Primeira regra

— E qual é a sua resposta? E como espera que eu assuma a responsabilidade pelo pedido de casamento? — Achei melhor não criar expectativas, assim a probabilidade da decepção era bem menor. Aprendi ao longo dos anos que não devo esperar nada de ninguém.

— Depois prometer bagunçar a minha vida, achei que estava brincando comigo, mas hoje quando acordei tinha 20 reais e uma cama vazia. Antes de chegar no trabalho, eu estava com o celular lotado de mensagens de jornalistas querendo saber sobre o nosso casamento. E para fechar com chave de ouro, minha mãe estava me esperando no meu escritório para pedir explicações e demonstrar o seu descontentamento, foi bem incisiva com o fato de ser contra. Você é muito boa no que faz. Acredito que nunca encontrei ninguém tão caótica. — Alexandre explicava sorrindo, não parecia nenhum pouco incomodado. Conseguia até imaginar a cara dele quando viu que estávamos na capa do jornal. E a mãe dele? Posso ter uma ideia do show, até Gleice já estava sabendo.

— Isso quer dizer que você gostou? — Pessoas normais não iriam gostar, mas Alexandre claramente não era normal.

— Você conseguiu bagunçar lugares interessantes. Sendo assim, eu vim até aqui para informar que aceito a sua proposta. Você me fez enxergar que algumas coisas em minha vida precisam de uma bagunçada. Tenho que te agradecer. — Alexandre respondeu sem nem me olhar, continuava andando. Definitivamente, encontrei alguém mais louco do que eu — O que faz aí? Vamos indo. O restaurante vai acabar fechando. Ou será que mudou de ideia? Se tiver, não tem problema, você pode sempre se converter em minha cunhada.

— Entendi. Entendi. Vamos. — Respondi receosa. Não sei explicar, mas tinha um mau pressentimento sobre aquilo. Não está sendo fácil demais? E tinha algo que Alexandre não sabia. — Eu prefiro não comer com outras pessoas.

— Você é realmente uma caixinha de surpresa. Então serei o primeiro? Você terá que almoçar comigo para pagar o constrangimento que causou em mim. Temos uma lista imensa, na verdade, de atos questionáveis seus. Me beijou sem consentimento para provar a sua irmã. Postou artigos que podiam afetar a minha imagem sem um pingo de pena. Além do resto da noite inteira. — Alexandre insistiu parecendo decidido.

— Podemos encontrar outra forma de fazer isso que não seja comendo? — Não tinha como eu não ficar nervosa. Havia um detalhe da minha vida que poucas pessoas sabiam.

— Não. Essa será a primeira regra para que esse casamento prossiga. Você terá que comer comigo. Para quem fez tudo que fez ontem, um almoço não será nada demais não é? — Alexandre insistia na ideia do almoço. E eu não podia negar, afinal, o pior eu já havia conseguido, ele aceitou se casar.

Perder tudo por causa de um almoço não fazia sentido. Estava claro que esse homem não era do tipo que aceitava um não como resposta. Deve ter tudo nas mãos. Afinal, todos sabem o quão amorosa é sua família com ele e como todas as mulheres costumam se jogar aos seus pés. Não tenho nem uma justificativa descente para não aceitar.

— Então, eu que vou escolher o lugar que iremos comer. Já que você insiste tanto nesse maldito almoço. Vem comigo. — Chamei. Se eu não.posso fazer ele desistir da ideia do almoço. Ao menos, tentarei tornar o mais confortável possível para mim. É a única opção que me resta.

— Claro, querida noiva. Será exatamente como diz. Apenas precisamos sentar em um lugar com comida e uma boa paisagem. — Alexandre tinha o sorriso de quem estava aprontando. Eu tinha certeza disso, mesmo assim, decidi apenas aceitar a ideia.

Caminhamos a pé até o restaurante, ofereci para irmos de carro, mas Alexandre foi totalmente contra. Argumentou que seria divertido caminhar até o restaurante. Como diabos caminhar no sol, em pleno lindo do meio-dia, pode ser divertido? Mesmo sendo inverno, ainda é bastante quente. Será que esse homem bateu a cabeça quando era pequeno.

Ignorando o fato que quase cozinhei antes mesmo de chegar ao restaurante. Eu tinha certeza que Alexandre estava aprontando algo, era completamente óbvio, mas não esperava de forma alguma o que veio a seguir.