seu rosto até virou.

O vestido estava dificultando minha mobilidade, usando minhas duas mãos, rasguei toda lateral da saia do vestido e arranquei tudo que estava pendurado. Joguei tudo em cima do sofá que Caio estava sentado, afinal, pode não ter ficado bem no vestido, mas havia sido trabalho daquelas pessoas, não podia desrespeitar.

— Bem melhor agora! — Falei enquanto ajeitava os meus cabelos em um espelho.

— Querida? O que você está fazendo? Isso é alguma pegadinha ou brincadeira? Não entendo. — Caio me olhou pasmo cuspindo pétalas que haviam entrado em sua boca. Não tinha como não rir da cara que ele estava fazendo. Era uma cena maravilhosa de se ver. Por sorte, haviam muitas pessoas filmando, eu poderei assistir várias vezes.