Primeira batalha

Enquanto Luiza me conduzia até o lugar que estava meu vestido, lembrei do momento em que Caio se aproximou de mim pela primeira vez, antes disso só havíamos cumprimentado um ao outro por educação. Naquele fatídico dia, eu estava trancada no meu quarto muito triste na época, havia sofrido bullying na escola por ser adotada. Óbvio que foi Virgínia que começou o boato e logo todos estavam sabendo, não que fosse mentira, mas usavam essa informação para me atingir e me humilhar. Riscando minha cadeira, rasgando meus cadernos, deixando bilhetes ofensivos na minha bolsa.

Como se eu fosse menos humana por ter sido abandonada por meus pais. Que culpa eu tenho de ter nascido de pessoas ruins? Deveriam está atacando quem deixou uma criança pequena em uma caixa de sapato na frente de um orfanato, sem deixar qualquer informação.

Voltando ao dia que tudo começou. Depois de ter passado um inferno na escola, como qualquer filho, contei ao meu pai, mas em vez de ser acolhida, como eu esperava, meu pai me colocou de castigo, por ter apontado Virgínia como causadora de toda situação na escola. Foi nesse momento que recebi uma mensagem no meu celular, era de Caio, ele me enviou um link de uma série para me distrair e me animar um pouco. Na época, eu achei estranho que sabesse o que eu estava passando, já que estudávamos em colégios diferentes e pouco tínhamos contato, só quando vinha ajudar sua mãe, que era uma empregada de nossa casa, mas só a acompanhava esporadicamente.

Pensando bem, desde o começo deve ter sido Virgínia que planejou que ele se aproximasse de mim em um momento que eu estava vulnerável. Teria um momento melhor para me conquistar? Uma adolescente que estava rejeitada por sua família e não se encaixava na escola? Era esperado que eu me apegasse à única pessoa que me ouviu, se importou comigo e esteve ao meu lado. Definitivamente, a carência foi minha maior inimiga.

— Aqui está seu vestido. Vou te ajudar a colocar ele. — Luiza disse com um belo sorriso de quem já tinha a comissão do mês garantida com aquela venda. — Todos os sites de fofoca só falam sobre esse seu casamento. É o evento do ano. Estão chamando de " A princesa e o sapo". Não é sempre que a herdeira de um grande conglomerado escolhe casar com o filho de um emprego. Sinto que seu casamento ficará para história. Como um conto de fadas.

Sendo sincera, era um pouco inesperado esse casamento. Afinal, a filha do presidente de um grande conglomerado se casando com o filho da empregada era surreal para todos, mas eu era tratada como uma órfã até mesmo pela mídia, a caridade da família e nada mais. Então ninguém se opôs ao meu casamento. Falavam que éramos um casal perfeito unidos pelo destino, com um tom de maldade, óbvio. Dói saber, que Caio foi o único capaz de aquecer meu coração, mas como uma grande piada do destino, ele amava minha irmã, não a mim.

— Sério? A definição "Sapo" realmente combina com ele. — Ao menos, posso alegar que meu príncipe, na verdade, era um sapo, mas só descobri depois do beijo apaixonado dele com minha irmã, não foi nem com o meu.

— Senhorita Alice, seu noivo chegou, está esperando aqui do lado de fora. Aqui está seu champanhe — A recepcionista entrou na cabine onde eu estava segurando uma bandeja com uma garrafa aberta dentro do gelo e duas taças.

— Sério? Isso é perfeito. Aliás, qual é o valor desse vestido? — Para ser sincera, esse vestido não combinava com meu estilo e nem me valorizava, mas o que eu deveria esperar daquelas corja de cobras?

— 166 mil, sua madrasta disse que você não gostava de esbanjar, então pediu que fosse um vestido luxuoso, mas também o mais simples possível. — Luiza explicou olhando para um tablet que deveria ter as informações.

— Poderia me fazer um favor? Queria acrescentar algumas coisas antes de mostrar ao meu noivo o vestido. Mudei de ideia. E quanto ao pagamento, também farei uma mudança. Meu noivo decidiu que seria dele que estaria responsável por esse pagamento. — Vamos começar a vingança pelo bolso. Como será que ele vai se livrar disso recebendo um salário mínimo?